sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Por que escrevo?

       Escrevo porque não me sinto bem comigo mesmo e com o mundo! Acredito que se tudo estivesse em ordem, cessaria todo desejo de trazer para o papel (nesse caso o blog) minhas percepções da vida e das coisas. Escrevo também porque nada sei fazer de melhor e também porque nada tenho para fazer de melhor, ao menos no momento em que estou escrevendo. O meu problema é querer falar quase sempre de mim, de minhas sensações, como um solilóquio eterno. Queria poder escrever em qualquer situação sobre qualquer condição. Meu desejo é um dia poder me salvar pelas palavras assim como Jean-Paul Sartre.
       Também já li muito. Havia um tempo muito feliz em que eu sentava em uma poltrona que tinha no quarto e passava horas a fio imerso em leitura. Li todas as obras do Machado de Assis. Depois, quando já namorava, voltava da casa da namorada de madrugada -- isso com dezesseis anos, eu namorava uma moça de 25 -- voltava de madrugada após dar uma passada em outro amigo e lhe bater na janela para que acordasse e trocasse alguns minutos de conversa, às vezes horas, e procurava a iluminação dos postes na estrada para ler enquanto caminhava rumo a minha casa que era no interior, no meio do mato. Eu caminhava cerca de quarenta minutos. Lia muito! Decifrei Raul Pompéia em seu "O Ateneu" (Crônica de Saudades) antes dos meus amigos sequer saber de sua existência. Li muito Graciliano Ramos; tenho um carinho eterno pelos seus livros, "Angústia" e "Caetés", tenho alguns exemplares desses em casa. Na poesia mergulhei em Drummond, Bandeira, Augusto dos Anjos e principalmente Fernando Pessoa, desse li inclusive o "Livro do Desassossego", e posso dizer que fiquei desassossegado. Depois parti para o autores estrangeiros, Li Stendhal, Dostoièvski, Herman Hesse, Aldous Huxley, Flaubert, André Gide e caí pouco a pouco na filosofia. Na filosofia estudei especialmente Sartre (tanto seus livros de filosofia quanto seus romances, teatros, autobiografia, etc.), mas também estudei Heidegger, Husserl, Jaspers, Kierkegaard, Marx (inevitável), Hume, Hegel, Kant, Descartes, Nietzsche, Schopenhauer, Bertrand Russel, Eric Voegelin, Richard Rorty e Wittgenstein. Na poesia estrangeira li Baudelaire com quem muito me indentifiquei em seu "As Flores do mal" e li também Allan Poe, esse último de uma criatividade espetacular, até hoje me aterrorizo com seus diagramas. Também li muitas biografias, muitíssimas mesmo!
       Com tudo isso supracitado, fora minhas leituras técnicas e o exercício de minha profissão que desde 2001 eu exerço, isto é, na idade de 18 anos, e mais a vida paralela a isso, vida á família, amigos (poucos) e colegas, moldei o que eu sou hoje. É difícil carregar tudo isso, você acaba por não usar nem um terço, num mundo tão preso ao tecnicismo, tão pragmático, tão utilitarista. Mas fica cá dentro guardado, e tem horas que posso dizer: um poema ou uma livro acaba por me salvar! Tenho manias de recomeço, e sempre que quero recomeçar, pego um livro novo e começo a lê-lo com uma atenção apaixonada, que dura um dia, ou alguns dias. Ou começo um novo projeto, geralmente um livro novo. Por isso sou confuso, por isso escrevo e por isso tenho tanto receio do que escrevo, por saber que tanto já se escreveu, por saber que tanto melhor foram os outros que escreveram, por saber que nunca se chegará aos pés de um Kant, ou de um Machado de Assis. Sou aterrorizado por todos que li e ao mesmo tempo eles me servem de inspiração. Mas enquanto não sou paralizado, manterei a caneta em movimento sobre o papel, para o registro, para o desabafo, para o consolo e  para o desperdício, e por que não?
PS.: É bem possível que tenha esquecido de mencionar muitos autores e filósofos, deixa...
Igan Hoffman

2 comentários:

  1. Também gosto muito de escrever. Traz-me uma sensação sem igual.
    Funciona como uma autoterapia...
    Gosto muito de ler, também. Mas escrever é, sem dúvida, muito mais gratificante e pessoal.
    T++
    Abraço!

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  2. Neste mundo quem pode ter certeza do que realmente é.
    Quem pode afirmar o que realmente procura, procurar dentro de si o desconhecido e quase impossível.
    O seu eu será encontrado em momentos de angustia, onde suas lagrimas caíram fazendo um rio em seus pés.
    Se encontrar em momentos de alegrias onde seu sorriso pode ser tão largo que trará dor a sua face calejada.
    Nos seres humanos nunca estaremos satisfeitos, porque somos feitos para buscar e buscar.
    Não compare os autores de antigamente com o que somos hoje em dia, não pode dizer que supostamente não esta a altura.
    Os de ontem procuravam cura, não tinha tecnologia, o amor proibido, guerras, cavalos para se locomover, já parou para pensar quantas horas vagas eles tinham para pensar e pensar.
    Hoje em dia nosso raciocínio tem que ser rápido e racional.
    Por favor somos melhores do que os de ontem e os de amanha serão melhores que nos.
    Esqueça o passado que já virou pó, procure o desconhecido que você tanta procura.
    Talvez encontrar o pior de sua alma, como pode encontrar o melhor de você.
    Não veja a morte como algo que chegara para todos, mas sim dando a ela os segundos tão importantes e necessários para se viver, como a falta de shampoo.
    Do outro lado você sentira falta, se esta de frente ao mar.
    Olhe para os olhos inocentes de sua filha, e imagine um mundo melhor para ela, preste atenção em seu sorriso, porque amanha ela pode estar vindo apenas para lhe dar um beijo e sair sem direção.
    As luzes da noite, a angustia do coração.
    Por favor se enxergue seus passos são largos façam eles serem firmes, na sua mão esta a esperança, a vida ou a morte.
    Mas você não é um deus, mas sim uma ferramenta que ele usa na terra para tentar ajudar as pessoas.

    Um abraço, prazer em te conhecer.
    évelyn
    evelyndoale@yahoo.com.br

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