segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Führer x Stalin



     

 Estou quase terminando a leitura de um livrinho que trata dos romances do sanguinário Adolf Hitler. É lastimável ver tanta obediência mediante um assassino sujo. O sujeito que fazia os digamos, serviços gerais do bunker, depois que todos os mais de mil soldados que ali estavam se refugiando fugiram, depois que Hitler estava morto, que Goebbels havia se matado e também sua família, ainda assim seguiu sua rotina diária até a chegada dos russos. Conferia o armazenamento de água, as ventilações, iluminação, etc., tudo tributariamente como se ainda estivesse sob as ordens do Führer. Alguns, quando Hitler cometeu suicídio, abraçaram soldados de outros escalões mais baixos, ao que já representava um gesto de desintegração do regima nazista. Mas, a barbárie ainda continuava seu terror, os russos estupravam as berlinesas, centenas de milhares, crianças, idosas, civis. Tapavam um santo e descobriam outro, e se formos ver em dimensões macroscópicas, veremos que esse último santo ainda era pior que o primeiro. Era o santo de Stalin.
      Lendo o livro chego a sentir a atmosfera do bunker, sua umidade, seu cheiro de pólvora e depois de sangue. Chego mesmo a ter uma imagem quase real do temperamento do Führer naqueles seus últimos dias. Toda sua obscessão de anos sendo consumada, o inimigo avançando, as traições, a fraqueza do próprio povo alemão. Tudo era culpa dos outros para Hitler. Ele realmente acreditava que estava fazendo a coisa certa, jamais duvidou de suas intenções. Hitler teve um vida muito conturbada, costumo dizer que ele é produto de uma geração. Não eximo o Führer da culpa pelo genocídio, mas ele não ascendeu ao poder sem uma certa legitimidade por parte da população alemã. Hitler estava, por certo, cercado de covardes e incompetentes de forma que sem o comando dele, sem a sua supervisão constante, seus subordinados mal conseguiriam caminhar. É importante salientar que em nenhum momento sou conivente com a atitude nazista, apenas estou expondo alguns fatos já bem conhecidos pela história.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Similaridade Intelectual

Então, dado o texto anterior, descobri que o professor em questão, já havia publicado um artigo na Revista Jurídica que versava sobre quase tudo que eu já havia escrito neste blog e em meu Ensaio "Século XXI". Isto acabou por me levar a pensar, por exemplo, naquela história sobre Darwin e a publicação de "A Origem das Espécies". Não me recorde bem o que teria acontecido, mas lembro que Darwin acabou por publicar este livro quando se viu ameaçado por um outro naturalista da época, que estava desevolvendo idéias semelhantes a sua. Talvez hoje, caso eu publicasse meu Ensaio, poderia já ser acusado de plágio? Por isso imagino que, seja sempre conveniente, quando temos algo bom para publicarmos, prestarmos antes atenção ao nosso entorno para ver se nada parecido já não foi pulicado. O mesmo se dá com  a criação de blogs e dos textos que neles vão contidos. Meu  Ensaio aproxima-se em certos aspectos do artigo na Revista Jurídica, porque, quer queira ou não, mencionamos os mesmos autores em alguns casos, em vista de não ser possível utilizar outro para falar do assunto. Por exemplo, falar de escolhas sem mencionar o francês Sartre, torna-se muito complicado, porque o que ele desenvolveu sobre essa questão não pode ser simplesmente ignorado. Agora, em outras questões, principalmente na parte ainda não sondada, desenvolvo idéias bem originais, que se distanciam drásticamente das idéias do professor, por exemplo.
      Esta semana acabei então por ter um idéia ímpar. Vou reunir todos os meus textos que versam sobre assuntos similares, juntar com meu livro, e entregar tudo, de chofre, na mão do professor. Ele que anda sem qualquer bolsa, livro ou um simples caneta quando vem dar aula, vai ter que sair da sala de aula segurando meus escritos. Quero ver o que ele vai fazer com meus textos, quando se deparar que muito do que ele nos transmite eu já havia pensado antes, e que segui por uma linha diversa da dele. Não estou o desafiando não, acredito que a partir disso, ele poderia me dar de certa forma subsídios intelectuais e de edição para chegarmos a tecer algo mais sólido sobre as preocupações filosóficas que nos afligem. Ele criou um Forúm no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), sobre os temas de suas aulas, seu artigo na Revista Jurídica e outros autores e pensadores, ao qual já dei certa contribuição. O interessante é que não precisei escrever nem uma única linha, apenas dei "Ctrl C" em um de meus textos nesse blog e "Ctrl V" dentro da página de edição do Fórum, o que já dá uma noção de nossa similaridade. Outra coisa interessante é que os dois links que ele publicou no mesmo canal me levaram a um vídeo do Olavo de Carvalho sobre a Inquisição. Por sinal, o professor fala muitas vezes parecido com o Olavo de Carvalho. Apesar do professor ser Padre, ele não tem problemas em dizer palavras como "Puta", ou de chamar alguém de "Burro", ou mesmo mencionar com todas as letras "O Demônio" e compará-lo com alguém da igreja. Gosto desta abertura, porque destituído dos preconceitos morais impostos pela Religião, o professor consegue ser muito mais honesto em seus argumentos quando lessiona. Algumas pessoas ficaram horrorízadas com isso, principalmente quem já o conhecia vestindo a batina e na função de Padre. Para mim, que já estudei alguns dos mais importantes princípios da Igreja Católica, não vejo qualquer mal nesse tipo de atitude. Pelo menos ele está sendo verdadeiro. Não sei se me fiz compreender...

