segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Depressão e o mundo atual

Recentemente escrevi um Artigo de Opinião sobre a relação que o mundo com suas adversidades, no contexto atual representa na manutenção de nossas faculdades mentais em seu estado de, por assim dizer, sanidade. Nesse mesmo texto eu expressava a árdua luta que o doente de Depressão (Transtorno Depressivo Maior, no jargão psiquiátrico) enfrenta para tentar por equilíbrio em sua vida e ter assim uma avaliação do mundo e de si mesmo, a partir de uma visão saudável. Em nossa busca por respostas rápidas, acabamos por procurar a solução para esses transtornos psiquiátricos na terapia medicamentosa, sem sequer tentarmos as práticas naturais ou também conhecidas como práticas alternativas, para alcançarmos o estado de equilíbrio que nos permita retomar a condução de nossas vidas.
Como se fossemos um automóvel descendo uma ladeira desgovernado, talvez não seja suficiente simplesmente puxarmos o freio, mas sim saber o que fazer depois que frearmos para não piorarmos a situação e cairmos para bem longe da estrada, ou caso consigamos parar o automóvel ficarmos sem saber como ligar ele novamente para dar partida em nossas vidas. A Depressão é uma doença silenciosa, assim como o câncer, pois não seremos avisados quando o automóvel vai começar a desgovernar, quando recebemos o alerta - que poder partir de nós mesmo, ou de algum familiar que conosco vive - esse automóvel já estará prestes a causar grande estrago aos outros e a si próprio, isto é, nós mesmos. Alguns, no meio do desespero e vendo que não irão dar conta de parar o automóvel desgovernado, acabam por explodir o automóvel, numa medida única e radical de acabar com o desespero seu e dos que o cercam.
Difícil dizer qual a melhor saída. Não desistir é uma opção a ser pensada e avaliada. Falar em acreditar quando tudo é absurdo soa paradoxal. É preciso pensar que um dia esse mesmo automóvel já trilhou por caminho mais fácil, já subiu e desceu outras ladeiras sem estar assim desgovernado, sem causar dano a si e ao outro, e que esse estado pode ser restaurado, e que o prejuízo já causado, avaliado, consertado no que for possível, e no que não for, lamentado. Desistir é uma opção que só afirmar o que já sabemos. A luta, a persistência, é onde reside o mistério e talvez a resposta daquilo que procuramos. Os meios, a medicina moderna - tradicional, ou mesmo a medicina alternativa - milenar, quem decidirá será o próprio paciente. O importante é que com uma dessas alternativas (ou até as duas) aprenda a parar o automóvel desgovernado e retome o seu controle sem ficar totalmente inerte. Se não puder novamente expressar alegria, que ao menos possa expressar ternura diante da vida.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Sombra de si mesmo

Na solidão eu não sou nada, nem ninguém
Na solidão ninguém me tem
Eu separo um pequeno pedaço do meu tempo
E mergulho em mim mesmo...
Esse que vai todos os dias para o trabalho - ainda não sou eu
E quanto pensa só estar repetindo
Aquilo que não vive.
Suspeita que vê uma sombra à noite
E liga a TV para poder dormir
E se você ver, pensaria até que é sério
Não sabe porque guarda tanto mistério
Sem solução eu mergulho no contexto
E me esqueço em você algumas horas...
Tento em vão controlar os meus anseios
Tento entrar em meu caminho
Tento caber na roupa que me deram
Ver o mundo com novos olhos
Sentir mais, sentir o mundo...
Mas essa sombra que vejo a noite
Essa sombra é sombra de mim mesmo...
Não é fácil viver em mundo insano
Sendo uma sombra de si mesmo,
Sendo uma mentira, um erro
Um nada embriagado de vácuo
Um olhar vazio na frente do espelho...

sábado, 7 de junho de 2014

T.D.M.

Sem ânimo de comunicar...
Chuva dolorida aqui dentro;
Interna falta de ar;
Sem esperança nem para a morte.

Deixa, o mundo está resolvido,
No embaraço de um mundo doentio.
Deixa, não há o que ser feito
Contra o mundo de um louco.

Pensamentos, onde estarão?
Quem os poderá descobrir?
Quem os poderá entender?
Relembrando os aposentos vazios...

Relação bioquímica mortal;
Síndrome arrasadora -
Teu nevoeiro me sufoca;
Reprime até mesmo o meu choro.

