terça-feira, 12 de março de 2013

Para quê Filosofia?

          Não é raro encontrar alguém que questiona o motivo do meu interesse pela Filosofia, como se de fato estivesse se dirigindo a mim com a pergunta: qual a utilidade da Filosofia em um mundo como o nosso? Não sei se é algo que possamos chamar de dom, aptidão, enfim, ou o que for, o fato é que até já tentei mas não consigo me desligar da Filosofia e dessa cisma de querer questionar a realidade. A Filosofia é o que me permite, por exemplo, perceber que a visão de quem me questiona buscando principalmente uma utilidade para a Filosoifa é porque não percebe a utilidade que ela realmente tem, com sua mente já contaminada demasiadamente pelo pragmatismo da convulsão do mundo moderno. Não estou me esquivando de responder qual a real utilidade da filosofia, apenas estou situando nossos questionadores em relação a sua forma de pensar.
         Então, a Filosofia, ou melhor, as filosofias, porque "a Filosofia" é uma "abstração hipostasiada" como bem disse Sartre em Questões de Método, é sempre esteve presente na História da Humanidade, cada época com sua Filosofia, tivemos o momento de Descartes com a Razão, de Locke com e Experiência, de Kant com as Luzes, e agora vivemos a filosofia de Marx, o materialismo dialético, enquanto necessitarmos produzir para subsistir dentro de um sistema capitalista. No link http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3stase temos uma idéia do que é hipóstase, a segunda parte do texto que cita Questões de Método foi elaborada por mim (uma vez um médico se gabou porque editava o Wikipédia, fiquei quieto na hora, rindo por dentro, porque provavelmente ele nem imaginava que eu também contribuía para a construção dessa extensa biblioteca que é hoje o Wikipédia, e com conteúdo filosófico ainda). A maioria das disciplinas que estão hoje no topo da evolução humana, guiando nossa caminhada por este mundo, tiveram seu início nas filosofias, como a Matemática, Política, Economia, Psicologia, Sociologia, etc. Só por isso já perceberíamos o quanto superficial e infundada pode ser o questionamento de quem acredita não haver a Filosofia papel a exercer nesse mundo. No pós-guerra em uma França humilhada pela rendição ao regime alemão na Segunda Grande Guerra, foi a filosofia, ou melhor, ideologia (porque o existencialismo colheu no marxismo também) de um homenzinho, Jean-Paul Sartre, que alimentou a moral do povo francês, impulsionando-os a criação de uma nova França.
          Mas se ainda assim os nossos questionadores pragmáticos não se derem por satisfeitos é necessário então que nós ainda melhoremos nossos esclarecimentos. Talvez justamente por termos cada vez mais abandonado o hábito de nos questionarmos sobre nossas vidas, nossa Ética e Moral, nossas crenças, nossa posição no Universo, nossos sistemas e instituições, por justamente não querer conhecê-las em seus pontos mais fundamentais, não querer desvendá-las ou revelá-las como fez Foucault com o Poder em Microfísica do Poder, é que acabamos por sermos apenas escravos do sistema, dos paradigmas vigentes, com o pensamento cada vez mais estanque, querendo ainda perceber apenas o lado prático do mundo, esquecendo até mesmo de quem somos. Já que a idéia é ser pragmático, então eu pergunto, de que adianta ter uma vida sem questionamentos? Ou melhor ainda, o que você ganha fingindo que o perigo não é real, como em Sheep do Pink Floyd https://www.youtube.com/watch?v=2ClY3-6Jk4Q ou as ovelhas do conto de George Orwell, A Revolução dos Bichos. Enfim, sem filosofia o Ser Humano fica igual uma barata envenenada...

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