Igan Hoffman

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Da Teoria do Caos à Evolução, Big Bang e Algumas Verdades

Neste semestre estou cursando uma disciplina que se chama Filosofia do Direito. Hoje, em sala de aula, para minha surpresa debatemos sobre o problema da Verdade Universal e as questões fundamentais da Filosofia: "de onde viemos" e "para onde vamos?" O professor, um padre com mestrado em Teolofia e Filosofia, respondeu a estas perguntas de forma bastante heterodoxa no que tange a sua formação católica, mas muito convencional no que diz respeito aos seus estudos no campo da Filosofia. Para ele a Verdade Universal não existe pois cada um tem a sua verdade, algo que a princípio eu discordo um pouco, mas que não deixa de ter certo sentido. Em outro momento exponho o porquê de eu descordar, acredito até que já o fiz aqui em postagem anterior. Com relação as questões fundamentais, quanto à origem, além do professor trazer a tona o "manjado" problema do ovo e da galinha, apontou também a situação hoje inegável da Evolução em Darwin, assim como do próprio Big Bang. De acordo com o padre, são teorias irrefutáveis dado as comprovações já observadas no campo da ciência. E a respeito de "para onde vamos?", ele recorre a "Teoria do Caos" e cita a questão de que, se cada indivíduo do planeta possuir, por exemplo, um automóvel, dentro de 25 anos não existirá mais planeta terra; também falou do fim do sol, que como toda estrela, acaba por ter um tempo de existência até sua extinção.
Bem, então deixa eu ver se captei a aula direito:
Uma sopa cósmica explodiu dando origem aos planetas, galáxias, sistemas solares, etc, Em um destes planetas habita uma espécie que pensa que pensa, e que surgiu a partir de várias transformações dada pela Evolução. Isto significa que um dia um homem pode ter sido, por exemplo, um plancton ou uma ameba, e que estes podem ser nossos parentes distantes. Depois, nossa civilização caminha para o fim, e isto é tudo! Para que tanta espremeção de miolos até agora, desde o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga? Para chegar a algumas verdades universais como essas. Somos frutos da Evolução, nossa civilização vai acabar, e cada um tem sua verdade. Bem, quando fazemos a pergunta "para onde vamos?" não quer dizer que estamos apenas pensando em nosso destino enquanto civilização, mas sim enquanto pessoa. Quando morrermos, o que acontecerá? Existirá vida mesmo após a morte ou será um sono sem sonhos? Penso ser isso algo insondável, pois jamais obtiremos a resposta, não temos os meios para tal, tudo que fizermos nesse campo será mera especulação que nada poderá comprovar. Sobre nossas origens é um pouco diferente. Alguma coisa realmente entendemos a esse respeito como as já citadas Teoria da Evolução e Big Bang. Mesmo assim, e se assim for, ainda vai levar muitos anos para que possamos sofrer alguma outra transformação pela Teoria da Evolução, ou seja, ainda levará muito tempo para algo de interessante acontecer, para o homem dar um salto no seu desenvolvimento, tornar-se ou o Super-homem de Nietzche ou quem sabe a classe Alfa de Admirável Mundo Novo do Aldous Huxley. Talvez antes disso o mundo tenha acabado. Então, se tudo for assim, o que é que eu estou fazendo aqui nesse planeta levando essa existência absurda?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Evasão

Hoje precisava comprar Wiskey e Energético, então como de costume fui ao Supermercado. Chegando lá resolvi ir primeiro ao caixa eletrônico. Quando estou ali pronto para sacar uma graninha, vejo um moleque do meu lado, de uns quatro anos, apontar para a tela do caixa eletrônico do lado e dizer: -- Olha pai, que legal, 50 % de desconto! Instantâneamente me veio a mente o problema da mídia. Depois pensei se o pai do garoto não se sentia mal por esse tipo de comentário do seu filho. Não parecia se sentir ao menos... Saibam que nunca me deixei seduzir por promoção nenhuma, faço um esforço anti-midiático em meu espírito, não me sinto bem quando estou no rebanho, prefiro ou ficar vigiando ou atacando. (ouçam o álbum Animals, da banda britânica Pink Floyd)
Nada esteve tão presente em minha mente nos últimos dias como essa vontade de ir morar com os índios. Lembrei muito do antropólogo Lèvi Strauss e também do filósofo Thoreau. Minha vontade de evasão da civilização moderna sempre foi algo latente em meu espírito, mas nunca tomou forma como agora...Já tive um experiência similar, quando morei por nove anos no interior. Lembro dos momentos em que eu subia no morro em frente a minha casa, e lá de cima, sob e entre as árvores, observava a natureza. Não havia praticamente nenhum movimento humano a observar, salvo talvez na estrada que passava um carro a cada meia hora, em alguns momentos levava até mais tempo para pasasr algum auto. Tomava banho em rios, saia para pescar, caçar, descobrir trilhas, derrubar e comer palmitos, achar ninhos, inventar acampamentos, armadilhas, etc. Era toda uma vida saudável ao extremo, que me ensinou muita coisa. Será preciso mesmo tantas leis? Quando eu era pequeno não parecia haver tantas, ou ao menos, precisar haver tantas. O Ser Humano é mesmo algo incrível! Consegue ao mesmo tempo lhe acrescentar e lhe tirar, de forma invejável! Nos últimos tempos tem mais tirado que posto. Também tem um lugar muito bom para se ir, talvez alguns já ouviram falar dele. O nome do lugar é Pasárgada, é que lá "sou amigo do rei" *...

* Manoel Bandeira, no poema, Vou me embora para Pasárgada.

Igan Hoffman

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mudanças!