Cinco critérios te definem -
Põe em xeque toda uma vida.
E, apesar de todo telhado,
A chuva continua a cair aqui dentro...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Voegelin - Santo Agostinho - Nietzsche - Para que a filosofia? - Corrupção Intelectual

               
Reflexões Filosófica - Eric Voegelin
Ao ler o Reflexões Filosóficas de Voegelin, pela É Realizações, minha conclusão, aberta é claro, é que foi proveitoso rever certas considerações acerca da filosofia, como a questão da corrupção intelectual, já elaborada anteriormente por Nietzsche, sobre um outro viés, em Genealogia da Moral; também foi elucidativa a noção de Voegelin dos motivos pelos quais filosofamos, com exceção da forçosa relação da filosofia com o eterno, com o imperecível.
              Cada filósofo ao explanar sua filosofia em determinado contexto, de acordo com Voegelin, está de certa forma atrelado a esse contexto, e suas idéias para serem de fato atendidos necessita da inclinação do interlocutor até o momento da sua produção, levando ainda em consideração a gama de acontecimentos passados que concorreram para a possibilidade da ideia no presente. Ora se existe essa relação, esta forma de aprisionamento no tempo, como pode então Voegelin consistir em considerar o trabalho filosófico de determinado filósofo como algo imperecível, ligado ao eterno? Certamente, para nós, Platão por exemplo, perdura no tempo, pois até hoje é facilmente citado e ainda muito estudado. Mas Platão segue preso à Hélade, aos seus discípulos, ao seu mestre Sócrates, a política de seu tempo, à mitologia dos gregos antigos, e tudo que está relacionado à contextualização do seu pensamento. Sem esse esforço, estaríamos sendo desonesto conosco, com os outros e com Platão, no plano intelectual, chegando à própria corrupção intelectual de que trata Voegelin, e a qual se inclina para criticar.  Não estaria o filósofo alemão criticando nesse aspecto ele mesmo? Vejamos, podemos admitir que Voegelin esteja certo quanto a contextualização do pensamento filosófico no tempo, Mas daí para relacionar o pensar filosófico ao divino e ainda ao eterno, já ultrapassa em muito o sentido lógico. Não obstante, por que não considerarmos então Eric Voegelin um místico? Só assim poderíamos compreender a relação especial de seus pensamentos, e acreditar não ser isso
Eric Voegelin
charlatanismo barato filosófico. Quando Voegelin abre para falar de Hegel e Marx, alegando que todo filósofo diante da falta de solução para os problemas filosóficos acaba por criar sistemas, éticos ou morais, ele, o próprio Voegelin não deixa de fazer diferente, e de escrever seu ceú, seu inferno e apocalipse. Então quem ele está de fato criticando? Se não consegue alcançar uma outra solução, se só cobre a solução de seus antepassados de um novo véu, para ludibriar os desavisados pensando que encontrariam algo novo.
Para terminar, Voegelin associa a razão da filosofia à busca por situar o homem, traduzido por "Recuperar a realidade" ou "construir as categorias fundamentais da existência", pois bem Sartre já havia nos apresentado essa solução, e também Nietzsche, o que não é nada novidade. Também, Voegelin cita Santo Agostinho, em outros momentos de sua fala, se esquecendo do fato de que Sto. Agostinho nos ensina, muito conscientemente que a filosofia é a busca pela felicidade, ou beatitude, no termo agostiniano. Não vejo outra forma além dessa escolhida pelo Bispo de Hipona, de traduzir melhor a noção de filosofia e a busca tão árdua que se ingressa o filósofo!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Parede de Esmalte

Nessa insone madrugada,
Negra como o café que despejo cuidadosamente na xícara às seis da manhã
sem aqueles glóbulos translúcidos na orla do líquido em contato com a parede interna de esmalte, é claro!
Percebi, sem querer perceber, a minha vida afundando
Numa barquinha ingênua conduzida por um espírito covarde, bêbado, tresloucado
Afundando, afundando, afundando...
Como se resolve-se todos o problemas do mundo, do universo, da consciência e filosofias, e metafísicas e tudo
no simples ato de afundar.
Por que tudo pode poder parecer alguma coisa que não aquilo mesmo que parece?
Que há mais vida nas coisas que não são vivas, do que nesse ser: inerte, humano, terrestre...
capaz de viver num quantum de luz.
Ser obsoleto, futurista, nos três tempos, na morte.
Por que morrer, se já não tens onde ir?
Por que constranger-se por estar entre gente se nunca estivesse em parte alguma, oh, nascido do vácuo?
E não há gente, há apenas excesso.
Com efeito, todo excesso para mim é falta e toda falta solução.
Toda noite para mim é dia e na madrugada o verme rasteja em páginas amarelas
deixando apenas o rastro cintilante de uma coisa que não é nem talento nem brandura, nem mesmo desejo de ser, quanto mais o ser verme triste caótico.
Às seis da manhã começou a chover

