sábado, 16 de março de 2013

Excertos do meu Livro


Perdemos o sentido da vida facilmente. Não é preciso muito não! Uma doença, um desafeto, uma decepção, somos muito fragilizados a estes tipos de emoção. O ser humano não foi feito para amar e sim para sofrer, e isto é até biblíco. Aprendi isso depois que comecei a ficar doente. Meus dias são tão negros! Eu sei que nem todo mundo sofre deste mal ou algo parecido. As pessoas ainda acreditam na felicidade, mas para mim, quando falo de felicidade, é como se estivesse falando de algo apenas imaginário, mas nunca atingível. É possível, acredito, que tenhamos momentos felizes. E talvez seja apenas isso que me resta porque essa vida é demasiado confusa! Há sempre aquele que pensa viver num conto de fadas onde tudo é belo e bom. E há aquele que vive a realidade dura e crua, sem qualquer emoção. E há o meio termo, a terça parte e o um terço. E há tudo isso num só ser. Eu já provei do gosto amargo da vida e já sou suficientemente adulto em relação a isso.

***

Então eu nasci para fazer o quê? Essa acaba por ser uma pergunta muito difícil, porque hoje podemos pensar que é uma coisa e amanhã vamos descobrir que é outra totalmente diferente. Eu gostaria de ser escritor, mas quando me deparei com a possibilidade de decidir meu futuro, pensei mais no conforto e na segurança. Como funcionário público certamente teria estabilidade no emprego. Então, acabei por fazer a escolha da opção mais cômoda. Estudei durante todo um ano para passar em um concurso público, e consegui passar entre os primeiros colocados o que já me garantiu a vaga. Depois vem o aprendizado da nova profissão, os novos colegas, a inturmação, as descobertas, e isso vai comendo anos e quando a gente se dá conta já fez a escolha que decidira sua vida, já está a meio passo dela se findar e acabou por fazer tudo errado. O medo, a insegurança, a falta de imaginação e confiança em si mesmo levaram-me a querer logo decidir minha vida, já nos primeiros anos da vida adulta. Casei-me com uma mulher que amava, e que mudou muito em cinco anos. Temos um filho em comum. Separei-me quando comecei a ter rompantes de melancolia e quando comecei a tentar resgatar todo o tempo perdido. Por essa época, eu me trancava na biblioteca e lia de forma exacerbada. Até mesmo no trabalho, se tinha alguma folga puxava um livro. Em casa a noite, de madrugada, estava sempre estudando. Estudei muita filosofia, comecei a escrever diários, e perdi a mulher. Não sei o que aconteceu primeiro nesse caso. Confesso que nisso tudo não há sequer arrependimento, ao menos fiz um esforço para recuperar aquele que eu queria ser. Montei uma biblioteca particular, mudei-me para este apartamento que me permitia ter um quarto só meu, onde montei um escritório. Comprei uma secretária antiga, que seria meu local de trabalho. Enquanto estivesse em casa eu iria trabalhar na produção literária e filosófica. Durante dois anos me favoreci de meus estudos, aplicando aqui e ali o que eles me ensinaram, de maneira tão precisa que não deixava margens para dúvidas sobre o sentido da vida. E de repente veio a surpresa, minha rotina se diluiu, meu mundo se desmoronou, mudara o ponto de onde obtinha meus pontos de vista, e agora estou aqui, vazio!

 

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