segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Não podemos provar a existência de Deus e Não podemos explicar porque cremos

Nossa condição humana não é necessariamente aquilo que nos impede de compreender Deus. Poderia até ser, não fossemos seres com capacidade de consciência. Não fossemos seres capazes de olhar para cima. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que a oração é a forma mais pura da consciência de Deus no homem. A fé reside na oração. Na fé, transcendemos os questionamentos da ciência para nos entregarmos ao mistério da crença. Compreender Deus é ter consciência que o Ser carece/ignora de/a explicação. Nossa ligação com o Criador está na capacidade que nos foi outorgada de podermos acreditar. É um mistério, pois que a ciência jamais poderá decifrar esse enigma, que pertence a um mundo distinto do mundo físico. O enigma é para a matéria, mas no espírito é que ele pode ser revelado e compreendido.

A modernidade está cada vez mais a um passo mais longe da revelação que o contato com o misterioso poderá proporcionar. Esse efeito é previsto enquanto que o desenvolvimento das ciências trouxeram outras ocupações ao indivíduo ao ponto de lhe roubar o tempo que antes dispensava à crença. O ser humano tem desta forma eleito outros deuses: o dinheiro, sucesso profissional, internet, sexo, tecnologias, etc. Esses deuses consomem por completo o tempo do indivíduo, desde criança até a velhice, de tal sorte que é tão possível passar a vida inteira sem sentir a experiência de ter vivido "E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso)" - Fernando Pessoa. Por mais que soe clichê, mas não podemos negar que o Homem Moderno tem abandonado pouco a pouco a crença em troca do seu tempo pelos novos prazeres da tecnologia.

Esses deuses modernos, talvez não tão diferentes dos deuses antigos, produzem uma profunda dependência no homem. Todos os dias o indivíduo precisa injetar em sua mente doses desses prazeres modernos, obter as remessas de endorfina em seu organismo que lhe propiciarão as medidas de conforto diário.

Os novos deuses são assim tão humanos quanto os deuses inventados de outrora - os deuses da antiga Hélade. Certo escritor uma certa vez assim asseverou: Não há Deus senão o homem! Assim como Parmênides, pré-socrático, afirmava ser o homem a medida de todas as coisas, a bem da verdade, para se ter uma consciência de Deus é nos necessário transcendermos o materialismo. No entanto, nosso maior obstáculo é nossa presunção: compreender Deus à luz da racionalidade! Isto significa o mesmo que retornar ao materialismo e não compreender nada!

A Bíblia Sagrada está permeada por esses exemplos, pois é fonte de nossa experiência com Deus, e não um livro presunçoso e petulante que quer demonstrar ou comprovar sua possibilidade. Está mais que claro que Deus não existe para ser provado. Ao crente moderno, é necessário de uma vez por todas que entenda que se desejarmos ter a experiência com Deus através da fé não podemos querer provas à luz das ciências. Não é o mesmo que dizer que a fé e a ciência andam separadas, mas tão somente que a ciência não serve para explicar a fé - o mistério, e nem revelar Deus. 

E deste modo, não há razões para querer explicar também a fé. Se consultarmos o livro de Jó, essa passagem bíblica denota exatamente o aparente paradoxo relacionado a motivação da crença. Jó confiara e acreditara em Deus pois sabia que Deus era bom. Com efeito, parece mais fácil quando tudo está dando certo para ele. Entretanto, é exatamente quando tudo está dando errado - Jó perdeu a família, perdeu sua riqueza, contraiu doenças, etc - que sua fé vai aumentando e se acendendo mais. A medida que definha, alcançando um nível quase de incompatibilidade com a vida, esse servo de Deus vai se fortalecendo na fé em Deus, quando que o que poderia se imaginar é exatamente o contrário. Esse estrondoso paradoxo demonstra que não há razões para acreditar, e que somente a crença se explica pelo espírito. Então, é um erro comum querer explicar porque acreditamos, isto porque sabemos o motivo, mas não sabemos explicar o motivo.

É a origem do materialismo a perca da inocência - Adão e Eva e o fruto proibido (a ciência), e sendo assim, matéria e espírito competem pelo Homem desde a sua criação.

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