terça-feira, 8 de maio de 2012

Nietzsche, Kierkegaard e o Sentido da Vida

No fim, Kierkegaard e Nietzsche foram os grandes destruidores da filosofia, no bom sentido. Kierkegaard com a noção de subjetivismo; Nietzsche demonstrando a insuficiência da Razão. A partir disso, nada mais se produziu concreticamente. Então, o ser humano está nesse mundo tendo como único ponto de partida original ele mesmo. Mas é tão difícil acessar a si mesmo, quando não se conhece o que está se acessando. E até que ponto é possível executar o "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates? Em verdade, para acessarmos este "eu" se faz necessário que adotemos algum modelo, padrão específico de acesso, sendo que nesta atitude já estamos desvirtuando o verdadeiro acesso ao "eu", pois só vamos atingir aquilo que o modelo adotado nos permite atingir. Nesse caso estamos escolhendo, nesse caso ainda estamos pegando o subjetivismo de Kierkegaard. A Fé é uma via que não se acomoda na Razão, de jeito maneira, e que mantém uma relação com o Ser Humano que recai no mitológico, que vai até onde Nietzsche já salientava, no "Só sei que nada sei" de Sócrates, no sentido de nostalgia  da ignorância. A Fé tem sua fonte de acesso também no subjetivismo. Nada mais podemos saber de profundo deste mundo, todo o resto são sofismos. Então esse mundo que queremos conhecer, é através de nós que o conhecemos, e se somos o filtro, nos escolhemos como queremos que ele nos apresente. O Ser Humano neste caso é a medida de todas as coisas, como já apontava um pré-socrático Protágoras. Bem, ainda podemos ressaltar algumas idéias de Platão e Kant, no sentido de que fora deste mundo subjetivo e da experiência existem certas verdades, como a noção de círculo perfeito. Isso serve no entendimento de nosso sistema cognoscente, isto é, como o homem passa a perceber o mundo que o cerca, e é só isso.
Conclusão: niilismo.

O que fazer com tudo isso?
A resposta parece ser: ou se adota, aceita-se ser regido por algum sistema, se engaja em alguma coisa, se envolve em um tema, se escolhe viver de acordo com determinados dogmas, determinados estilos, paradigmas, ou se esquece tudo isso e se aceita que está tudo perdido e que a vida é como Sartre desconfiava "uma paixão inútil".

Qual o risco das duas decisões?
Tanto uma como a outra pode ser um erro descabido. Não há formas de encontrar qual a resposta correta, a única forma é escolher, e escolher no escuro. Esse é o fator gerador de Angústia apontado por Kierkegaard e mais tarde também desenvolvido por Sartre. Olhando por este ângulo, o suicídio até parece ser justificável. Até mesmo o Humanismo pode ser justificável, pois se nada podemos fazer para saber se estamos acertando ou errando em nossas vidas, o mais certo parece ser tornar a vida do Ser Humano nesta terra o mais prazerosa possível, o mais tolerável ao menos, e que ela se propale.

Ou talvez buscar dentro de nós aquilo que nos faz bem, e batalhar para que essas coisas venham à tona, que estejamos atuando onde gostaríamos, vivendo a vida que achamos que valha a pena ser vivida, tendo as relações que gostaríamos de ter. Isso talvez esteja desarranjado pela nossa cultura da imposição, pois desde o nascimento já somos de certo modo obrigados a entendermos e aprendermos coisas, e a vivermos sob leis, das quais passaríamos kilometros de distância se dependessem só de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário