sábado, 5 de fevereiro de 2011

Equilíbrio e Contato

Durante certo tempo não tive mais domínio do meu tempo nem de minhas ações. A vida me atropelava, a rotina me dilacerava, meus pensamentos não ganhavam forma pois que não havia tempo para eles se transformarem. Era sim, meu período decadente! Depois de muito tentar resgatar o equilíbrio, posso dizer que hoje as coisas estão ganhando novamente sentido. É preciso que sejamos os autores de nossas vidas, e não que sejamos marionetes, dado apenas a seguir na corrente, aceitando todas as vicissitudes do destino, sem nunca tentar mudar nada. Viver passa a ser muito mais interessante quando assumimos o controle. Minha maior dificuldade atualmente é dominar meus impulsos, é dominar meus desejos íntimos de suícidio, de evasão e fuga, enfim, é dominar a mim mesmo. Para isso a escrita é uma terapia, que permite despejar no espaço em branco uma séria de palavras que dizem respeito a esse momento e a outras circunstâncias vivenciadas pelo meu "eu" interior. Também permite explorar nossa criatividade e capacidade, como fiz no texto que vai aqui embaixo, uma espécie de conto, um pouco fúnebre e um pouco sútil, na minha opinião. O mais impressionante de se escrever e publicar o que se escreve é a dimensão que o texto escrito alcança. Ele passa a ser alheio, a partir de publicado, deixa de nos pertencer, recebe críticas, comentários, variações de críticas e comentários, e outros o absorvem ou apenas leem como quem lê uma matéria fútil, ou ainda se interessam e acabam por trocar idéias com o escritor. Estou aberto a idéias via e-mail, twitter, ou qualquer outra ferramenta em que utilizo e de acordo com o interesse de cada um.
       Falando-se destes meios modernos de comunicação, o mundo moderno -- dizem que não é mais moderno, e sim mundo virtual --, é dado a muitas possibilidades de comunicação, e usufruir delas é muito bom, pela oportunidade de contato sem contato físico, sem contato realmente pessoal. Não enchergo como uma certa maioria enxerga esta situação, como algo prejudicial. Não admito que possa estar associado ao aumento da depressão e do isolamento. Comunico-me muito mais hoje do que quando a internet ainda não existia, e não posso dizer que a qualidade dessa comunicação seja inferior àquela dos tempos em que não existia internet. Apesar das facilidades do telefone hoje em dia,  os contatos via telefone acontece normalmente somente nas esferas  comercial, profissional e/ou pessoal. A comunicação virtual quebra certas barreiras que um tímido como eu tinha grandes dificuldades de superar, além de tornar a coisa mais dinâmica. Hoje é muito fácil você conversar com alguém que esteja, por exemplo, no Paquistão. Há um tempo atrás, somente por telefone ou correspondência, o que acabava o primeiro por sair muito oneroso e o segundo por sair muito demorado. E olha que eu era um adepto das correspondências, pois uma carta escrita pode ser um documento literário. Mas ninguém manda cartas para um desconhecido pois uma carta é deveras íntima, caso faça sabe que a atitude é no mínimo estranha. Lembro-me das surpresas de um Bertrand Russel ao receber uma carta de um leitor, criticando certa situação ou comentando alguma parte de um de seus livros. Lembro-me também de como um carta mexeu com Eric Hobsbawm, e levou a se interessar por publicar sua autobiografia associada a história do século XX, intitulada "Tempos Interessantes - uma vida no século XX", que por sinal recomendo e que não poderia ser diferente, vindo de um dos maiores historiadores do século XX. E as cartas trocadas entre escritores que podemos hoje em dia ter acesso reunidas e publicadas em formato de livros, e que são certamente grandes documentos literários. Este tipo de contato se perde a cada dia, dando lugar a mídia digital, ao e-mail, a comunicação digital. Será que futuramente não vamos receber nas prateleiras das livrarias livros como E-mails entre o escritor fulano de tal e ciclano? Perde-se a forma de fazer o contato, mas se mantém o contato, e talvez até mesmo com mais assiduidade do que antes.

4 comentários:

  1. Gosto bastante de toda essa modernidade... Facilita a aproximação com o conteúdo.
    Em resumo, temos mais na nossa própria casa.
    Muito bom o texto!
    Aquele abraço!
    www.segundadose.com

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  2. esse lance de controlar desejos é de um dualismo cansativo, não acha?

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  3. Você está certo ..sempre te falei isso ...Belo texto !!Justine

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  4. Sinto-me assim...trabalhando no que não gosto e deixando de lado coisas que me completam. Preciso tornar-me autora da minha vida.
    Obrigada por me fazer refletir e tocar as feridas do meu coração.
    Beijos!

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