Insipidez do Tempo

Insipidez do Tempo

Tempo que passas
Velho escasso!
Lembro-me no Paço
Onde podíamos contemplar.
Na hora vespertina,
Embaixo daquela árvore...
Será que te recordas?
A memória com o tempo atrofia;
E é certo que não temos mais tempo
Então, como lembrarás?
Não nos entristeçamos por isso;
Novos caminhos há de serem trilhados.
E você estará lá do lado de lá.
Se ao menos tivesse notícia sem ciúme!
Se ao menos pudesse conservar um pouco
Desse tão pouco que foi muito!
Mas não, não, não.
A vida é deixada aos pedaços,
Na morte as feridas cicatrizam
E de nós nada fica senão cansaços.
Cansaços de tentar vencer o invencível,
De tentar levar para casa o cinzeiro do bar
E ficar sempre sem ter onde depositar a cinza
Essas cinzas sem horas.

Versos Insones

Versos Insones

Torpor, insone madrugada:
O teu silêncio me salva!
E a mente ressalva,
Essa folha untada

De versos que nada são
Pelo absurdo de dizerem,
Que a morte se temerem,
Além das linhas restarão

Nessa tumba que é o crepúsculo;
Que me paralisa o músculo
Desejoso de escrever...

O
lho o céu e me espanto;
Fecho os olhos num amargo pranto,
Do medo de (não) ver...


Jailson Marangoni

Fevereiro 2006

sexta-feira, 14 de março de 2014

Entre Direito e Poder

Recentemente fiz uma leitura de Habermas, do livro Direito e Moral (Recht und Moral), uma reunião de duas conferências que Habermas proferiu, por volta de 1986, em que o filósofo discorre de forma eloquente e substancial sobre as formas dominadoras que estão por trás da ideia de Direito e Justiça. Habermas aponta as dificuldades de legitimidade e legalidade do Direito, que tenta por uma lado emancipar-se da Moral, deixando a cargo do legislador a formação das leis sobre à influência perversa do poder econômico e político,  enquanto que a diferenciação do Direito deste viés legislativo, em que o legislador recebe legitimidade por ter sido eleito pelo povo, cria uma esfera de direitos morais, atreladas a princípios que inviabilizam a aplicação simples e direta da lei. Estamos em face de uma dificuldade dialética em que por uma lado o Direito pode permitir a formação de Estados Ditatoriais por vias legitimas, como por exemplo a Alemanha nazista, e por outra  via o Direito pode permitir a proliferação de indivíduos que não se submeteram às normativas positivadas, por conta da observância de princípios do Direito, que tem por base à moral, e que permitem pelo modo como são constituídos e utilizados uma distorção hermenêutica capaz de absolver qualquer sujeito que se submeta ao devido processo legal.
E, para fim de conversa, até que ponto podemos chamar de legitimo o poder dado a um legislador de criar as normas, dentro do processo legislativo, partindo da eleição do mesmo pelo povo, quando sabemos que essa mesma eleição é atrelada à influência política, econômicas, de grande envergadura, capaz de transformar um palhaço em legislador? O fundamento da Justiça está na moral, naquilo que moralmente é justo, enquanto que a partir das normas criadas pelo sistema legislativo, nos deparamos com meras Hidras, absurdas, que sabe-se já de antemão tendem apenas a privilegiar alguns nichos em detrimento da maioria "burra".
Esta sensível e resumida explanação é apenas uma noção do que poderemos encontrar em Direito e Moral de Habermas, concluindo-se de forma evidente, que Habermas é leitura essencial para os operadores do Direito.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Terrorismo e Habermas

