sábado, 29 de janeiro de 2011

Minha Religião

       Nunca mais tolhido! Acordo para um novo dia! Se este espírito que me abarca seguir comigo terei a glória. Se escrevo aqui minhas sensações mais profundas ainda sim encontrariam chão. Renasço outra vez, mas agora diferente. Cada fibra nervosa minha pulsa a vontade de ser eu mesmo, a vontade de ser quem eu sou e continuar a cada dia afirmando mais e mais isso. Alguns ajustes ainda hei de fazer, não sei se bonançosos ou malévolos. Como quem afina uma arpa, e estará sempre afinando, e estará sempre buscando a mais perfeita afinação sigo. Não tenho medo de nada, doou o meu corpo e a minha alma para servirem de combustível à essa chama. Que queime até o dia que eu subumbir à terra. Queima como o fumo deste cigarro!
       Recorro apenas a mim mesmo, nesse momento. Todos os meus amigos estão imersos em leituras e escrevendo para seus blogs. Estimo-os, são as pessoas que conheço, estão para mim como estou para eles, como pessoa que eles conhecem e estimam. Mas cada qual está preso em si mesmo, na sua consciência. Cada qual diariamente se depara consigo, é consigo que conversa todos os dias, é consigo que julga e que decide. Eu também, no fundo, só tenho a mim mesmo, no meu mais íntimo e isto é tão saudável e tão prazeroso. Por este tipo de sensação não tenho angústia, tenho prazer. Este narcisismo do meu "eu", não do meu corpo ou qualquer outra coisa relacionada a aparência, mas do meu "eu interior". Se alguém pudesse acessá-lo fora esse blog, se alguém pudesse realmente habitar nele ia encontrar o céu e o inferno tudo junto em um mesmo lugar! Encontraria também um desejo ardente de se afirmar, de construir, de engrandecer, de salvar a humanidade do mal que está por vir: o desleixo para com as coisas do espírito e a morte de todos os filósofos. Não podereis dar a luz que mostraria o caminho, pois que, o caminho é para nós impossível. O acesso é uma chave irrevelada, resta à nós vivermos da melhor forma sem nunca saber qual a melhor forma. O meu caminho é o da devoção. Tenho toda um religião dentro de mim, que construí com base nas minhas desventuras pelo meu espírito e sua experiência com o mundo. Minha religião tem princípios tão sólidos quanto diamante. Tem razões tão profundas quanto as águas do mar alto. Não preciso mais ter medo, o que eu tenho que fazer eu já estou fazendo. O único que identificou este sentimento com uma religião e apresentou um outro lado da fé -- o verdadiro sentido -- antes de mim fora um dinamarquês chamado Kiekegaard. A ele e a Sartre devo minha salvação. Cabe a cada um de nós encontrar a religião que lhe apraz, através dos meios que lhe convém...


Igan Hoffman

3 comentários:

  1. Quanta intensidade ..me sinto feliz depois de ter lido isso !!!
    Há algum tempo tenho te lido ...
    e tenho percebido que você consegue chegar aos extremos com as suas palavras ....
    Ontem resolvi procurar um livro ....enquanto pensava sobre o pessimismo ...e finalmente encontrei ,o livro possui nove contos inacabados ,se chama Paraísos Artificiais ,o escritor é Paulo Henriques Britto..vocês dois tem o mesmo modo de escrever... e quando li o único livro dele senti a mesma coisa ,de quando eu leio seus textos ...
    Bjos!!!Justine
    Ps : Adorei o post

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  2. Excelente texto!
    Muito intenso e bem escrito.
    Continue nessa linha de pensamento e irás longe!
    Aquele abraço!
    http://www.segundadose.com

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  3. Muito, muito bom o texto! Há quem chame isso de egoísmo e há quem ainda vá pensar que essa sua tese derruba a de que somos animais sociais, o que não é verdade. Independentemente de nossa natureza social, temos um ambiente subjetivo e privado acessível ou inacessível. Gostei muito do seu texto. É uma volta para si e talvez aí resida a salvação. Não se pode ter medo de fazer essa aventura ou exercício.

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