sábado, 25 de junho de 2011

Autenticidade em Sartre

       Hoje, quase por acaso, acabei lendo sobre a autenticidade em Sartre e aprendendo um pouco mais sobre essa questão de, por exemplo, ser fiel a si mesmo. Não deve-se tentar transformar o entorno para propiciar as condições necessárias a realização do nosso projeto, ma sim, se integrar as condições e descobrir por meio delas e nelas os meios de realização da nossa vontade. Destarte, meu desejo ganha um novo sentido, e nesta nova ética, a vida já começa a ser possível novamente.
       Esta descoberta me atingiu de chofre, em meio a uma noite passada em claro, sem ânimo nem coragem para dormir. Quando o dia estava quase amanhecendo, recolhi-me a sacada com um dos livros de Sartre e meu diário. Quando menos esperava, na página com o marcador, que eu iria ler naquela hora, lá estava a resposta para minha aflição. Jamais em outro momento eu leria aquela página e teria alcançado o mesmo nível de interpretação como ali, naquele momento em que eu estava num grau de aflição bem similar ao do autor. Sartre, enquanto soldado do serviço de metereologia na Segunda Guerra Mundial, também estava sofrendo com o embate do seu desejo com as condições do momento. A Segunda Guerra veio afirmar mais uma vez que vivemos em um mundo de areia movediça, em que a segurança que muitas vezes sentimos, quando sentimos é ilusória.
       Lendo sobre sua vida e com base no que os biógrafos dizem a seu respeito, como Annie Cohen Solal, descubro que nosso projeto de escritor esteve sobre o risco de desviar o seu caminho muitas vezes. Por exemplo, antes da guerra, enquanto professor de Liceu, para manter o seu projeto, precisava se dedicar ao trabalho até mesmo 16 horas por dia. Durante a guerra não foi muito diferente, apesar das dúvidas que ela colocava, da insegurança, ele resolve mesmo assim pensar que a guerra a qual forçosamente fazia parte como soldado metereologista era uma farsa. Isto permitiu que ele continuasse dedicado ao seu projeto, escrevendo, lendo muito e se especializando cada vez mais. Este tipo de disciplina e determinação é o que pode ter feito toda a diferença. Como Sartre diria, "o importante não é o que fazem de nós, mas aquilo que fazemos do que fazem de nós".

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