       A vida que preciso esteve bem perto hoje. Descobri-a em meio a uma tribo indígena de Santa Catarina. Ali eu precisava estar, trabalhando, ganhando o suficiente para viver com modéstia junto com minha família, e ter tempo de escrever meus livros. Quem sabe até ganhava assunto para matérias novas nessa vida em um cidadesinha próxima ao litoral, trabalhando na reserva! Queria ser um barbudo metido a antropólogo e etnógrafo em meio aos índios! Assistir e até ajudar quem sabe aqueles indivíduos de cultura tão diversa, a prepararem um catetu. Para tudo, preciso de alguma boa alma que acabe por me ajudar, já fiz até promessa... Bem, caso as coisas corram como eu gostaria, acredito que mudaria até mesmo o meu modo de ser, isto afetaria minha personalidade diretamente. Hoje vivo o que me obrigo a viver, e só se torna suportável na pressão.
       Não quero voltar a tecer ladainhas, como aconteceu talvez com minha busca sobre a Verdade. Todavia, sinto que ainda falta dizer alguma coisa. Jamais abandonei a busca, apenas passei a entender as coisas de um modo mais existencial. Talvez  a Verdade seja mesmo essa: não há Verdade alguma, todos temos que buscar nossas verdades, a vida é mesmo "uma paixão inútil" que acaba com a morte, deixando para os outros, para o mundo, o que formos capazes de deixarmos e o que vai de encontro ao gosto popular por um certo período de tempo. Ainda não estou por certo convencido, mas na falta de algo melhor acabo por tomar essa Moral como verdade e me comprazo com ela, ao menos nesse período complicado em que mais uma situação fora de controle poderia ser o último estopim.
       Agora estou com muito sono, um sono extremado, são 02h42 da madrugada. Sinto um sono excessivo, tanto que não sou capaz de dormir. Hoje tomei só uma dose de Vodka, em vista do que estava bebendo nas últimas noites, posso considerar um avanço. Se bebesse mais quem sabe já estaria até dormindo, ou pelo menos não sentiria assim tanto o cansaço.
      Ainda há pouco caiu um aguaceiro, transitório, estranho! Queria que ele pudesse levar toda essa sensação ruim, que desde os meados do início de fevereiro veio se abrigar em meu ser, e que simplesmente eu não sei o que é. Parece por vezes patológico. A verdade é que, faz tempo meus pés não pisam mais o chão...

Igan Hoffman

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Macabrices Musicais

Alto de Wiskey, meia garrafa - meio maço! Ouvindo desesperadamente Knocking on Heaven's Door do Zimmerman (Bob Dylan) na versão do Guns N' Roses que é a melhor sem dúvida, apesar de eu também curtir a do Roger Waters que acho mais mística. Preparando-me para fechar o dia e iniciar o novo com toda a pressão, Under Pressure (Sobre Pressão), como na música de mesmo título do Queen com o David Bowie, meu conhecimento é vasto tanto em matéria de música quanto literatura, ainda há pouco senti-me como o John Lennon em Jealous Guy no que tange a ter uma dor guardada. Bem, tenho estado mais ausente do que esperava mas não mais do que precisei. Recompor-se não é uma tarefa fácil ainda mais quando se está constantemente em luta contra o tempo e consigo mesmo. Meus altos e baixos estiveram muito evidentes esta semana e em grau bem maior, a ponto de ter momentos de explosão, momentos de concentração profunda, de ritmo alucinante e depois melancolia, mágoa, decepção consigo mesmo, toda uma leva de sentimentos baixo, pensamentos suicídas, vontade de comrpar armas, senti até mesmo o peso de uma pístola em minhas mãos... Posso ser sincero em dizer que ainda tentei experimentar, mas não estava pronto. Hey, Joe, where you goin' with that gun in your hand? (Jimi Hendrix, composição de Billy Robberts) Mas não posso Sympathy for the Devil (Simpatia para o Diabo), como os Rolling Stone, because is the nature of the game (é a natureza do meu jogo). Entretanto, é preciso vencer seus demônios, e aqui estou mais uma vez, desnudo perante vocês, para me apresentar, como alguém puramente sensitivo, que senti demais por si mesmo e pelos outros. Aqui estou para dizer que sou sensível, e que não há mal nenhum nisso além do fato de eu sofrer mais. Por que não obtenho mais retorno? A resposta está clara, porque não posso ser um espelho. Como agora, see a storm it's threat'ning my very life today (vejo uma tempestade está ameaçando acabar com minha vida hoje), eu digo que esta tempestade não é só hoje, é todos os dias. Melhor fechar a ´porta da sacada que está chegando uma brisa gelada...
Igan Hoffman - O Curandeiro

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Primeiro Dia de Aula

       Então, no primeiro dia de aula, para variar, cheguei atrasado, pelo menos ainda tinha vaga no estacionamento! Até que saí de casa cedo, mas peguei um congestionamento terrível, e ainda por cima estava chuvendo, ou seja, um caos. Pois bem, cheguei na sala de aula e o professor já estava dando aula, dando aula propriamente não, mas comentando como seria suas aulas e formas de avaliação, livros recomendados, enfim, fazendo uma introdução de sua disciplina, trazendo-nos o conceito de Direito Penal segundo alguns autores. Eu poderia até citar estes conceitos aqui e comentá-los, mas não me sinto ainda seguro a fazer isso, e também corro o risco de me tornar muito seletivo, o que não quero. Depois veio o intervalo (famoso "recreio" nas antigas), hora de matar saudade dos colegas. Conversei com o pastor, com  o teólogo, com o técnico de segurança do trabalho, todos bem humorados, lembravámos episódios do semestre passado. Tomei um café, abre um tablete de Halls, peguei uma água, retornei para sala de aula, iria dar início a aula de Direito Civil. Agora foi a professora quem chegou atrasada. Essa fez com que nos apresentássemos primeiro, depois divagou um pouco sobre a sua disciplina. Terminada a aula fui para a biblioteca, peguei alguns livros necessários ao estudo dessas disciplinas. Como podem ver meu primeiro dia de aula foi demasiado normal.
       Cheguei em casa ainda há pouco e vou jantar, estou morrendo de fome! Antes resolvi escrever o que aqui vai. A Ana preparou um café que mais tarde vou beber com muito gosto, em vista de hoje estar um clima agradável. Mais tarde sentarei na sacada, ficarei observando a noite, a chuva, fumando uns, bebericando algo, quem sabe estudando um pouco. Amanhã mais um dia cheio e igual, meus dias seguirão assim durante um bom tempo e não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Agora irei jantar, quem sabe mais tarde resolverei postar mais alguma coisa aqui, tenho achado meus últimos posts incluindo este aqui tão sem graça...