Jürgen Habermas, refletindo sobre o terrorismo, disse haver três modos deste: "guerra de guerrilha indiscriminada, guerra de guerrilha paramilitar e terrorismo global. O primeiro tipo é simbolizado pelo terrorismo palestino, em que o assassinato é geralmente praticado por um militante suicida. O modelo da guerra de guerrilha paramilitar é característico dos movimentos de libertação nacional e é retrospectivamente legitimado pela formação de um Estado. O terceiro, o terrorismo global, não parece ter metas politicamente realistas, a não ser explorar a vulnerabilidade de sistemas complexos. Nesse sentido, o terrorismo global em a menor chance de ser retrospectivamente reconhecido como defensor de reivindicações políticas."¹
Até que ponto podemos pensar assim como Habermas, e classificar desta forma o terrorismo, selecionando e descaracterizando um ato de outro para enquadrá-los nesses modelos? Terrorismo é terrorismo, no sentido de que a divisão de Habermas é meramente didática, no fundo, não representa nada. Afinal, o que o terrorismo nos põe é a vulnerabilidade de nossas vidas, e classificá-lo seria uma bobagem tremenda, ao cabo que o que de fato importa é estarmos diante de uma situação instável, ameaçadora, provocada pela atitude humana. É isso, e não a ideia de classificação que sobrepuja qualquer ação terrorista, sobretudo no que diz respeito à indiferença com que muitas vezes esses ataques são realizados. Por exemplo, o fundamentalismo islâmico é só uma faceta disso, não uma forma diferente das outras de terrorismo, diferente dos causados por Fidel Castro na tomada de Cuba, ou mesmo pelos exageros oficiais no Brasil, à época da Ditadura. Obviamente, não é indiferença para quem ataca, mas sempre para com o sentimento da vítima, que na maioria das vezes nada tem haver realmente com a causa protestada, reivindicada, vingada do terrorista. Continuo na lição do ilustre filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, com esse povo terrorismo não há o que se falar em diálogo, eles não querem dialogar, e ponto. E como Nietzsche, penso que a violência é uma condição fundamental, necessária para repelir certos atos terrivelmente mais violentos que o ato que repele. Então não digo não à violência, mas sim à violência injustificada, apesar de ser difícil de valorar isso, pois claro que o que pode estar sendo justificado para mim, pode ser um absurdo para outrem. Mas longe de mim, na maior das modéstias, querer contestar de fato qualquer pensamento de Habermas. Respeito-o profundamente, e é na medida desse respeito, que me permito comentar essa sua ideia de divisão do terrorismo. Mas ele não está errado, nem mesmo certo, é apenas algo a considerar.


¹ BORRADORI, Giovanna. Filosofia em tempo de terror: diálogos com Jürgen Habermas e Jacques Derrida; tradução Roberto Muggiati. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. pág. 68

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Desolation

? . My dismay is real or 'm bluffing so that they may have compassion on me ? It discouragement or even be tired ? What I did or what I failed to do to feel like this? Seeking solitude of the room , I lie in bed in the dark . Illuminated only by the light of the tablet , in silence , which I write in this moment I feel like everything is wrong, and I wish my daughter in the future when you think everything is going wrong , we learn that his father has also felt this way . I feel somewhat comforted by thinking so but deep down I know it 's all just an illusion. The fact that I could do to get out of that tight feeling embarrassed that smothers my chest ? How dare wonder what can I do if my whole body tells me to do nothing ? And probably nothing I did could actually solve this. So the deal is to take advantage and enjoy a depression since I have the faint spirit. Meanwhile sleep will taking over my tired eyes , but my troubled mind will not let me sleep . If you could smoke a cigarette now was the time ! Maybe I can still stand up and go drink a few shots of whiskey . But it happens that I have not eaten nadaainda , desdeque returned from work and being with my my empty stomach , would not be so good to drink . And since everything is useless , it would still be interesting to know why I suddenly do not kill ? Maybe finding the answer to this question I also find the key that will open the door of this desolation. Because I can only see exploitation , injustice , evil , and what I see is reality then I can not believe that things can improve . Neither is giving more to watch TV : watch the paper it's hard ! ! Only bad thing is happening ! ! It's assault, murder, theft , corruption , violence against children, the elderly , people who try to be the leading and only bucket of cold water on the head . The solution is to start all over again ... No, actually I only hoped that greater respect and consideration for some people , really ... maybe it was more than enough to not feel this way , but it seems so impossible , so difficult that today , so we just kind of gave up ... will lead my way alone!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Vazio da Existência - Niilismo - Ser Humano Podre

