Recentemente escrevi um Artigo de Opinião sobre a relação que o mundo com suas adversidades, no contexto atual representa na manutenção de nossas faculdades mentais em seu estado de, por assim dizer, sanidade. Nesse mesmo texto eu expressava a árdua luta que o doente de Depressão (Transtorno Depressivo Maior, no jargão psiquiátrico) enfrenta para tentar por equilíbrio em sua vida e ter assim uma avaliação do mundo e de si mesmo, a partir de uma visão saudável. Em nossa busca por respostas rápidas, acabamos por procurar a solução para esses transtornos psiquiátricos na terapia medicamentosa, sem sequer tentarmos as práticas naturais ou também conhecidas como práticas alternativas, para alcançarmos o estado de equilíbrio que nos permita retomar a condução de nossas vidas.
Como se fossemos um automóvel descendo uma ladeira desgovernado, talvez não seja suficiente simplesmente puxarmos o freio, mas sim saber o que fazer depois que frearmos para não piorarmos a situação e cairmos para bem longe da estrada, ou caso consigamos parar o automóvel ficarmos sem saber como ligar ele novamente para dar partida em nossas vidas. A Depressão é uma doença silenciosa, assim como o câncer, pois não seremos avisados quando o automóvel vai começar a desgovernar, quando recebemos o alerta - que poder partir de nós mesmo, ou de algum familiar que conosco vive - esse automóvel já estará prestes a causar grande estrago aos outros e a si próprio, isto é, nós mesmos. Alguns, no meio do desespero e vendo que não irão dar conta de parar o automóvel desgovernado, acabam por explodir o automóvel, numa medida única e radical de acabar com o desespero seu e dos que o cercam.
Difícil dizer qual a melhor saída. Não desistir é uma opção a ser pensada e avaliada. Falar em acreditar quando tudo é absurdo soa paradoxal. É preciso pensar que um dia esse mesmo automóvel já trilhou por caminho mais fácil, já subiu e desceu outras ladeiras sem estar assim desgovernado, sem causar dano a si e ao outro, e que esse estado pode ser restaurado, e que o prejuízo já causado, avaliado, consertado no que for possível, e no que não for, lamentado. Desistir é uma opção que só afirmar o que já sabemos. A luta, a persistência, é onde reside o mistério e talvez a resposta daquilo que procuramos. Os meios, a medicina moderna - tradicional, ou mesmo a medicina alternativa - milenar, quem decidirá será o próprio paciente. O importante é que com uma dessas alternativas (ou até as duas) aprenda a parar o automóvel desgovernado e retome o seu controle sem ficar totalmente inerte. Se não puder novamente expressar alegria, que ao menos possa expressar ternura diante da vida.
Porque entendo que é preciso questionar a realidade, buscar entendê-la e não apenas vivenciá-la.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
terça-feira, 1 de julho de 2014
Sombra de si mesmo
Na solidão eu não sou nada, nem ninguém
Na solidão ninguém me tem
Eu separo um pequeno pedaço do meu tempo
E mergulho em mim mesmo...
Esse que vai todos os dias para o trabalho - ainda não sou eu
E quanto pensa só estar repetindo
Aquilo que não vive.
Suspeita que vê uma sombra à noite
E liga a TV para poder dormir
E se você ver, pensaria até que é sério
Não sabe porque guarda tanto mistério
Sem solução eu mergulho no contexto
E me esqueço em você algumas horas...
Tento em vão controlar os meus anseios
Tento entrar em meu caminho
Tento caber na roupa que me deram
Ver o mundo com novos olhos
Sentir mais, sentir o mundo...
Mas essa sombra que vejo a noite
Essa sombra é sombra de mim mesmo...
Não é fácil viver em mundo insano
Sendo uma sombra de si mesmo,
Sendo uma mentira, um erro
Um nada embriagado de vácuo
Um olhar vazio na frente do espelho...
Na solidão ninguém me tem
Eu separo um pequeno pedaço do meu tempo
E mergulho em mim mesmo...