Igan Hoffman

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cotidiano!

       Já falei aqui outras vezes que curso Direito. Então, amanhã começa mais um semestre da faculdade. Meu tempo vai ficar curtíssimo, no entanto, em contrapartida enriquecerá ainda mais minha gama de assuntos. Penso em escrever sobre os assuntos inerentes aos temas que irão surgindo na faculdade, sem ser chato é claro, mas de uma forma leve e por vezes precisa. Ano passado já tinha pensado em fazer isso, mas não deu certo porque ainda não tinha o domínio de como fazer. Este ano já me sinto bem mais tranquilo em relação a este tipo de trabalho, não que não despeje grande carga de exigência para consigo mesmo naquilo que escrevo. Tenho medo de desapontar as pessoas que diariamente visitam este blog.
       Agora, ainda estou com sono e sinto o corpo combalido. Trabalhei no hospital durante toda a noite e ontem durante todo o dia também. Dormi apenas uma hora e meia desde ontem, quando acordei as 05h30 da manhã. Agora, era necessário que eu atualizasse aqui postando algum texto, em vista de já estar a pelo menos dois dias sem postar. Sinto muita falta de mim mesmo quando não publico nenhum texto aqui. Quando isso acontece, nesse dia em que  não publico nada, sinto-me  incompleto. Tento por vezes seguir uma frase do músico brasileiro Lobão que bem pode ser atribuída a outrem, e que diz "é melhor viver dez anos a mil do que, mil anos a  dez". Ah, e só para avisar, o projeto de O Suicídio, naufragou. Bem, agora vou ter que fazer umas outras coisas também necessárias tão quanto escrever aqui.

Igan Hoffman

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Brasil Brasileiro

Brasil! Minha pátria, a escolha que não fiz! Brasil, carnaval o ano inteiro, na política, na educação, na saúde! Brasil, não me sinto brasileiro! Tenho todas as características do estrangeiro. Não me reconheço nas ruas, não me entendo com as pessoas. "People are strange, whem you are strager"¹, acostumei-me a tua língua, a língua brasileira. Conheci tuas palavras na boca dos teus escritores, aqueles que abrigaram em teu seio, escritores do século passado e retrasado, que se alimentaram dos escritores de fora, como acabei também fazendo depois. Admiro teus constrastes tão intensos, tua variedade tão rica, tua malandragem. Oh Brasil, mas és tão bandido, tão arredio aos interesses mais sérios. Pátria que não é mãe, Pátria cruel que abandona o filho na rua, que o vê em desespero e ainda ri um riso nefasto. Pátria dos filhos sórdidos que até hoje mamam em teu seio, deixando a nós aqui embaixo o chorar angustiante. Morar no Brasil é ser solitário, é não ser  ouvido, é conhecer as madrugadas instáveis, é ouvir o tilintar da chuva no parapeito da sacada e não poder fazer nada, e não poder sequer construir uma vida de glória, uma vida destinada ao trabalho culto, porque tudo hoje é fruto de uma frieza tecnológica, tudo hoje é só produção industrial, é só arrecadação, é só conveniente para os detentores do "poder". "Welcome, to the machine"², as dores do sistema que admiro e odeio, o capitalismo. Mas não prefiro outro, não vale a pena o risco. Brasil, está tentando crescer e para tal ignorando seus defeitos, mentindo para o exterior sobre a inculta gente que cresce à margem, a mesma inculta gente que mancha as folhas do jornal diário com sangue e dor e que é inacessível porque assim fizeste. Este não é o Brasil brasileiro! Brasil, passe a valorizar a tua cultura, não estou ressentido, estou puto, porque não escolhi nascer aqui, não tenho aptidão para mudar, e vou morrer desconhecido. Não que não tenha me esforçado, mas no Brasil, é tão difícil em meio ao turbilhão desatinado que nos atinge todo dia e aos dragões que temos que matar. Brasil, trânsito horrível! Brasil, procure ao menos ter direito a ser reconhecido pelo que és. Para que tanto cinismo!? Brasil, quando vamos ter uma École Normale Supérieure ou algo semelhante? Brasil, faça com que eu pare de beber e com que eu pare de me matar a cada dia aos bocados. Brasil, atente ao menos então para o que vos digo: cultura é a salvação!

Citações:
¹ Jim Morrison - in People are Strange
² Pink Floyd - in Welcome to the Machine.

PS.: aos meus leitores, perdoe-me o ruim texto fruto de sei lá que sentimento me atingiu em cheio esta madrugada no meio de uma tragada e outra. Senti-me estranho escrevendo este texto, confesso! Escrevi-o em apenas dez minutos. Não era eu, será um outro? Que eu seja perdoado!
Se alguém citar Ary Barroso no comentário...!

