quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sobre nossa relação com a liberdade

Surpreendo-me ainda com as situações que se apresentam em minha vida! Quando penso já estar tudo sentido, resolvido, ultrapassado, eis que surge um momento novo, e vem reafirmar que estou vivo, que meus sentimentos estão agudos, que ainda tenho o que viver. Esse estremecimento de nossa rotina, de nossa solidez, acaba por trazer novamente a insegurança, o sentimento da ausência de porto seguro. É preferível estar se sentindo assim, a se sentir em segurança, quando na verdade estamos em falsa segurança. Entretanto, aprender a viver desta forma é que é complicado. Minha ansiedade, minha necessidade de resolutividade, de ser, como dizer "8" ou "80" acaba por deixar meu organismo abalado, meus nervos às vezes à flor da pele, e acaba por fazer com que eu rompa com o curso natural das coisas por um impulso de impaciência. Essa capacidade de meter os dedos em minha própria vida, não tem me trazido benefícios. Sempre que me intrometo é para acabar, destruir, ruir, quebrar, mexer, desvencilhar-me destes pesos, destas amarras... O que fazer então? A única resposta que satisfaça é controlar meus impulsos, mas o próprio controle destes impulsos exige um esforço que não é também sem sofrimento. Essa condição me desmonta inteiro, deixando-me pronto para viver a vida sem se ligar a nada nem a ninguém, mas também esse método é praticamente impossível, quando sabemos que, como dizia Aristóteles "o homem é um animal político". Dado as circunstâncias acima, viver não é fácil, ou nós complicamos...Mas se complicamos, não de forma intencional na maioria das vezes, nossa formação fisiológica, química, de criação, influenciam o nosso modo de ser. Não quer dizer ainda que não somos livres, quando, de certo modo, temos a escolha de se deixar ou não dominar por estes impulsos, de querer ou não suportar o sofrimento por eles gerados. Mas nossa condição é bastante limitante, porque primeiramente temos que ter consciência de que estamos sendo conduzidos por nossos impulsos, que podemos mudar nossa situação ou se deixar levar por ela. Essa consciência pode se dar ás vezes de forma gratuita, e em outras temos que procurar por ela.

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