Desanimo Geral! Desanimo da Vida, das pessoas, de si mesmo, do mundo como ele é, do modelo econômico vigente, da modernidade. Asco, asco terrível! Só beber meu copo de Whisky até não compreender mais nada, ficar completamente dormente, e deixar o sono levar tudo para a vala de esgoto diário. Não posso mais com a própria vida, de tão enfestoado que me sinto. Vontade de sair por aí dirigindo de forma irresponsável um carro antigo ao som de The Doors até encontrar um abismo e mergulhar em um solo do Slash. Ficção Estúpida! Vou acabar ainda matando alguém, ou entrando em alguma casa de tão louco, e causar um transtorno tão grande, que passo a vida a tentar me desvencilhar dele!!! Niilismo absoluto, absurdo de existir! Vida burocrática dos infernos! Não quero mais nada, e o Ser Humano é podre.Tenta me falar da Revolução, da mudança geral, do progresso, das melhorias... nada me emociona, nada me empolga mais, no fundo, é só mais do mesmo! Do Amor então? Não, é tudo estratégia, preparação, armação, novidade, vaidade... É como se existisse um buraco em minha cabeça, que escoa toda a existência, deixando apenas o vazio! Céus, o Vazio!!!  O Vazio da Existência, de saber que Nietzsche estava certo, de saber que por mais que rastejamos, suplicamos, nos esprememos em compartimentos miseráveis, devotamos, lutamos e gritamos mais alto do que nossos pulmões possam suportar, tudo é o mesmo, nada muda, e no fundo, não podemos fazer mais nada, a não ser viver como as mariposas em volta da lâmpada. Não venha me falar de depressão, porque nenhuma depressão pode ser maior que a certeza de estar vivendo uma vida de ficção, uma vida carregada de ordem que não conduz a nada, não leva a nada, só onde todo mundo já foi, já chegou, já esteve. Deus? A única coisa que sei é que é Deus, e se é Deus, somos homens mortais, nada temos que haver com Deus com todos seus poderes divinos. A existência humana é sumariamente uma bosta! Amontoado de concreto e redes de esgoto! Carroças nas estradas, noites dormidas, alimentação saudável, novelas, seriados, calor, frio, trabalho, trabalho, trabalho, bosta, bosta, bosta... Depois disso me suicido? Depois disso enfio a cabeça no meu mundo e nunca mais saio para respirar qualquer ar podre aqui fora? Depois disso, me enforco com a linha do horizonte?  Deito meu corpo sobre o tédio, encho-o de álcool. O álcool, mais antigo que o próprio Cristo, afoga as mágoas da antiguidade, suprime o mal da terra, fecha os olhos dos sofredores, acolhe os que cometeram crimes contra si mesmos, apaga as desarmonias, esconde os que estão em distonia com a sociedade. O álcool é a fuga necessária à mente sã, porque a mente doente tem o trabalho, tem as tarefas do cotidiano, os tributos, a economia, o governo. O álcool e o fumo, o tabaco que puxa a reflexão, e desnuda o espírito dizendo que se é um verme em plena terra macerante, podre dos infernos, pior animal sobre a vasta crosta terrestre, fedido, odiado, nojento, devoto à qualquer líder pior que si mesmo, fingido, dissimulado, estúpido como uma abóbora, ridículo como um besouro virador de bosta! A minha dor é tão pungente e dilacerante que não existe analgésico capaz de abrandá-la! É a dor da consciência de existir, mero animal dotado de Razão e que não tem para onde ir, porque não se deixa iludir com a vida, com a piada da existência, com a viagem da realidade! Melhor seria ter pego o último vapor e buscado uma terra distante para acolher meus ossos! A miséria de estar aqui, arrastando-se por sobre asfalto e o tédio, sob o céu dos nossos ancestrais que sabiam o que era a vida, que não precisavam se questionar, tudo era claro, estar aqui agora, no resquício da existência, sem se quer saber se o apocalipse já foi ou será, se pode ou não haver de fato salvação, se estão todos em um sono sem sonho ou gozando o paraíso, se faz algum sentido estar aqui vivendo ou simplesmente é um desvario. Fé? Explica-me qual a diferença entre fé e manter-se vivo! Não há qualquer diferença, não existe sentido para o fato de tentarmos manter o corpo aceso, de tentarmos seguir para qualquer lugar absurdo. Destoa-se tudo de sentido, eis a vida nua e crua! A realidade que ninguém suporta: cria-se então nossa cosmologia, teologia, misticismo, idiotice covarde de não se suportar a realidade de existir sem qualquer sentido, sem ter certeza de nada, sem saber... Só sei que nada sei, será nostalgia da ignorância? Do tempo em que o homem de fato sabia, porque se apegava ao místico como a única verdade, como os índios, como as civilizações antigas. Esse não saber era já o único saber. Era nossa tábua de salvação. Hoje ficamos sem nada, e vivemos mais desgraçadamente que as civilizações passadas...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rafting e Pescaria