Igan Hoffman

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Poema "Concreta"

O céu está de um nublado bonito! Em volta do meu apartamento existem grandes morros verdes que tornar o ar mais puro, acendo um cigarro e contemplo na fumaça um pensamento. Depois de alguns minutos saboreando este momento ímpar, o contraste do cigarro com a natureza, entro a noite a escrever em meu livro e a beber wiskey. Fumo mais alguns cigarros, penso em todos os escritores que admiro e admirei e em como eram solitários escrevendo seus livros. Sei que a loucura tem estado perto, e que em algum momento vou passar para o outro lado. Tento me controlar, pensar para frente e seguir, apesar de tudo...
       Vou me dar ao luxo hoje de transcrever um poema que compus quando deveria ter uns dezoito anos, ele está escrito na contracapa do livro "Angústia" do Graciliano Ramos e o reencontrei quando estava procurando o livro "Caetès" do mesmo autor. Sou apaixonado por ambas as obras. No entanto isso não vem ao caso agora, melhor seguir com meu poema:

Concreta

Tuas palavras sempre existiram
Resistiram ao que me ocupou
Teus olhos,
Transcreviam meus pensamentos mais ocultos
Nem o tempo conseguiu me confundir
Com os seus enganos demais passionais
Sempre esteve aqui
Concreta

Existem os sentimento sque nos distanciam
E, existe a distância.
Acordei nessa manhã
Respirei fundo p'rá pensar em você.
Quando a gente não tem o que falar;
Quando não tenho o que dizer...
Já faz tempo!
Exatamente muito tempo.
Essencialmente precido de todo o tempo do mundo
P'rá te conquistar
Essencialmente, tua essência
Equidistante.

Copyright: by Igan Hoffam

No passado até gostava de compor poemas, hoje não sou muito dado a isso e já não importa as condições que me levaram a escrever este poema. Acho-o lindo e o sei decor, por isso transcrevi ele aqui. Espero que agrade...

Igan Hoffman


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Suicídio


Durkheim (1858 - 1917)

      
       Quem acompanha este blog e realmente me conhece de perto sabe que O Suicídio é um tema que me atrai. As razões de tal atração podem estarem relacionadas ao fato de eu mesmo já ter alimentado esta idéia várias vezes, por sorte, nunca chegando ao extremo de tentar por fim a minha vida por conta própria. A única forma de suicídio que eu cheguei a realizar é a falta de zelo para comigo mesmo no que tange o respeito ao sono e aos excessos, principalmente de anfetaminas. Já cheguei mesmo a tratar sobre este tema em um texto deste blog, e se resolvo retornar aqui a ele é porque certamente faltou dizer muitas coisas. Ainda estou lendo o livro O Suicídio de Durkheim, e tive a brilhante idéia de começar a trazer para cá os pontos que para mim são os mais interessantes e redigir alguns comentários a respeito. Pulo o prefácio do livro, não que não o tenha lido, mas quero começar minhas observações diretamente da Introdução seguindo do Livro Primeiro, Os Factores Extra-Sociais. Antes ainda gostaria de ressaltar algo que não vem ao caso aqui, mas tenho frequentemente visto vultos...
       A Introdução do livro parte I e parte II quase totalmente é dada ao trabalho de definir o que é Suicídio. O que aparentemente se demonstrava óbvio começa a aparecer como um problema muito complexo e refinado. É preciso em qualquer trabalho científico definir de antemão o seu objeto, e não deve-se é claro para isso se utilizar da definição corriqueira do vulgo. Por isso, Durkheim analisa as possíveis situações que poderiam ou não ser tida como suícidio, para se chegar a uma definição de suicídio, a qual trascrevo aqui Chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado.  
       Segundo uma vista rápida no livro, as pessoas no século XIX se suicidavam mais no verão, e também essa taxa era maior entre as pessoas com idade entre 50 e 70 anos, nos países da Europa que é de onde se retira os dados para  pesquisa. Creio que por meados deste século ainda não se tinha um sistema previdenciário que garantisse ao idoso condições de vida mesmo após estar impossibilitado para o trabalho. A expectativa de vida no século XIX era bem menor do que é hoje no século XXI, e isto se dá pelas guerras e pela falta de conhecimento sobre muitas patologias. O desespero entre os mais velhos poderia ser algo terrivelmente nefasto. Também em uma passada rápida de olhos pelo livro, alertou-me o fato de o movimento dos indíces de suicídio acontecerem em formas de onda, períodos de alta e períodos de baixa. Também sempre que eclode uma situação que mexe com as estruturas sociais, demora-se um pouco para se sentir todas as consequências dessas mudanças, algo em torno de três à quatro anos. Durkheim torna o suicídio, algo aparentemente individual, estudado pela psicologia, presente na psique de cada um, em um dado social, juntando e organizando os fatos, fazendo um rigoroso trabalho de epidemiologia, numa época em que o acesso a estas informações era limitado pelo atraso na comunicação. Indubitavelmente, é a obra  de um gênio, e merece ser estudada. Veremos se consiguirei me dedicar a tal empresa...

Igan Hoffman
      

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Recordações!

