terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Suicídio


Durkheim (1858 - 1917)

      
       Quem acompanha este blog e realmente me conhece de perto sabe que O Suicídio é um tema que me atrai. As razões de tal atração podem estarem relacionadas ao fato de eu mesmo já ter alimentado esta idéia várias vezes, por sorte, nunca chegando ao extremo de tentar por fim a minha vida por conta própria. A única forma de suicídio que eu cheguei a realizar é a falta de zelo para comigo mesmo no que tange o respeito ao sono e aos excessos, principalmente de anfetaminas. Já cheguei mesmo a tratar sobre este tema em um texto deste blog, e se resolvo retornar aqui a ele é porque certamente faltou dizer muitas coisas. Ainda estou lendo o livro O Suicídio de Durkheim, e tive a brilhante idéia de começar a trazer para cá os pontos que para mim são os mais interessantes e redigir alguns comentários a respeito. Pulo o prefácio do livro, não que não o tenha lido, mas quero começar minhas observações diretamente da Introdução seguindo do Livro Primeiro, Os Factores Extra-Sociais. Antes ainda gostaria de ressaltar algo que não vem ao caso aqui, mas tenho frequentemente visto vultos...
       A Introdução do livro parte I e parte II quase totalmente é dada ao trabalho de definir o que é Suicídio. O que aparentemente se demonstrava óbvio começa a aparecer como um problema muito complexo e refinado. É preciso em qualquer trabalho científico definir de antemão o seu objeto, e não deve-se é claro para isso se utilizar da definição corriqueira do vulgo. Por isso, Durkheim analisa as possíveis situações que poderiam ou não ser tida como suícidio, para se chegar a uma definição de suicídio, a qual trascrevo aqui Chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado.  
       Segundo uma vista rápida no livro, as pessoas no século XIX se suicidavam mais no verão, e também essa taxa era maior entre as pessoas com idade entre 50 e 70 anos, nos países da Europa que é de onde se retira os dados para  pesquisa. Creio que por meados deste século ainda não se tinha um sistema previdenciário que garantisse ao idoso condições de vida mesmo após estar impossibilitado para o trabalho. A expectativa de vida no século XIX era bem menor do que é hoje no século XXI, e isto se dá pelas guerras e pela falta de conhecimento sobre muitas patologias. O desespero entre os mais velhos poderia ser algo terrivelmente nefasto. Também em uma passada rápida de olhos pelo livro, alertou-me o fato de o movimento dos indíces de suicídio acontecerem em formas de onda, períodos de alta e períodos de baixa. Também sempre que eclode uma situação que mexe com as estruturas sociais, demora-se um pouco para se sentir todas as consequências dessas mudanças, algo em torno de três à quatro anos. Durkheim torna o suicídio, algo aparentemente individual, estudado pela psicologia, presente na psique de cada um, em um dado social, juntando e organizando os fatos, fazendo um rigoroso trabalho de epidemiologia, numa época em que o acesso a estas informações era limitado pelo atraso na comunicação. Indubitavelmente, é a obra  de um gênio, e merece ser estudada. Veremos se consiguirei me dedicar a tal empresa...

Igan Hoffman
      

2 comentários:

  1. Interessantes as considerações feitas por você acerca do livro de Durkheim...continue a nos presentear, estarei atenta.
    Beijos!

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  2. Igan Hoffman também é cultura!
    Muito bom o texto, meu caro!
    Aquele abraço!
    www.segundadose.com

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