quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pragmatismo Vs. Contemplação

Esse ano não foi muito profícuo à criação literária. Contudo, não deixaria de marcar esse último dia do ano com uma elucubração criativa que me surgiu hoje pela manhã. Pois bem, vamos ao texto

Pragmatismo Vs. Contemplação

O mundo é pragmático ou contemplativo? Eu diria que há pelo menos um século e meio somos mais pragmáticos que contemplativos. A contemplação ganhou cada vez mais um papel secundário em nossas vidas. No entanto, ainda me pergunto se em algum momento futuro não nos depararíamos com o advento da contemplação, como experiência primordial da vida, invertendo assim a lógica moderna. Digo isso porque essa experiência pragmática em que mergulhamos após o boom da Revolução Industrial - com notável avanço a partir da segunda grande guerra, que culminou no desenvolvimento das tecnologias da comunicação e consequente globalização - é em certa medida nada mais que um deslumbre. Observando os últimos acontecimentos, tomando por agora uma atitude de expectador e crítico, o tempo todo parece que algo está nos alertando de que pagaremos um preço alto pelo nosso pragmatismo. Matamos Deus, e endeusamos a máquina. Não somos capazes de sustentar quaisquer valores, por conta de que em nossa lógica moderna de vida tudo é passageiro, momentâneo e deve servir para o presente, pois que se não serve agora é logo descartado. Por fim, um dos aprendizados desse ano de 2015 é que a verdade é dualística.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

3 Melhores Livros que Recomendo

Existe pelo menos três livros que para mim seriam leitura consagrada. Bom, indicarei 2 livros de autores brasileiros, e um livro de um autor francês. Sempre que alguém quiser ingressar no universo literário, acho interessante começar pela escola literária conhecida como Realismo, iniciando-se na leitura do livro O Ateneu de Raul Pompéia - importante já de antemão preparar-se com um dicionário de língua portuguesa, pois irá se deparar com verbetes que denotam uma linguagem mais erudita. O Ateneu é como o próprio autor indica, uma crônica de saudades, sendo uma narrativa em primeira pessoa a qual Sérgio, o personagem principal é atirado no colégio interno do aristarco Abílio, e sofre todas as vicissitudes de ser um novato, prussiano, que aprende na dor as regras sociais de convívio. É a mais perfeita metáfora da literatura brasileira sobre a sociedade.
Agora, se o sujeito estiver interessado em ler algo que esteja mais relacionado com questões filosóficas de existência, do ser-no-mundo, da gratuidade da vida então deverá tomar o livro a Náusea de Jean-Paul Sartre e se deliciar numa viagem com Antoine Roquetin, erudito historiador que em Bouville vai se deparar com a existência, pura e seca, e porque não, absurda.
Por fim, um terceiro livro que indicaria, a depender do interesse do leitor, e se esse for na esfera do drama e romance, seria Angústia de Graciliano Ramos. Mal comparando, ler esse livro é como estar em um caminhão descendo ladeira abaixo sem freio. As situações vão passando tão rápido que mal da tempo de assimilar um acontecimento, um outro já vem se sobrepor àquele. Graciliano Ramos abusa inteligentemente dos palavrões e das conotações sexuais e melodramáticas. Luís da Silva, personagem principal, faz um levantamento do que teria se transformado sua vida, começando por aspectos da infância que lhe traçaram a personalidade, como a morte dos seu pai, sendo a lembrança mais pungente os caroços dos dedos dos pés do defunto, cujo lençol não cobria-o por inteiro, passando a narrar fatos de sua vida adulta, algumas discussões, a crise financeira, o trabalho e claro, o romance que acaba de maneira sórdida e claro, trágica. Bom, esses três livros seria assim o suprassumo de quem quer se iniciar em algum tipo de leitura mais clássica.
Partindo disso, poderia o leitor mais empolgado, dar continuidade ao exercício e ler pelo menos metade da obra de Machado de Assis, principalmente os mais famosos com Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Bras Cubas,  Quincas Borba, Memorial de Aires, A mão e a Luva, Ressurreição (seu primeiro romance). Agora sim está se formando um leitor clássico. Esse foi praticamento o caminho que segui, não nessa mesma ordem, pois que li primeiro o Ateneu, depois praticamente a obra completa de Machado de Assis, salvo alguns contos e sonetos esparsos, e por fim me entreguei a filosofia, inciando-me no romance A Náusea, depois A Idade da Razão também de Sartre, passando a tomar conhecimento da literatura francesa, lendo também André Gide, depois algo mais de estrangeirismo com Stendhal, Dostoièvski, Herman Hesse, para então ingressar na filosofia propriamente, em fontes como A Crítica da Razão dialética ainda do Sartre, e outros livros de Nietzsche (alemão), Hume (inglês), Kant (alemão), Hegel (alemão), Marx (inglês), Kierkegaard (dinamarquês), Heidegger (alemão), Bertrand Russel (inglês), Roger Garaudy (também francês), Foucault (mais um francês).

Esturpor

Dor sem fim
Na confusão da alma
Que tudo acalenta e tudo repele.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

NADA MUDOU

Estou um bom tempo sem postar aqui, e então acredito que seria justo ao menos eu informar os motivos de tamanha ausência.

Pois bem, eu estava muito empolgado com filosofias (sim, filosofias, porque a Filosofia como bem Sartre explica em Questões de Método é uma abstração hispotaseada), mas eis que uma verdade me veio à tona, e não é a verdade de Descartes (a dúvida hiperbólica é uma abstração das mais absurdas, impossível sair do cogito e se chegar ao ergo sum, sem que se realize saltos que invalidam a conclusão). Tentava encontrar a verdade, isso é evidente pelos meus posts anteriores, no entanto, e como não poderia ser diferente, concluo com a aceitação de que realmente a verdade é a verdade de cada um, e que Kierkegaard estava mesmo certo, assim como Wittgenstein, pois partimos de fato do subjetivismo e tudo é subjetivismo e linguagem. Sendo assim o sentido da vida - mais um dos tópicos de minha busca existencial - passa a ser não ter sentido algum. Destarte, ficamos órfãos e sem bússola, tendo-se que se orientar por esses dois Nortes: a ausência de sentido e a subjetividade. Veio então a dificuldade existencial, como viver após redescobrir essas duas fórmulas? A melhor maneira parece mesmo ser atirar-se em qualquer atividade besta, conseguir ganhar algum dinheiro, construir casa, comprar imóvel, carro, ter família e depois perecer de uma doença qualquer até sobrevir a morte. O problema é que minha busca toda era justamente para tentar encontrar uma solução que não fosse essa, mas parece mesmo impossível. Até mesmo os filósofos atuais não fazem mais filosofia, por assim dizer, à toa. O que nos sobra?

O pior de tudo é que em meu livro coloquei o personagem nesse impasse, e não consigo desmanchar esse nó. Vou ter que jogá-lo nas vertentes do pragmatismo para conseguir concluir sua história, sob o risco de ficar desinteressante, pois não há nada mais trágico que uma pessoa divagando sem parar, pensando em mil coisas e não executando nada. Assim também posso resumir minha vida, sou esse mesmo personagem divagando em tempo integral perdendo tempo quando acreditava estar ganhando. No fim, desaprendi a viver, e esse é o erro hiperbólico dos filósofos. Sem mais...