segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Depressão e o mundo atual

Recentemente escrevi um Artigo de Opinião sobre a relação que o mundo com suas adversidades, no contexto atual representa na manutenção de nossas faculdades mentais em seu estado de, por assim dizer, sanidade. Nesse mesmo texto eu expressava a árdua luta que o doente de Depressão (Transtorno Depressivo Maior, no jargão psiquiátrico) enfrenta para tentar por equilíbrio em sua vida e ter assim uma avaliação do mundo e de si mesmo, a partir de uma visão saudável. Em nossa busca por respostas rápidas, acabamos por procurar a solução para esses transtornos psiquiátricos na terapia medicamentosa, sem sequer tentarmos as práticas naturais ou também conhecidas como práticas alternativas, para alcançarmos o estado de equilíbrio que nos permita retomar a condução de nossas vidas.
Como se fossemos um automóvel descendo uma ladeira desgovernado, talvez não seja suficiente simplesmente puxarmos o freio, mas sim saber o que fazer depois que frearmos para não piorarmos a situação e cairmos para bem longe da estrada, ou caso consigamos parar o automóvel ficarmos sem saber como ligar ele novamente para dar partida em nossas vidas. A Depressão é uma doença silenciosa, assim como o câncer, pois não seremos avisados quando o automóvel vai começar a desgovernar, quando recebemos o alerta - que poder partir de nós mesmo, ou de algum familiar que conosco vive - esse automóvel já estará prestes a causar grande estrago aos outros e a si próprio, isto é, nós mesmos. Alguns, no meio do desespero e vendo que não irão dar conta de parar o automóvel desgovernado, acabam por explodir o automóvel, numa medida única e radical de acabar com o desespero seu e dos que o cercam.
Difícil dizer qual a melhor saída. Não desistir é uma opção a ser pensada e avaliada. Falar em acreditar quando tudo é absurdo soa paradoxal. É preciso pensar que um dia esse mesmo automóvel já trilhou por caminho mais fácil, já subiu e desceu outras ladeiras sem estar assim desgovernado, sem causar dano a si e ao outro, e que esse estado pode ser restaurado, e que o prejuízo já causado, avaliado, consertado no que for possível, e no que não for, lamentado. Desistir é uma opção que só afirmar o que já sabemos. A luta, a persistência, é onde reside o mistério e talvez a resposta daquilo que procuramos. Os meios, a medicina moderna - tradicional, ou mesmo a medicina alternativa - milenar, quem decidirá será o próprio paciente. O importante é que com uma dessas alternativas (ou até as duas) aprenda a parar o automóvel desgovernado e retome o seu controle sem ficar totalmente inerte. Se não puder novamente expressar alegria, que ao menos possa expressar ternura diante da vida.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Sombra de si mesmo

Na solidão eu não sou nada, nem ninguém
Na solidão ninguém me tem
Eu separo um pequeno pedaço do meu tempo
E mergulho em mim mesmo...
Esse que vai todos os dias para o trabalho - ainda não sou eu
E quanto pensa só estar repetindo
Aquilo que não vive.
Suspeita que vê uma sombra à noite
E liga a TV para poder dormir
E se você ver, pensaria até que é sério
Não sabe porque guarda tanto mistério
Sem solução eu mergulho no contexto
E me esqueço em você algumas horas...
Tento em vão controlar os meus anseios
Tento entrar em meu caminho
Tento caber na roupa que me deram
Ver o mundo com novos olhos
Sentir mais, sentir o mundo...
Mas essa sombra que vejo a noite
Essa sombra é sombra de mim mesmo...
Não é fácil viver em mundo insano
Sendo uma sombra de si mesmo,
Sendo uma mentira, um erro
Um nada embriagado de vácuo
Um olhar vazio na frente do espelho...

sábado, 7 de junho de 2014

T.D.M.

Sem ânimo de comunicar...
Chuva dolorida aqui dentro;
Interna falta de ar;
Sem esperança nem para a morte.