Muita gente pensa que vou pescar só pelo peixe. Se fosse apenas por isso, já teria parado de pescar há tempos. Pescaria é bem mais que isso. Durante meus anos de pescador, fiz amizades ímpares, daquelas que não se abre mão mesmo. Também, por conta das pescarias, estive em lugares mais ermos, que dava para sentir o toque de Deus. Pescar definitivamente é um estilo de vida! Já tentei desistir, já tentei parar de pescar, mas não tem jeito, sinto falta de estar lá, na beira de algum rio, em algum lugar onde as vezes só eu estou, ou eu e um amigo, ou ainda alguns amigos, contemplando a natureza, enquanto apesar da tecnologia em nossos arsenais, seguimos passos primitivos de captura, enganando o peixe de alguma forma, para depois soltá-lo de volta à natureza. É uma pena que nossa evolução alcançou certos limites e tem pessoas que ainda não entendem isso. Pescar é além do mais um respeito ao meu pai, que me ensinou os primeiros passos dessa prática, naqueles tempos ainda da varinha de bambú, e que tem muita gente que até hoje utiliza. Também não pesco para ficar me aparecendo com o melhor equipamento, as técnicas mais precisas, o melhor desenvolvimento. Não faço só isso da minha vida, não tenho todo esse tempo. Pescaria é para ser divertida, se fosse para ser séria, seria trabalho. E sobre o peixe, o que eu digo? Levar o peixe pra quê?? Não é melhor ter ele ali, na natureza, para uma outra possível captura amanhã? Não é possível que estejamos passando fome, ou que nosso interesse em comer peixe ultrapasse os limites do equilíbrio com o natural. Bom, se queres comer peixe, compre salmão no supermercado, é ótimo. Ou compre tilápia em qualquer lugar. Enfim, tem peixes que são só para emoção mesmo, como é o caso do Robalo.
Agora, mudando de assunto, mas não totalmente, recentemente fiz uma outra atividade em contato com a natureza, e que me tirou do eixo. Fiz Rafting, em um rio aqui da região, acompanhado de instrutor obviamente, e com amigos sensacionais. Indescritível os lugares pelo qual nosso bote cruzou. Se estivesse em condições, faria isso todos os fins de semana. Achei esplendido tudo, desde as remadas, até poder se atirar na água em vez de quando, apesar de estar com capacete e colete. Baita esporte radical esse, que respeita em muito a natureza! Não há sombra de poluição ali, além de contribuir muito para o desenvolvimento muscular, e também o respeito a natureza, porque uma distração ali, pode até mesmo ser fatal, o que faz com que nos percamos aquela sensação maluca de domínio sobre tudo.
Enfim, meu signo é aquário, nunca fui de acreditar nessa besteira de horóscopo, mas quer se queira, quer não, tenho uma ligação forte com a água desde criança. Para mim, nada mais exuberante que um rio, nada mais respeitoso que o mar. Espero que a vida me permita muitas aventuras ainda, em torno das águas, e muitas fisgadas ainda. O resto é só o existir...






segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Tábua de Salvação

Sabe quando os marinheiros passam longo tempo no mar e voltam a terra? Eles ficam mareados, ou sejam, enjoados, noiados,,, é assim que me sinto hoje! Sinto ainda que estou fazendo tudo errado, aceitando o que a vida vai me empurrando, e ainda não sendo o autor mesmo de minha vida! Em alguns momentos apenas eu sinto estar fazendo a coisa certa, quando por exemplo eu alimento este blog. Mas depois vejo os artistas atuais, a formação de nossa cultura, e mesmo que na maioria das vezes essa visão seja digna de lamentos, por ser tão fútil - nossa cultura atual, e não essa visão -, entendo que sem esforço, sem dedicação exclusiva, sem manter o foco em algo que de fato queremos, não sairemos do lugar. Meus planos estão afundando a medida que a vida vai me engolindo. Eu poderia abandonar algumas coisas em prol de outras que julgo ser de minha importância, mas escolhi um caminho que é uma escravidão, e não consigo me libertar dos grilhões. O tempo talvez vai me permitir ter mais liberdade se seguir com alguns de meus propósitos para minha vida pessoal, que ainda não são meus sonhos verdadeiros, mas apenas mais um degrau para chegar até eles. Talvez seja isso, estou construindo uma base bem sólida, para depois poder me manter em mim mesmo, realizando aquilo que me dá mais prazer, como escrever, como ter um espaço meu para gozar das novidades tecnológicas e musicais, para estudar nossa época. Mas temo que isso seja só uma ilusão, porque depois de estar formado em minha segunda faculdade, vou ter que trabalhar muito para recuperar o tempo perdido. É isso, uma luta contra o tempo, contra a própria vida. Não sei onde isso vai me levar. Alguns traços dessa loucura toda já estão presentes em minha saúde, como uns caroços no meu pescoço que em vez de quando dói. Mas sigo sem medo real, porque a vida deve em algum momento deixar eu viver... O medo é o pior dos obstáculos... Não posso temer algo que eu não sei direito o que será, ou seja, o futuro. Meu barco de qualquer forma está indo para frente, a carroça continua mesmo que seja a passos lentos, ela vai para frente. Não suportaria saber que seria o contrário, que estaria indo para o fundo, para baixo, para trás. Ainda bem que apesar do cansaço no meu corpo, consigo manter minha mente acesa. A música tem me ajudado, como por exemplo esse álbum do Pearl Jam que escuto agora http://www.youtube.com/watch?v=2VJb5CFon1Y enquanto digito esse texto. O calor tem prejudicado, porque deixa o corpo em estafa, alimenta essa languidão de espírito que já naturalmente me acompanha. Mas eu de forma desleixada já ultrapassei alguns de meus limites, por exemplo, tinha me imposto que pelo menos em 2013 eu estaria com um livro já publicado, estamos em 2014, fiz 31 anos dia 22 desse mês, e nada ainda de publicações. E de quem é a culpa? Absolutamente minha... isso tudo me deixa emputecido comigo mesmo, faz com que tenha vontade de afundar, comportamento autodestrutivo dos infernos! Mas ainda bem que hoje tenho maturidade de reconhecer essas minhas falhas, e não deixar que essa depressão me foda as perspectivas. Não é fácil seguir quando se está irritado consigo e com o resto dessa sociedade de bosta que vivemos. Mas como disse, vamos impulsionar a carroça para frente, mesmo que seja contra toda vontade... A sensação de que o troço anda para frente é  a única salvação no momento... agarra-se a ela então, na falta de algo melhor, ou se põe uma quantidade mirabolante de paracetamol para dentro do estômago e espera o momento derradeiro após ficar todo amarelo... ainda prefiro a primeira opção.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Desolação

