domingo, 24 de abril de 2011

A Questão da Liberdade em Sartre

       Uma vez, um amigo me perguntou o que era a Liberdade. Falávamos sobre Marx, Lênin, Stálin e Trotsky, e eu fiquei meio que sem saber ao certo o que lhe dizer. Sim, eu tinha plena noção do que seria a Liberdade, pois à época já era um estudante aficcionado pelo existencialismo sartreano. Mas, naquela ocasição eu não sabia reunir em um único conceito a idéia de Liberdade em Sartre. Acabei enrolando qualquer coisa, passando por idiota, e acabando por perder todo o debate. Hoje, eu saberia já conceituar a Liberdade, em sua forma mais aceitável e compreensível para mim? Vejamos:
       Bem, a Liberdade seria o que encontramos entre a Existência e a Essencia. Fácil? Parece matemática, não? Vamos esmiuçalhar um pouco mais esse conceito que elaborei a partir das leituras de Sartre. Bem, o que é a Existência e a Essencia em Sartre? A Essência seria aquilo que podemos captar, dos objetos por exemplo, isto é, o que representam para nós. O que faz com que uma mesa seja um mesa, por exemplo, quais características denotam sua qualidade de mesa. Nas coisas é possível identificar primeiro a Essencia, par depois chegar a Existência, isto é, ao ser-em-si. Com o Ser Humano acontece o inverso, primeiro ele Existe, é lançado no mundo, a partir daí ele se projeta e vai construindo sua Essência. Então o Homem é o que ainda não é, é este vir a ser, este devir. Veja que Machado de Assis não seria o escritor que foi se só tivesse nele a intenção de escrever os livros que escreveu, se não se concretizasse essa intenção. Entre este lançar no mundo e este projeto, existe a possibilidade da escolha. Até mesmo não escolher já constitui uma escolha. Por isso Satre dizia que o homem estava condenado a ser livre. Ao homem é dado então a Liberdade de transformação desse projeto, de execução e construção de sua Essência. Esta capacidade é que Satre identifica como Liberdade.

Stephen Hawking
        Vejamos que é natural que as pessoas questionem: mas e a doença, os acidentes, as fatalidades, aquilo que não escolhemos, como por exemplo o local onde nascemos, nossos pais, etc, onde ficam nesse sistema? Bem, não se espera que um pensador como Sartre ignore isso, ele reconhecia a existência do acaso, e a isso dava o nome de Facticidade. Agora, o que muda é que mesmo sobre esta Facticidade podemos agir. A Facticidade existe, agora o que ela representa para mim, sou eu que escolho. Nesse caso, novamente o homem volta a sua Liberdade, aquela entre a Existência e a Essência. Por isso, por exemplo, um indivíduo como Stephen Hawking que deveria desistir de viver, acaba por ser o maior fícico de nossa época. Pois mesmo com uma doença degenerativa, ele consegue dar a volta por cima, em outras palavras, é o que ele fez com o que foi feito dele.
       Espero que tenha conseguido esclarecer algo com este ensaio sintético.

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