Deixa, o mundo está resolvido,
No embaraço de um mundo doentio.
Deixa, não há o que ser feito
Contra o mundo de um louco.

Pensamentos, onde estarão?
Quem os poderá descobrir?
Quem os poderá entender?
Relembrando os aposentos vazios...

Relação bioquímica mortal;
Síndrome arrasadora -
Teu nevoeiro me sufoca;
Reprime até mesmo o meu choro.

Cinco critérios te definem -
Põe em xeque toda uma vida.
E, apesar de todo telhado,
A chuva continua a cair aqui dentro...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Voegelin - Santo Agostinho - Nietzsche - Para que a filosofia? - Corrupção Intelectual

               
Reflexões Filosófica - Eric Voegelin
Ao ler o Reflexões Filosóficas de Voegelin, pela É Realizações, minha conclusão, aberta é claro, é que foi proveitoso rever certas considerações acerca da filosofia, como a questão da corrupção intelectual, já elaborada anteriormente por Nietzsche, sobre um outro viés, em Genealogia da Moral; também foi elucidativa a noção de Voegelin dos motivos pelos quais filosofamos, com exceção da forçosa relação da filosofia com o eterno, com o imperecível.
              Cada filósofo ao explanar sua filosofia em determinado contexto, de acordo com Voegelin, está de certa forma atrelado a esse contexto, e suas idéias para serem de fato atendidos necessita da inclinação do interlocutor até o momento da sua produção, levando ainda em consideração a gama de acontecimentos passados que concorreram para a possibilidade da ideia no presente. Ora se existe essa relação, esta forma de aprisionamento no tempo, como pode então Voegelin consistir em considerar o trabalho filosófico de determinado filósofo como algo imperecível, ligado ao eterno? Certamente, para nós, Platão por exemplo, perdura no tempo, pois até hoje é facilmente citado e ainda muito estudado. Mas Platão segue preso à Hélade, aos seus discípulos, ao seu mestre Sócrates, a política de seu tempo, à mitologia dos gregos antigos, e tudo que está relacionado à contextualização do seu pensamento. Sem esse esforço, estaríamos sendo desonesto conosco, com os outros e com Platão, no plano intelectual, chegando à própria corrupção intelectual de que trata Voegelin, e a qual se inclina para criticar.  Não estaria o filósofo alemão criticando nesse aspecto ele mesmo? Vejamos, podemos admitir que Voegelin esteja certo quanto a contextualização do pensamento filosófico no tempo, Mas daí para relacionar o pensar filosófico ao divino e ainda ao eterno, já ultrapassa em muito o sentido lógico. Não obstante, por que não considerarmos então Eric Voegelin um místico? Só assim poderíamos compreender a relação especial de seus pensamentos, e acreditar não ser isso
Eric Voegelin
charlatanismo barato filosófico. Quando Voegelin abre para falar de Hegel e Marx, alegando que todo filósofo diante da falta de solução para os problemas filosóficos acaba por criar sistemas, éticos ou morais, ele, o próprio Voegelin não deixa de fazer diferente, e de escrever seu ceú, seu inferno e apocalipse. Então quem ele está de fato criticando? Se não consegue alcançar uma outra solução, se só cobre a solução de seus antepassados de um novo véu, para ludibriar os desavisados pensando que encontrariam algo novo.
Para terminar, Voegelin associa a razão da filosofia à busca por situar o homem, traduzido por "Recuperar a realidade" ou "construir as categorias fundamentais da existência", pois bem Sartre já havia nos apresentado essa solução, e também Nietzsche, o que não é nada novidade. Também, Voegelin cita Santo Agostinho, em outros momentos de sua fala, se esquecendo do fato de que Sto. Agostinho nos ensina, muito conscientemente que a filosofia é a busca pela felicidade, ou beatitude, no termo agostiniano. Não vejo outra forma além dessa escolhida pelo Bispo de Hipona, de traduzir melhor a noção de filosofia e a busca tão árdua que se ingressa o filósofo!