       Nasci em Imbituba, cidade do litoral de Santa Catarina e ali fiquei até os onze anos de idade. Sou o segundo filho de um casal com dois fihos. Minha irmã é cinco anos mais velha que eu. Minhas pequenas lembranças sobre minha infância remontam de quando eu tinha já quatro anos. Antes dos quatro anos não tenho qualquer lembrança, só se no subconsciente... Minhas lembranças com a idade de quatro anos são todas do pré-escolar. Lembro-me do cheiro do lanche, das tias, dos coleguinhas, de minha irmã um dia vindo correndo comigo do pré-escolar para casa devido o temporal horrível que estava se armando, olhei para trás o céu estava verde. Naquele dia deu uma chuva de pedra que devastou partes da cidade, eu fiquei embaixo da mesa com minha irmã, deveria ter sei lá, uns cinco anos por essa época. Morava a menos de uma quadra da escola em uma rua pouquíssima movimentada, éramos pobres, mas eu tinha alguns brinquedos. Meus pais eram fumantes inveterados, minha mãe ao que tudo consta fumou durante a minha gestação e a de minha irmã. Ela ficava em casa cuidando de nós e trabalhando em sua pequena malharia. Meu pai trabalhava em uma empresa como Soldador. Lembro-me também que tínhamos carro e viajavámos a cada dois ou três meses para a casa da minha avó, na época muito distante. Hoje descubro o quão estas distâncias eram perto e o quão aquelas viajens pareciam longes...Talvez minhas lembranças de quando ia para minha avó já são de uma idade mais a frente, talvez com sete ou oito anos, quando quebrei o braço ao cair do pinheiro em frente a sua casa para ver um ninho de anú. Fui levado em um homen que corrigia fraturas em casa, senti muita dor, mas parece que deu tudo certo pois quando fiz uma radiografia já depois de uma semana estava tudo no lugar. Ele fez o gesso com talas de bambú e clara de ovo, ruim porque não dava nem para escrever em cima. Por essa época eu já tinha um video-game Atari e jovava horas a fio, mesmo com apenas um braço. Acordava de madrugada escondido dos meus pais, e virava a noite jogando, depois o dia também, até que um dia tive um troço, simplesmente apaguei. Meu pai diz que eu dava pulos altos e me batia, como se estivesse tendo um ataque epilético. Não lembro de nada disso, lembro apenas de minha garganta trancando um pouco antes. Acordei no Hospital. Proibiram-me qualquer meio que pudesse gerar muitos estímulos, e nisto estava incluído televisão. Senti muito quando vi o video-game encaixotado. Foi muito triste! Fiz vários exames, eletroencefalograma, exames de sangue, tomografia, e deram tudo normal. O médico queria que eu tomasse Gardenal, minha mãe nunca aceitou me dar, talvez por isso eu tenha melhorado. Com doze anos aproximadamente tive uma nova crise, diferente da anterior, senti uma ansiedade terrível o que me fez atravessar a noite um milharal até a casa do meu visinho e pedir que me levasse ao médico. Meu pai não estava em casa nesse dia, ou estava sem carro não me lembro bem. Sei que sentia como se fosse explodir ou morrer. Minha consciência da morte é muito presente, já disse isso em outros textos, se não estou enganado.
       Tive um amigo que era meu vizinho, chamava-se Kedson. Era talvez um ano mais novo que eu, brincávamos todos os dias, o dia inteiro. Nossos brinquedos favoritos era meu Forte Apache e seus Comandos em Ação. Essa amizade durou até a minha idade de seis anos, quando ele se mudou para o centro da cidade e eu entrei na primeira série do ensino primário. Depois tive outro amigo, o Cláudio que também era meu vizinho. Brincávamos de futebol, e aproveitávamos por morar próximo do colégio para jogar na quadra da escola. Ele dizia que queria ser policial quando crescece. Encontrei com ele há bastante tempo atrás, estávamos crescidos e estranhos, ele havia se formado policial. O Kedson nunca mais vi, parece que se tornou modelo. Não conservo nenhuma amizade da minha infância, foram todos construir suas vidas. Somente recordações, tem momentos que penso se eles pensam em mim. Não sei, mas sempre achei que os outros me influenciavam mais do que eu a eles. Não tenho maldades, por essa época era ainda por cima muito ingênuo, e vejo tanto mal nas pessoas hoje em dia. Voltei a esse território de minha infância já adulto e me deparei com um espaço geográfico muito pequeno onde vivíamos, e que para mim era imenso. Também me assustei com o local, parecia um ponto de tráfico de drogas.
      Com nove anos ganhei minha primeira espingarda, de chumbinhos. Cheguei a ter outras duas depois. Desenvolvi uma mira prodigiosa, gastava meia caixa de chumbinho só para regular a mira de minha Júnior cano curto. Fazia muito esforço para engatilhá-la. Meu pai era caçador nas horas vagas e eu gostava de acompanhá-lo. A diferença é que ele caçava com arma de fogo e matava bichos maiores que passarinhos. Talvez venha daí meu apreço por armas. Acho as armas muito lindas, se pudesse teria uma coleção delas. Gosto muito de sentir uma arma em minhas mãos, de certa forma, dá uma sensação de poder. Uma vez já mais velho e com a idade de onze ou doze anos acertei um amigo com a espingarda de pressão, o chumbo passou pela lateral de seu corpo, rasgou a pele. Ele sentiu muita dor, fiquei apavorado, mas tudo acabou bem por sorte. Quanto aos bichos que meu querido pai matava, sempre assistia ele prepará-los. Também eu aprendi a caçar bichos utilizando não armas, mas cachorros e laços. Hoje não gosto de nenhum bicho de estimação. Para mim são só animais.
      Tenho outras lembranças, umas menos marcantes, outras mais, gostaria de ouvir a lembrança de outras pessoas e saber se em algum ponto se parecem com as minhas...