?.Meu desânimo é real ou estou blefando para que se compadeçam de mim? É desânimo mesmo ou será cansaço?  O que eu fiz ou o que deixei de fazer para me sentir assim? Procuro a solidão do quarto, deito-me na cama, no escuro. Iluminado apenas pela luz do tablet, no silêncio,  eu escrevo que nesse momento sinto como se tudo estivesse errado, e gostaria que minha filha no futuro quando pensar que tudo está dando errado, que saiba que seu pai também já se sentiu assim. Sinto-me um pouco consolado por pensar assim mas no fundo sei que tudo é só ilusão. O que de fato eu poderia fazer para sair desse sentimento apertado, constrangido, que me sufoca o peito? Como ouso querer saber o que posso fazer se meu corpo inteiro me diz para não fazer nada!? E provavelmente nada que eu fizesse poderia de fato resolver isso. Então o negócio é aproveitar e curtir uma depressão já que tenho o espírito lânguido.  Enquanto isso o sono vai se apoderando dos meus olhos cansados,  mas minha mente pertubada não me deixa dormir. Se pudesse fumar um cigarro agora era a hora! Quem sabe eu ainda consiga me levantar e ir beber umas doses de whisky. Mas acontece que não comi nadaainda, desdeque cheguei do trabalho e estando com meu meu estômago vazio, não seria assim tão bom beber. E já que tudo é inútil, interessante seria ainda saber por que eu de repente não me mato? Vai ver descobrindo a resposta para essa pergunta eu também descubra a chave que vai abrir a porta dessa desolação. Pois só consigo ver exploração,  injustiça,  maldade,  e se o que vejo for a realidade entao não posso acreditar que as coisas possam melhorar. Nem está dando mais para ver televisão:assistir o jornal é um martírio! !! Só tem coisa ruim acontecendo! ! É assalto, assassinato, roubo, corrupção,  violência contra crianças,  idosos,  gente que tenta ser do bem só levando balde de água fria na cabeça. A solução é começar tudo de novo... Não,  na verdade só acho que esperava maior respeito e consideração de algumas pessoas,  de verdade... talvez isso fosse mais do que suficiente para não me sentir assim, mas parece tão impossível,  tão difícil isso hoje em dia, que acabamos assim meio que por desistir... vontade de conduzir meu caminho sozinho!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

