terça-feira, 19 de julho de 2011

Sobre os olhos e nossa relação com o infinito e ainda, uma mensagem de esperança

Para que nos foi dado ter dois olhos, que pudessem olhar para o alto, para o infinito? Nossos olhos são os primeiros a abrir nossa relação com o incognoscente. Mas é nossa mente que faz a interpretação do que vê e nos afirma que o céu, este céu azul que vemos, não é o limite, e sim um reflexo. Bem, esta relação é a base de toda a religiosidade e de toda a fé e o que distingue os seres humanos dos animais, tal qual muito bem entendeu Feuerbach em seu livro A Essência do Cristianismo. O homem vislumbra então um espaço que não pode conhecer através da razão, deixando a cargo dos sentidos preencher este vazio que lhe ocupa. Os primeiros filósofos, por exemplo, foram astrônomos. Por isto, não me impressiona de um filósofo como Olavo de Carvalho, por exemplo, ter tido uma iniciação na astronomia, antes de se decidir pela filosofia. O estranho é que muitos indivíduos vem nisto um ponto negativo, quando não entendem que um dos principais questionamentos da filosofia está nesta relação do homem com o espaço, e que, de algum modo a astronomia tenta auxiliar na obtenção das respostas. Também nossos olhos são dados a contemplação, e por isto, podemos olhar para cima, onde nada poderemos fazer. Talvez se olhassemos mais para cima, perceberíamos que a realidade deste mundo não poderia ser encontrada apenas na obstinação do trabalho, na correria de cada dia, na rotina que virou emergência. Isto poderia ser transformador, atuando mesmo no tipo de ser humano que ousamos ser. Mas cada vez menos levantamos a cabeça para contemplar o esplendor do céu, e mesmo à noite, este céu não nos aparece em sua forma pura, ofuscado talvez pelo excesso de luzes em nosso entorno.

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