Igan Hoffman

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Equilíbrio e Contato

Durante certo tempo não tive mais domínio do meu tempo nem de minhas ações. A vida me atropelava, a rotina me dilacerava, meus pensamentos não ganhavam forma pois que não havia tempo para eles se transformarem. Era sim, meu período decadente! Depois de muito tentar resgatar o equilíbrio, posso dizer que hoje as coisas estão ganhando novamente sentido. É preciso que sejamos os autores de nossas vidas, e não que sejamos marionetes, dado apenas a seguir na corrente, aceitando todas as vicissitudes do destino, sem nunca tentar mudar nada. Viver passa a ser muito mais interessante quando assumimos o controle. Minha maior dificuldade atualmente é dominar meus impulsos, é dominar meus desejos íntimos de suícidio, de evasão e fuga, enfim, é dominar a mim mesmo. Para isso a escrita é uma terapia, que permite despejar no espaço em branco uma séria de palavras que dizem respeito a esse momento e a outras circunstâncias vivenciadas pelo meu "eu" interior. Também permite explorar nossa criatividade e capacidade, como fiz no texto que vai aqui embaixo, uma espécie de conto, um pouco fúnebre e um pouco sútil, na minha opinião. O mais impressionante de se escrever e publicar o que se escreve é a dimensão que o texto escrito alcança. Ele passa a ser alheio, a partir de publicado, deixa de nos pertencer, recebe críticas, comentários, variações de críticas e comentários, e outros o absorvem ou apenas leem como quem lê uma matéria fútil, ou ainda se interessam e acabam por trocar idéias com o escritor. Estou aberto a idéias via e-mail, twitter, ou qualquer outra ferramenta em que utilizo e de acordo com o interesse de cada um.
       Falando-se destes meios modernos de comunicação, o mundo moderno -- dizem que não é mais moderno, e sim mundo virtual --, é dado a muitas possibilidades de comunicação, e usufruir delas é muito bom, pela oportunidade de contato sem contato físico, sem contato realmente pessoal. Não enchergo como uma certa maioria enxerga esta situação, como algo prejudicial. Não admito que possa estar associado ao aumento da depressão e do isolamento. Comunico-me muito mais hoje do que quando a internet ainda não existia, e não posso dizer que a qualidade dessa comunicação seja inferior àquela dos tempos em que não existia internet. Apesar das facilidades do telefone hoje em dia,  os contatos via telefone acontece normalmente somente nas esferas  comercial, profissional e/ou pessoal. A comunicação virtual quebra certas barreiras que um tímido como eu tinha grandes dificuldades de superar, além de tornar a coisa mais dinâmica. Hoje é muito fácil você conversar com alguém que esteja, por exemplo, no Paquistão. Há um tempo atrás, somente por telefone ou correspondência, o que acabava o primeiro por sair muito oneroso e o segundo por sair muito demorado. E olha que eu era um adepto das correspondências, pois uma carta escrita pode ser um documento literário. Mas ninguém manda cartas para um desconhecido pois uma carta é deveras íntima, caso faça sabe que a atitude é no mínimo estranha. Lembro-me das surpresas de um Bertrand Russel ao receber uma carta de um leitor, criticando certa situação ou comentando alguma parte de um de seus livros. Lembro-me também de como um carta mexeu com Eric Hobsbawm, e levou a se interessar por publicar sua autobiografia associada a história do século XX, intitulada "Tempos Interessantes - uma vida no século XX", que por sinal recomendo e que não poderia ser diferente, vindo de um dos maiores historiadores do século XX. E as cartas trocadas entre escritores que podemos hoje em dia ter acesso reunidas e publicadas em formato de livros, e que são certamente grandes documentos literários. Este tipo de contato se perde a cada dia, dando lugar a mídia digital, ao e-mail, a comunicação digital. Será que futuramente não vamos receber nas prateleiras das livrarias livros como E-mails entre o escritor fulano de tal e ciclano? Perde-se a forma de fazer o contato, mas se mantém o contato, e talvez até mesmo com mais assiduidade do que antes.

Encontro Inusitado!

      Eram sete horas da manhã. Ele já não tinha mais o que fazer, passara a noite em claro, leu tudo o que podia, escreveu muito, bebeu muito café também, fumou um maço de cigarros, e ainda não obtivera o sossego que o permitisse dormir. Pegou o Diskman e saiu caprichosamente do apartamento ouvindo aquela sonata de Mendelsohn, sempre inspiradora. Andava nas ruas e as pessoas não estavam ali, não havia os autos e nem mesmo as crianças que começavam a procurar por suas escolas. Ele caminhava ermo em si mesmo, e experimentava uma sensação como nunca antes havia experimentado. Quem mais estaria aquela hora no mundo ouvindo Mendelssohn enquanto caminhava na rua? Sim, ele era diferente! Lembrou-se de uma vez que sairia da biblioteca universitária depois de pelo menos seis horas initenruptas estudando um livro de filosofia, em que um amigo tentou chamá-lo para conversar e as únicas coisas que ele disse foi "desculpe, cara, estou desde as 13h na biblioteca estudando, não ouvi nada do que você disse", o amigo um outro estudioso não tão assíduo como ele disse "vai lá, eu entendo como é...". Ele ria sozinho na rua lembrando desse episódio, um riso funesto, mas verdadeiro em sua dimensão histórica. E continuava caminhando como se ninguém mais existisse, como se fosse o único naquela rua, pelo menos era o único talvez a ouvir Mendelssohn naquele momento caminhando. Ele não pensava que estava caminhando, era um transeunte passando sem rumo. Não sentia qualquer vontade de retornar, não sentia qualquer medo de se afastar, talvez até mesmo de se afastar para sempre. Mas no íntimo sabia que não teria esse ímpeto, que seria limitado, que andaria por um tempo e de repente simplesmente por qualquer outro motivo voltaria. Uma ambulância passa com muita velocidade, minutos depois, passa também o rabecão. Um cachorro cruza a sua frente, ele parece nem ter notado, nunca gostou de animais de estimação. Segue em sua loucura, ouvindo Mendelssohn sem pensar em mais nada, sem pensar em política, sem pensar no dinheiro, sem pensar nas desgraças da vida, apenas recordando alguns momentos do passado, momentos que ele foi quem ele queria ser. Depois de atravessar mais três quarteirões a pé, chegou misteriosamente ao seu acidente, e então passou a entender porque um dia havia quase que por acaso lido O Livro dos Espíritos do Allan Kardec. Olhou em volta e começou a enchergar as coisas como espírito, ascendeu rápido já que não tinha apegos nessa terra. Foi para o lugar onde habitam os espíritos leves, ouvindo Mendelssohn e quase alcançando o estado de nirvana. Era, sobretudo, um espírito bom, apesar de todos os erros em vida, apesar de toda a dor que causou, apesar de toda a indolência para consigo, deixado o corpo sentiu como era de uma leveza budista! Primeira vez que foi tão longe...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pagando com a Loucura

