quarta-feira, 27 de abril de 2011

Metamorfose Ambulante

No texto http://mundointerrogado.blogspot.com/2011/04/questao-da-liberdade-em-sartre.html escrevi sobre a questão da liberdade em Sartre e então, como era necessário na ocasião, falei do devir e da Essência. Hoje então, estava ouvindo pela "enésima" vez a música do Raul Seixas, Metamorfose Ambulante, muito conhecida por sinal. Bem, acabei fazendo uma releitura dela, que tentarei reproduzir aqui. Raulzito mesmo, era um grande conhecedor dos textos filosóficos e religiosos. Pelo que acompanhei em algumas de suas entrevistas ele lia Schopenhauer, por exemplo. Também em outra faz menção a idéia de "eterna mudança" de Heráclito. E já que acabamos falando de Heráclito, aproveitaremos a "deixa" para agora falamos especificamente da música em questão.
A música Metamorfose Ambulante é uma música que fala principalmente de mudança, da nossa mudança. O Ser Humano, no seu devir, isto é, na construção de sua Essência, está em constante mudança, está sempre sendo Metamorfose Ambulante. Raulzito na música critica aquelas pessoas que ficam com "aquela velha opinião formada sobre tudo", e a isso opõe o indivíduo que hoje ama, e amanhã tem horror, hoje é amor, amanhã ator. Nessa perspectiva demonstra que é mais inteligente estar aberto a várias experiências, a várias interpretações do mundo, vários posicionamentos a respeito de si mesmo, a respeito das coisas, um em cada momento de nossas vidas. Diferente do que normalmente estamos acostumados a ouvir por aí, que é importante sustentarmos uma opinião até o fim, que precisamos ter objetivos e insistir neles por toda a vida, que precisamos ter um pouco de "coerência". Isto, para o filósofo Raul Seixas é "chatice". Até mesmo os filósofos mudavam suas idéias, vejamos Nietzsche que em um livro adorava o compositor alemão Richard Wagner e no outro o destruia. Que em um livro estreia "Schopenhauer como Educador" e em outro Schopenhauer já não servia mais. Podemos apontar essas transformações em quase todos os filósofos e pensadores e nem por isso deixaram de ser gênios, pois o que os faz assim é a própria irreverência de seus pensamentos, suas idéias e posicionamentos em cada situação. Ser Metamorfose Ambulante não é ser incoerente, pelo contrário até. Pior é estagnar, ficar sustentando sempre as mesmas coisas, e não abrir para as novas possibilidades. O mundo acaba por exigir isso, o conhecimento vai nos levando a outras margens, de forma que deixamos de habitar as margens onde antes construímos nossa casa. O que não pode é o indivíduo sustentar uma opinião sem qualquer embasamento, e tentar convencer sem ser pela razão, pela lógica. Mesmo que hoje logicamente estejamos certo em alguma coisa, é preciso reconhecer que amanhã isso pode já não fazer qualquer sentido, e isto porque não é uma questão de verdade ou não, mas de se estar certo em um determinado período, em uma época, de se estar com a idéia ajustada com o momento.
Sejamos metamorfoses raulseixistas então...

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