sábado, 14 de maio de 2011

"Os Intelectuais e o Poder" - Uma Síntese

 
        No livro Microfísica do Poder, de Michel Foucault, encontramos o título "Os Intelectuais e o Poder" para um debate entre o próprio Michel Foucault, e outro intelectual francês, Gilles Deleuze. Este último, inicia o debate justificando sua participação no movimento maoísta, demonstrando que se confunde ainda a relação teoria e prática, quando se exige uma relação direta destas duas, diferente do que o coloca em contato com este tipo de luta social, onde as relações teoria-prática são muito mais parciais e fragmentárias. E ainda continua, para nós, o intelectual teórico deixou de ser um sujeito, uma consciência represetante ou representativa. Essa última colocação de G.D, acaba por alcançar Sartre, no que tange a idéia de intelectual engajado. Nesse sentido, Foucault contribui O intelectual dizia a verdade àqueles que ainda não a viam e em nome daqueles que não podiam dizê-la: consciência e eloquência., hoje, o papel do intelectual não é mais o de se colocar 'um pouco na frente ou um pouco de lado' para dizer a muda verdade de todos; é antes o de lutar contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, o objteto e o instrumento: na ordem do saber, da 'verdade', da 'consciência', do discurso.". Até aqui, creio que não haja dúvida de que estão parodiando Sartre em sua noção de intelectual engajado, demonstrando sobretudo que houve uma transmutação de valores entre os intelectuais do passado, e os intelectuais necessários no presente.
       Definida a posição do intelectual, o discurso entre ambos, passa agora a representar as formas de poder encontradas, bem como a idéia de difusão desse poder, contrária a de totalização. Vejamos... Para Foucault, que estudou a princípio a História da Loucura ( cujo enunciado, é título de um de seus livros), relacionando o sistema psiquiátrico - o hospício, a um método coercitivo, uma forma de prisão, passando daí ao estudo das prisões, presente no livro Vigiar e Punir, não será que, de modo geral, o sistema penal é a  forma em que o poder como poder se mostra da maneira mais manifesta?, e ainda, A prisão é o único lugar onde o poder pode se manifestar em estado puro em suas dimensões mais excessivas e se justificar como poder moral, aspecto este indubitável, pois quer se queira, quer não, a prisão acaba por representar a única forma de coerção com uma legitimidade moral, sendo que todos entendem e acabam por, de uma maneira geral, aceitar que quem está na prisão, que o preso, está lá, porque foi desonesto com a sociedade, porque roubou, matou, estuprou, etc. O poder nas prisões é descarado, ele não precisa de subterfúgios, porque é "justificado". Após essa explanação, G.D. lembra que, além dessa relação de poder coercitivo, existem outras como a escola e a indústria, que também acabam por ser legitimas, mas que um pouco diferente das prisões, atuam com certa diligência, mas que, mantém uma cópia do sistema penal, no sentido da aplicação dos horários, das regras, da relação de seus representantes, os professores, os patrões, com os que estão em uma relação de inferioridade, os alunos, os trabalhadores. O poder é apresentado então de forma difusa, contrariando a idéia de totalização, por não ter um único representante, não provém exclusivamente do Estado. Foucautl conclui que onde há o poder, ele se exerce. Ninguém é, propriamente falando, seu titular; e, no entatno, ele sempre se exerce em determinada direção, com uns de um lado e outros do outro. Assim, contrária a idéia de Estado totalizador, contrária mesmo a idéia de Poder representado unicamente pelo Estado - como no Positivismo, a idéia de poder em Foucault é uma relação, presente em várias formas da nossa sociedade. E é lá, nas prisões, nas escolas, nos comissariados, nas fábricas, que a realidade está acontecendo efetivamente (Deleuze),  e onde o intelectual deve estar inserido e poderá ser encontrado.

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