País da Burocracia


As vezes quando ando pela rua, fico olhando para as casas e os edifícios com seus apartamentos, e tenho a impressão que tudo na vida do homem e encontrar um lugar para morar. Óbvio que não, que isso é só uma parcela de nossas reais preocupações, como diria Raul Seixas
dois problemas se misturam:   
a verdade do universo e a prestação que vai vencer
ou então como pensava Drummond
o mundo é mesmo de concreto armado
Até o momento não tive desejo de aquisição. Gosto da liberdade de saber que estou livre para sair de minha caverna a qualquer momento, e ir explorar outras cavernas em quaisquer outros lugares. Mas na realidade, as coisas não são bem assim. Antes de me decidir a mudar, tenho que pagar a multa rescisória do contrato de aluguel, se tiver multa rescisória (no meu caso particular, não tenho, mas não importa), tenho que providenciar a mudança de endereço para receber as correspondências no endereço novo, e mais uma série de incomodações. De todo modo, isso não deve impedir que eu pare de entregar o meu dinheiro de forma tão gratuita para outro, e comece a pagar por algo meu, porque como todo mundo sabe, amanhã ou depois se eu quiser sair desse lugar, tenho ainda a opção de vender ou alugar. Claro que não me livraria das perturbações burocráticas nesse caso, e de contar ainda com a sorte para encontrar um comprador que pague um preço justo. Todavia, quando vou começar a "mexer os pausinhos" para quem sabe comprar um imóvel me deparo com uma série de procedimentos burocráticos, infinitamente chatos, e que sem esse aborrecimento, não é possível adquirir o imóvel, a não ser que se tenha muita grana para bancar todas essas chatices. Nessas horas eu entendo porque alegam que o Brasil é o país da Burocracia...
Olhar para a rua acaba por me consolar, pois se tantos outros conseguiram seu imóvel, é bem possível que eu vá conseguir também, com uma boa dose de paciência, um certo tempo para se dedicar aos aborrecidos procedimentos burocráticos, e tudo acabará bem... Mas mesmo assim, não comprarei um imóvel com a intenção de dizer "é meu" como a maioria. Comprarei um imóvel para deixar de ser idiota e ficar desperdiçando minha grana de forma tão imprudente, apesar de eu não pensar assim, e pensar que esteja fazendo um bom negócio ao me manter de aluguel, não é o que a maioria diz, e dessa vez eu resolvi, contra todas as expectativas, a não ir contra a maioria, só pra ver  o que acontece... Já que o mundo é assim mesmo de concreto armado, e não dá para ficar só viajando pensando nos problemas da filosofia e demais ciências, tem que se por os pés no chão, parafraseando Fernando Pessoa: sejamos tributários!!!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A Minha Arte

Estava pronto para dormir, mas algo me dizia que aquele ainda não era o momento certo. Tinha lido alguma coisa na internet sobre saber buscar em seus ídolos as nuances que poderia me ajudar em minha arte. O problema que acabou por me despertar é que eu não sabia qual era minha arte. Eu gosto de muitas coisas: música,  literatura,  pesca,  direito,  etc... Em todas essas áreas eu tenho ídolos!!! Em todas essas áreas gosto de dedicar certo tempo de minha vida e acreditar que tenho alguma contribuição pra empregar. Como posso captar as nuances desses artistas e despejar sobre minha aparência,  meu modo de ser,  minha caracterização? Impossível dormir com essa problemática na cabeça!!! Fui me sentar à escrivaninha e me pus a escrever esse texto no tablet, mas não sem antes preparar uma dose de vodka grapefruit Danzka que trouxe do freeshop na Argentina, misturada com bebida Nestea de chá verde com limão e muito gelo, p'ra libertar à inspiração enquanto grilos e motos fazem do silêncio da noite na rua um espetáculo sonoro. Eu estava confuso, mas o medo de já saber de antemão que por mais que eu refletisse a respeito dessa condição jamais sairia do impasse não foi capaz de me enriquecer os dedos, paralisar a mente fervilhando. Minha garantia estava em simplesmente encher outro copo com o composto já mencionado, e esperar a noite me trazer o que ela me preparava com tanto cuidado. Poderia obviamente ser esse texto que aqui desencanto, pois bem já seria muito em vista do último blackout que meu cérebro traidor se deu a audácia de me aplicar. Entusiasmos se confundiam com a certeza que esse era apenas um texto de férias e que amanhã, ou melhor hoje, eu pagaria o preço de não ter ido dormir mais cedo. Há pelo menos três anos atrás dormir tarde não era um problema... e falar em se parecer com seus ídolos é falar de utopias, pois cada vez mais é impossível ser Nietzsche,  Sartre,  Dylan ou mesmo Kelsen. Fernando Pessoa ou um de seus heterônimos já sabia disso. Bem, acho que era só isso mesmo que a noite me reservara e para não desperdiçar mais um copo de minha química vou beber esse proximo copo ao som do Humberto Gessinger que me concedeu a inspiração inicial para escrever esse texto que posto agora em meu blog, enquanto o cachorro da vizinhança não para de latir, sem fogos de artifícios.