Não sou muito conhecedor de Michel Foucault. Ja li seu livro História da Loucura, estive com outros livros seus em mãos onde os li parcialmente, também li algumas biografias e notícias sobre o pensador francês. Hoje, lendo Microfísica do Poder, cheguei a percepção que - admito, pode estar equivocada - Foucault reconhece os poderes paralelos, alternativos, ao poder centralizador do Estado. Eu disse que reconhece, não disse que acredita. Já no seu outro livro Vigiar e Punir, ele escreve citando Rush que "Só posso esperar que não esteja longe o tempo em que as forças, o pelourinho, o patíbulo, o chicote, a roda, serão considerados, na história dos suplícios, como as marcas das bárbaries dos séculos e dos países e como as provas da fraca influência da razão e da religião sobre o espírito humano.". Tenho um professor que sempre diz o seguinte: para se entender um autor é preciso que tenhamos estudado também sua vida. Bem, Foucault pelo que li a seu respeito, sempre se comportou de forma intransigente em relação a tudo que soasse como soberano, como única fonte, como instituído. Poderia se chegar a dizer que ele é um agitador. Na citação acima extraída do livro V.P, ele levanta uma crítica a religião e a razão, instituições da sociedade, chamando-as de fracas por não atingirem as sociedades totalmente, permitindo deste modo, que barbaridades como os suplícios ocorressem. Confesso que não entendo o que ele pensa sobre a função da instituição religião e instituição razão na sociedade, pois cobra certa participação e influência que nem mesmo o Estado, com as leis impostas consegue abarcar. Também ele parte deste mesmo método para dizer que o Estado não alcança todas as formas sociais, dando margem a intervenção de outros poderes no controle social. Se o Estado não alcança todas as formas sociais, não quer dizer necessariamente que ele não sirva como modelo de organização da sociedade. Hoje em dia, é cada vez mais difícil imaginarmos uma sociedade sem Estado. O próprio conceito de sociedade, se formos investigar mais aprofundamente, vamos descobrir que está intimamente ligado a idéia mesmo de Estado. Mesmo que o Estado como um todo não abarque estas sociedades que vivem à margem, mesmo que a Religião não consiga controlar perfeitamente uma época, mesmo que a Razão não seja necessariamente a única forma com que descobrimos o mundo e o transformamos, são as estruturas que temos de melhor, podemos até pensar em outras, mas arriscar estas em nome de outras mais duvidosas, pelo exemplo histórico, não é algo muito recomendável.
Bem, posso até mesmo ter falado um monte de bobagens aqui, arrisquei-me um pouco. No entanto, também pode ser que o que eu disse faz realmente algum sentido...
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