      Ontem li pela "enésima" vez o poema do Augusto dos Anjos As Cismas do Destino e também Os Doentes, não sei por que há muito que me interesso por literatura relacionada a doença, neurose, transtornos mentais, etc. Talvez por isso este seja um tema presente no meu livro, livro inacabado que me pesa cada vez que nele penso e na minha indolência de continuar a produzí-lo. Por isso meu interesse pel'A Náusea, de Sartre; também vem daí as várias leituras que fiz de Angústia, do Graciliano Ramos. Prendo-me em assuntos decadentes e daí tiro a minha beleza e às vezes por aí é que me entendo também. Nessa linha, um pouco menos decadente temos também O Alienista de Machado de Assis; depois partindo para um prisma mais filosófico encontramos Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdã, e História da Loucura, de Foucault. Cito todos eles sem nada consultar, vivem em mim.
       Apesar de citar tais obras, posso dizer que de um certo modo não tenho mais tantos interesses, perdi até mesmo o medo do futuro que conservava durante tanto tempo, com tanto carinho. Meu pouco interesse acaba sendo minha obscessão e está em pouquíssimas coisas, como nesse blog, no meu livro, no meu "eu". Não busco fora o que tenho em abundância cá dentro. Tudo que vai em meu livro é somente o que posso tirar de mim, não copio, não imito, não tenho assemelhar-me a nenhuma outra obra. É somente o que quero dizer, o que arranquei de anos de reflexão, o que de mim posso extrair, o que colhi através de minha experiência no campo da literatura, filosofia, etc. Havia um tempo em que eu me interessava muito por ciência, chegando mesmo a ler toda publicação da Scientific American. A ciência demonstrou-se cada vez mais um jogo de interesses e também por ela consegui perder o interesse.
      Bebo, porque não posso passar sem a bebida. Praticamente toda noite quando chego em casa, tomo alguma coisa de alcoólico. Em alguns momentos extrapolo meus limites. No entanto, meu escopo não chega a ser de um bêbado. Também fumo, porque o cigarro ajuda a relaxar. Sem meus vícios, acho que já teria pirado. Hoje mesmo, sentia uma vontade imensa de surtar, de sair fora do trilho, de perder o controle, de viver fora da  sociedade, de estar à margem, de perder o tino. Uma vontade louca de insanidade! Acendi um cigarro e eis que como mágica, toda essa angústia vai aos poucos desaparecendo, e apenas fica uma certa vista enfumaçada. Sei que um dia eu acabo pirando mesmo, e vou viver minha loucura. Se não chegar a pirar completamente, mas alguma descarga eu vou ter, como uma crise nervosa. É o preço que paga quem quer sempre mais...

Igan Hoffman

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Apontamentos!


Sigo na lida!
Então, meu sentimento em relação à escrita é cada vez mais certo! Cada vez mais sinto a necessidade de manter esse blog atualizado. Caso passe algum dia sem escrever sinto uma culpa como se naquele dia eu não tivesse me dedicado o suficiente. Meu medo agora é de não ter talento para a escrita, de estar sendo enganado por mim mesmo e talvez pelos outros. Mas não quero me antecipar a nada, foco apenas o prazer que me dá escrever diariamente. "Nenhum dia sem linha", este é o lema.
Então, andei pensando muito em Hitler ultimamente. Quem foi Hitler? Um produto social? Um insano simplesmente? Por que até hoje este nome nos persegue?  Tenho certeza que Hitler compreendeu mal Nietzsche. O do bigodinho estava certo em seu desejo por uma raça superior, no entanto, o do bigodão cossaco já havia nos alertado contra os alemães, ele dizia serem a pior espécie de pessoas da face da Terra. Li essa adventência de Nietzsche de uma maneira muito clara no Ecce Homo. Mesmo assim, é fácil nutrir um interesse pelas excentricidades do Führer. Ariano puro, gostos requintados, inteligência estrategista, líder, déspota, etc são tantos defeitos e qualidades...
Então, a noite urge! Ouço Raul Seixas que há tempos já não ouvia, ouço a música "Quando Você Crescer". Vale a experiência! Bebo conhaque e fumo meu cigarro de consciência tranquila. Tenho feito tudo o que eu possa fazer para me melhorar. Quero ainda deixar aqui meus agradecimentos ao produtivo e rico mês de janeiro. Fevereiro já começa diferente, com algumas mudanças bruscas e radicais. Mudanças importantes que vão determinar ainda mais o estilo e o caminho daqui para frente. Meu livro sairá esse ano, tenho certeza. Espero que as pessoas que acompanham este blog estejam cada vez mais envolvidas comigo e com meus pensamentos, estimo-as apesar de não conhecer a maioria direito, e estou aberto a estabelecer relações intelectuais. Deixo meu abraço... Sigo na Lida!
Termino esse texto ouvindo As Minas do Rei Salomão do Rauzito.

Igan Hoffman

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Hitler x dias terríveis

Não sei se alguém chegou a visitar este blog nos últimos dias atrás de novas postagens. Tive dias bem terríveis, o que me levaram a perder o foco. Retorno aqui, ainda na terça-feira, para dizer que terminei a  leitura do Ecce Homo e também que se meus dias foram terríveis, obtenho consolo pensando nas horas que o Führer passou no subsolo do seu bunker dias antes de se matar junto com sua recém esposa Eva Braum, ou melhor, Eva Hitler.
Nada mais tenho a dizer hoje, retorno em breve como antes.
Igan Hoffman