quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pagando com a Loucura

      Ontem li pela "enésima" vez o poema do Augusto dos Anjos As Cismas do Destino e também Os Doentes, não sei por que há muito que me interesso por literatura relacionada a doença, neurose, transtornos mentais, etc. Talvez por isso este seja um tema presente no meu livro, livro inacabado que me pesa cada vez que nele penso e na minha indolência de continuar a produzí-lo. Por isso meu interesse pel'A Náusea, de Sartre; também vem daí as várias leituras que fiz de Angústia, do Graciliano Ramos. Prendo-me em assuntos decadentes e daí tiro a minha beleza e às vezes por aí é que me entendo também. Nessa linha, um pouco menos decadente temos também O Alienista de Machado de Assis; depois partindo para um prisma mais filosófico encontramos Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdã, e História da Loucura, de Foucault. Cito todos eles sem nada consultar, vivem em mim.
       Apesar de citar tais obras, posso dizer que de um certo modo não tenho mais tantos interesses, perdi até mesmo o medo do futuro que conservava durante tanto tempo, com tanto carinho. Meu pouco interesse acaba sendo minha obscessão e está em pouquíssimas coisas, como nesse blog, no meu livro, no meu "eu". Não busco fora o que tenho em abundância cá dentro. Tudo que vai em meu livro é somente o que posso tirar de mim, não copio, não imito, não tenho assemelhar-me a nenhuma outra obra. É somente o que quero dizer, o que arranquei de anos de reflexão, o que de mim posso extrair, o que colhi através de minha experiência no campo da literatura, filosofia, etc. Havia um tempo em que eu me interessava muito por ciência, chegando mesmo a ler toda publicação da Scientific American. A ciência demonstrou-se cada vez mais um jogo de interesses e também por ela consegui perder o interesse.
      Bebo, porque não posso passar sem a bebida. Praticamente toda noite quando chego em casa, tomo alguma coisa de alcoólico. Em alguns momentos extrapolo meus limites. No entanto, meu escopo não chega a ser de um bêbado. Também fumo, porque o cigarro ajuda a relaxar. Sem meus vícios, acho que já teria pirado. Hoje mesmo, sentia uma vontade imensa de surtar, de sair fora do trilho, de perder o controle, de viver fora da  sociedade, de estar à margem, de perder o tino. Uma vontade louca de insanidade! Acendi um cigarro e eis que como mágica, toda essa angústia vai aos poucos desaparecendo, e apenas fica uma certa vista enfumaçada. Sei que um dia eu acabo pirando mesmo, e vou viver minha loucura. Se não chegar a pirar completamente, mas alguma descarga eu vou ter, como uma crise nervosa. É o preço que paga quem quer sempre mais...

Igan Hoffman

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