terça-feira, 26 de julho de 2016

Da História e da Razão

Já vi várias pessoas comentarem sobre os erros e imperfeições do passado com certa ironia ou desdém. Pois bem, do mesmo modo que agora temos as condições de identificar os erros e imperfeições do passado, no futuro seremos alvo das mesmas investigações que também apontara que hoje o que pensamos ser o mais certo não passava de uma forma antiquada de pensamento. O fato é que o que falta nessas pessoas é consciência histórica, isto é, reconhecer que a história é simplesmente a história, e que dentro de um determinado contexto ela poderia fazer sentido, e ainda que não é porque conseguimos hoje analisar o passado de forma crítica que teremos o poder de identificarmos o momento atual como o momento da perfeição, da certeza, da inteligência e evolução. O homem é constantemente superado. Somos seres em constante transformação. E por mais que evoluímos com o passar dos anos, ainda não temos a resposta para perguntas fundamentais, como "qual o sentido da vida?", ou "quem somos e o que estamos fazendo aqui?" sem que recorramos ao campo da especulação filosófica e teológica.
Existe muitas razões para se estudar a história, e uma delas certamente é desenvolver essa consciência histórica de que não somos os senhores do tempo, e que cada época tem em seu bojo a forma e o conteúdo necessário ao seu desenvolvimento, de forma que uma época não pode ser comparada a outra sem antes uma boa dose de contextualização. Nietzsche já bem alertava sobre a noção de desenvolvimento e evolução. Para o filósofo alemão, estaríamos involuindo ao invés de evoluirmos, a partir do momento que aceitamos a Razão como a única forma lógica e correta de pensar, já que a Razão é limitada, e que para certas elucubrações seria necessário adentrarmos no campo do pensamento mítico, da intuição, como os pré-socráticos, ou até mesmo como asseverava Einstein "Penso 99 vezes e nada descubro, deixo de pensar e eis que a verdade me é revelada". Então, um pouco de comiseração em relação ao passado, um pouco de senso histórico, de honestidade também não fará mal a qualquer pessoa que queira comentar sobre os erros e imperfeições do nosso passado humano.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Sobre as manifestações do dia 13 de março de 2016


Após as manifestações do último domingo, dia 13 de março de 2016, o que mudou? Estatisticamente, o número de pessoas que ocupou as ruas das principais capitais do país foi bem maior que o do ano de 1992, quando os “caras pintadas” pediam que o então presidente Collor à época, renunciasse. Será que naquele popular ano de 1992, não ocorreu algum efeito midiático, do qual não tínhamos a consciência madura o suficiente para avaliarmos? Uma manobra televisiva que destituiu o poder de Collor? É o futuro reescrevendo a história. Mesmo que 10 milhões de pessoas ocupassem as ruas do país, isso ainda seria nada, se comparado ao número de eleitores brasileiros, ou seja, não chega a ser a maioria. Passado 14 anos a fórmula já não serve mais. Ocupar as ruas do país não comove o suficiente, para que o chefe do poder executivo resolva largar o osso. Parece que só então medidas mais drásticas poderiam de fato retomar a ordem nesse país tomado pela corrupção.
Pois bem, talvez a única saída para um povo oprimido por seus representantes seja mesmo o Golpe de Estado. O golpe é legítimo, porque é golpe. Alguns serão levados a acreditar que o golpe é um atentado à democracia, enquanto que, atentado à democracia é esse cenário de corrupção arraigada que se instalou nas terras tupiniquins. Até hoje ainda se troca ouro por espelhos. As manifestações do último domingo também são um atentado à democracia, aos olhos de outros, porque ferem um governo que foi empossado do poder de modo legítimo além de trazer sérios prejuízos para a economia do país, afastando investidores por exemplo. Não nos esqueçamos de que até mesmo Hitler foi conduzido ao poder com a anuência do povo, mesmo povo que depois repudiou seus atos de crueldade antissemita. Hitler destruiu a Alemanha. O PT destrói a cada dia o Brasil.
Por fim, pergunto-me irrequieto: o que as manifestações do último domingo tem de diferente àquelas do ano de 1992? A resposta, talvez ainda esteja como na canção cantada por Dylan, soprando no vento. É a história sendo reescrita. É a prova de que nós reescrevemos a história. E ainda é a prova de que o país precisa do seu povo, precisa de nós.