domingo, 6 de fevereiro de 2011

Recordações!

       Nasci em Imbituba, cidade do litoral de Santa Catarina e ali fiquei até os onze anos de idade. Sou o segundo filho de um casal com dois fihos. Minha irmã é cinco anos mais velha que eu. Minhas pequenas lembranças sobre minha infância remontam de quando eu tinha já quatro anos. Antes dos quatro anos não tenho qualquer lembrança, só se no subconsciente... Minhas lembranças com a idade de quatro anos são todas do pré-escolar. Lembro-me do cheiro do lanche, das tias, dos coleguinhas, de minha irmã um dia vindo correndo comigo do pré-escolar para casa devido o temporal horrível que estava se armando, olhei para trás o céu estava verde. Naquele dia deu uma chuva de pedra que devastou partes da cidade, eu fiquei embaixo da mesa com minha irmã, deveria ter sei lá, uns cinco anos por essa época. Morava a menos de uma quadra da escola em uma rua pouquíssima movimentada, éramos pobres, mas eu tinha alguns brinquedos. Meus pais eram fumantes inveterados, minha mãe ao que tudo consta fumou durante a minha gestação e a de minha irmã. Ela ficava em casa cuidando de nós e trabalhando em sua pequena malharia. Meu pai trabalhava em uma empresa como Soldador. Lembro-me também que tínhamos carro e viajavámos a cada dois ou três meses para a casa da minha avó, na época muito distante. Hoje descubro o quão estas distâncias eram perto e o quão aquelas viajens pareciam longes...Talvez minhas lembranças de quando ia para minha avó já são de uma idade mais a frente, talvez com sete ou oito anos, quando quebrei o braço ao cair do pinheiro em frente a sua casa para ver um ninho de anú. Fui levado em um homen que corrigia fraturas em casa, senti muita dor, mas parece que deu tudo certo pois quando fiz uma radiografia já depois de uma semana estava tudo no lugar. Ele fez o gesso com talas de bambú e clara de ovo, ruim porque não dava nem para escrever em cima. Por essa época eu já tinha um video-game Atari e jovava horas a fio, mesmo com apenas um braço. Acordava de madrugada escondido dos meus pais, e virava a noite jogando, depois o dia também, até que um dia tive um troço, simplesmente apaguei. Meu pai diz que eu dava pulos altos e me batia, como se estivesse tendo um ataque epilético. Não lembro de nada disso, lembro apenas de minha garganta trancando um pouco antes. Acordei no Hospital. Proibiram-me qualquer meio que pudesse gerar muitos estímulos, e nisto estava incluído televisão. Senti muito quando vi o video-game encaixotado. Foi muito triste! Fiz vários exames, eletroencefalograma, exames de sangue, tomografia, e deram tudo normal. O médico queria que eu tomasse Gardenal, minha mãe nunca aceitou me dar, talvez por isso eu tenha melhorado. Com doze anos aproximadamente tive uma nova crise, diferente da anterior, senti uma ansiedade terrível o que me fez atravessar a noite um milharal até a casa do meu visinho e pedir que me levasse ao médico. Meu pai não estava em casa nesse dia, ou estava sem carro não me lembro bem. Sei que sentia como se fosse explodir ou morrer. Minha consciência da morte é muito presente, já disse isso em outros textos, se não estou enganado.
       Tive um amigo que era meu vizinho, chamava-se Kedson. Era talvez um ano mais novo que eu, brincávamos todos os dias, o dia inteiro. Nossos brinquedos favoritos era meu Forte Apache e seus Comandos em Ação. Essa amizade durou até a minha idade de seis anos, quando ele se mudou para o centro da cidade e eu entrei na primeira série do ensino primário. Depois tive outro amigo, o Cláudio que também era meu vizinho. Brincávamos de futebol, e aproveitávamos por morar próximo do colégio para jogar na quadra da escola. Ele dizia que queria ser policial quando crescece. Encontrei com ele há bastante tempo atrás, estávamos crescidos e estranhos, ele havia se formado policial. O Kedson nunca mais vi, parece que se tornou modelo. Não conservo nenhuma amizade da minha infância, foram todos construir suas vidas. Somente recordações, tem momentos que penso se eles pensam em mim. Não sei, mas sempre achei que os outros me influenciavam mais do que eu a eles. Não tenho maldades, por essa época era ainda por cima muito ingênuo, e vejo tanto mal nas pessoas hoje em dia. Voltei a esse território de minha infância já adulto e me deparei com um espaço geográfico muito pequeno onde vivíamos, e que para mim era imenso. Também me assustei com o local, parecia um ponto de tráfico de drogas.
      Com nove anos ganhei minha primeira espingarda, de chumbinhos. Cheguei a ter outras duas depois. Desenvolvi uma mira prodigiosa, gastava meia caixa de chumbinho só para regular a mira de minha Júnior cano curto. Fazia muito esforço para engatilhá-la. Meu pai era caçador nas horas vagas e eu gostava de acompanhá-lo. A diferença é que ele caçava com arma de fogo e matava bichos maiores que passarinhos. Talvez venha daí meu apreço por armas. Acho as armas muito lindas, se pudesse teria uma coleção delas. Gosto muito de sentir uma arma em minhas mãos, de certa forma, dá uma sensação de poder. Uma vez já mais velho e com a idade de onze ou doze anos acertei um amigo com a espingarda de pressão, o chumbo passou pela lateral de seu corpo, rasgou a pele. Ele sentiu muita dor, fiquei apavorado, mas tudo acabou bem por sorte. Quanto aos bichos que meu querido pai matava, sempre assistia ele prepará-los. Também eu aprendi a caçar bichos utilizando não armas, mas cachorros e laços. Hoje não gosto de nenhum bicho de estimação. Para mim são só animais.
      Tenho outras lembranças, umas menos marcantes, outras mais, gostaria de ouvir a lembrança de outras pessoas e saber se em algum ponto se parecem com as minhas...

Igan Hoffman

3 comentários:

  1. Continuamos nossa viagem para dentro de nós mesmos... As minhas lembranças são como as suas, lembro de bobagens, de acontecimentos bons e ruins.
    Acredito que "essa viagem" é importante para o autoconhecimento, nos devolve a nós mesmos.
    Beijos!

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  2. Lembrar do passado é sempre importante. Crescemos com nossos erros e ficamos felizes por termos acertado.
    Aquele abraço!
    www.segundadose.com

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  3. Você me fez lembrar de tantas coisas já esquecidas...
    por ex: de quando eu brigava com os meninos para jogar bola,dos acampamentos que o meu pai inventava , quando eu dei o meu primeiro beijo,dos meus desmaios fingidos ..só para conseguir algo...Isso me fez tão bem !!!
    BJos!Justine

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