Esse que vai todos os dias para o trabalho - ainda não sou eu
E quanto pensa só estar repetindo
Aquilo que não vive.
Suspeita que vê uma sombra à noite
E liga a TV para poder dormir
E se você ver, pensaria até que é sério
Não sabe porque guarda tanto mistério
Sem solução eu mergulho no contexto
E me esqueço em você algumas horas...
Tento em vão controlar os meus anseios
Tento entrar em meu caminho
Tento caber na roupa que me deram
Ver o mundo com novos olhos
Sentir mais, sentir o mundo...
Mas essa sombra que vejo a noite
Essa sombra é sombra de mim mesmo...
Não é fácil viver em mundo insano
Sendo uma sombra de si mesmo,
Sendo uma mentira, um erro
Um nada embriagado de vácuo
Um olhar vazio na frente do espelho...
sábado, 7 de junho de 2014
T.D.M.
Sem ânimo de comunicar...
Chuva dolorida aqui dentro;
Interna falta de ar;
Sem esperança nem para a morte.
Deixa, o mundo está resolvido,
Deixa, não há o que ser feito
Contra o mundo de um louco.
Pensamentos, onde estarão?
Quem os poderá descobrir?
Quem os poderá entender?
Relembrando os aposentos vazios...
Relação bioquímica mortal;
Síndrome arrasadora -
Teu nevoeiro me sufoca;
Reprime até mesmo o meu choro.
Cinco critérios te definem -
Põe em xeque toda uma vida.
E, apesar de todo telhado,
A chuva continua a cair aqui dentro...
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Voegelin - Santo Agostinho - Nietzsche - Para que a filosofia? - Corrupção Intelectual
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Reflexões Filosófica - Eric Voegelin |
Cada filósofo ao explanar sua filosofia em determinado contexto, de acordo com Voegelin, está de certa forma atrelado a esse contexto, e suas idéias para serem de fato atendidos necessita da inclinação do interlocutor até o momento da sua produção, levando ainda em consideração a gama de acontecimentos passados que concorreram para a possibilidade da ideia no presente. Ora se existe essa relação, esta forma de aprisionamento no tempo, como pode então Voegelin consistir em considerar o trabalho filosófico de determinado filósofo como algo imperecível, ligado ao eterno? Certamente, para nós, Platão por exemplo, perdura no tempo, pois até hoje é facilmente citado e ainda muito estudado. Mas Platão segue preso à Hélade, aos seus discípulos, ao seu mestre Sócrates, a política de seu tempo, à mitologia dos gregos antigos, e tudo que está relacionado à contextualização do seu pensamento. Sem esse esforço, estaríamos sendo desonesto conosco, com os outros e com Platão, no plano intelectual, chegando à própria corrupção intelectual de que trata Voegelin, e a qual se inclina para criticar. Não estaria o filósofo alemão criticando nesse aspecto ele mesmo? Vejamos, podemos admitir que Voegelin esteja certo quanto a contextualização do pensamento filosófico no tempo, Mas daí para relacionar o pensar filosófico ao divino e ainda ao eterno, já ultrapassa em muito o sentido lógico. Não obstante, por que não considerarmos então Eric Voegelin um místico? Só assim poderíamos compreender a relação especial de seus pensamentos, e acreditar não ser isso
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Eric Voegelin |
Para terminar, Voegelin associa a razão da filosofia à busca por situar o homem, traduzido por "Recuperar a realidade" ou "construir as categorias fundamentais da existência", pois bem Sartre já havia nos apresentado essa solução, e também Nietzsche, o que não é nada novidade. Também, Voegelin cita Santo Agostinho, em outros momentos de sua fala, se esquecendo do fato de que Sto. Agostinho nos ensina, muito conscientemente que a filosofia é a busca pela felicidade, ou beatitude, no termo agostiniano. Não vejo outra forma além dessa escolhida pelo Bispo de Hipona, de traduzir melhor a noção de filosofia e a busca tão árdua que se ingressa o filósofo!
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