quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A Minha Arte

Estava pronto para dormir, mas algo me dizia que aquele ainda não era o momento certo. Tinha lido alguma coisa na internet sobre saber buscar em seus ídolos as nuances que poderia me ajudar em minha arte. O problema que acabou por me despertar é que eu não sabia qual era minha arte. Eu gosto de muitas coisas: música,  literatura,  pesca,  direito,  etc... Em todas essas áreas eu tenho ídolos!!! Em todas essas áreas gosto de dedicar certo tempo de minha vida e acreditar que tenho alguma contribuição pra empregar. Como posso captar as nuances desses artistas e despejar sobre minha aparência,  meu modo de ser,  minha caracterização? Impossível dormir com essa problemática na cabeça!!! Fui me sentar à escrivaninha e me pus a escrever esse texto no tablet, mas não sem antes preparar uma dose de vodka grapefruit Danzka que trouxe do freeshop na Argentina, misturada com bebida Nestea de chá verde com limão e muito gelo, p'ra libertar à inspiração enquanto grilos e motos fazem do silêncio da noite na rua um espetáculo sonoro. Eu estava confuso, mas o medo de já saber de antemão que por mais que eu refletisse a respeito dessa condição jamais sairia do impasse não foi capaz de me enriquecer os dedos, paralisar a mente fervilhando. Minha garantia estava em simplesmente encher outro copo com o composto já mencionado, e esperar a noite me trazer o que ela me preparava com tanto cuidado. Poderia obviamente ser esse texto que aqui desencanto, pois bem já seria muito em vista do último blackout que meu cérebro traidor se deu a audácia de me aplicar. Entusiasmos se confundiam com a certeza que esse era apenas um texto de férias e que amanhã, ou melhor hoje, eu pagaria o preço de não ter ido dormir mais cedo. Há pelo menos três anos atrás dormir tarde não era um problema... e falar em se parecer com seus ídolos é falar de utopias, pois cada vez mais é impossível ser Nietzsche,  Sartre,  Dylan ou mesmo Kelsen. Fernando Pessoa ou um de seus heterônimos já sabia disso. Bem, acho que era só isso mesmo que a noite me reservara e para não desperdiçar mais um copo de minha química vou beber esse proximo copo ao som do Humberto Gessinger que me concedeu a inspiração inicial para escrever esse texto que posto agora em meu blog, enquanto o cachorro da vizinhança não para de latir, sem fogos de artifícios.

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