sábado, 8 de janeiro de 2011

Crise Existencial pós-A Estrada

       O fim da Terra parece algo cada vez mais evidente. Acabei de assistir ao filme A Estrada (The Road) dirigido por John Hillcoat, gênero drama e começo a captar a temática do momento: canibalismo e ir para o Sul. A questão de se em uma situação extrema devemos ou não matar um ser humano para servir de refeição, ou mesmo pegar um já morto para isso, já tomou partido em livros, filmes e até mesmo na vida real. Já a questão de ir para o Sul é meio que um sonho americano para fugir do inferno (desculpa: inverno) no Norte. Antes a temática destes filme e livros era religiosa, agora a preocupação é com os sobreviventes, como nos filmes O Livro de Eli (The Book of Eli) dirigido por Albert Hughes e Allen Hughes, gênero aventura, apesar desse ainda ter alguma coisa de religião e mesmo A Estrada. E se o fim da Terra resultar na morte de todos os seres humanos? Seria algo mais, ou menos assustador? Bem, tento captar o que há de mais filosófico e existencial nesses filmes, e ignorar eles terem encontrado uma lata de coca-cola ainda bebível e com gás em uma máquina de refrigerantes, e terem dito, "que gostosa" (in A Estrada). No filme A Estrada quando os protagonistas principais encontram uma espécie de esconderijo subterrâneo equipado com muitas latas em conserva, velas e livros, a sugestão é para pensarmos que algumas pessoas já estão se preparando para algo assim, um cataclisma, uma epidemia astronômica. Isso já começa a ser uma neurose hoje em dia. Outra situação que nos toma de assalto é que estes que preparam este esconderijo são encontrados mortos, pendurados em um rancho, por suicídio. Ou seja, mesmo que tenhamos comida e abrigo, é preciso além de tudo encontrarmos uma razão para viver. É o que fez com que os protagonistas do livro conseguissem durar tanto tempo em meio a um cenário de destruição e luta por comida. O mesmo acontece com o protagonista do filme O Livro de Eli, incorporado por Denzel Washington, que se apega na crença de que tem uma missão. É essa a mensagem atual. Começo a pensar que essa mensagem nos serve em demasia mesmo sem estarmos vivendo em um mundo pós-apocalíptico, porque em meio ao mundo atual já vivemos a situação desesperadora de não se encontrar motivos para viver, e isso talvez tenha contribuído para aumentar o número de suicídios e casos de depressão nos últimos tempos. Bem, alguém que ler isso aqui, deve agora  estar dizendo, "eu tenho um motivo para viver!". Mas pense que os motivos que encontramos para viver em sua maioria estão sobre estruturas cujos alicercer são fracos, e a qualquer momento eles podem desaparecer. Por exemplo, quando dissemos que os motivos para estarmos vivos são nossos filhos, se algo trágico acontece e nossos filhos morrem, acabamos por desejar a morte também. Reconheço que esse é um assusnto pesado e difícil. É difíicl mesmo num mundo como o nosso encontrar motivos outros para viver, que não o apego as pessoas que realmente amamos e em outros casos a crença inconsciente na religião. Já tentei a esmo encontrar a verdade, fiquei quase uma hora com um colega teóloco (desculpe: teólogo) conversando sobre isso e não consegui chegar a um denominador comum. Esse vazio que carrego por vezes me dilacera, mas é uma busca que já me fez mergulhar em muitas leituras, apesar de atualmente eu estar com bem menos esperança, começando a pensar que a vida é isto mesmo que aí está, e que não se exige qualquer sentido, apenas viver e morrer, morrer e pronto. Nesse sentido, o existencialismo é para mim muito afetivo, porque nele ainda há uma espécie de salvação. Penso que esta é minha geração, são os filmes que nós assistimos, as músicas que nós ouvimos, o sentido consiste em daqui a vinte anos eu estar obsoleto, e uma nova geração estará fazendo sentido para eles naquele momento com os filmes deles e as músicas deles. Uma espécie de niilismo. Se alguém tem uma resposta lógica, ou mesmo realmente satisfatória, que possa estar me passando, escreva aqui embaixo nos comentários. Vai estar ajudando muito...

Igan Hoffman

Um comentário:

  1. Todo dia o mundo acaba de forma individual, pra alguma pessoa. No entanto, as vezes me pego a pensar, o que prega o cristianismo, sobre a segunda volta de Cristo, de fato acontecerá.É certo que existe fantasias a respeito do fim do mundo, porém, esse assunto é intrigante e sendo sincera, não deixa de dar um friozinho na barriga.
    Você escreve muito bem!
    Josanne

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