sábado, 31 de dezembro de 2011

2011/2012

Chove muito em Capivari de Baixo/SC! Que a chuva lave a podridão deste ano de 2011. 10 anos da tragédia do World Trade Center, o marco desse início do século XXI, que vem nos provar a vulnerabilidade de nossas vidas. 2011 fugiu do meu controle, foi tudo fora do que planejei. Será mesmo que adianta planejar, quando não temos controle da repercussão que nossas escolhas podem revelar? Melhor é viver um dia de cada vez, cada dia um destino! Não olhar muito para trás, deixar o tempo agir um pouco também. Bem, falando assim, pareço meio aqueles que possuem tem uma versão para "o negócio é", como nessa música do Raul Seixas http://www.youtube.com/watch?v=C7gvzMS0PmM&feature=related. Mas o negócio é saber que pelo que consta, até onde sabemos, e isso é tão pouco, só se vive uma vez, então que se viva essa única vez, como se fosse a vida sempre a ser vivida, se repetindo incessantemente, como o Eterno Retorno de Nietzsche. Se vivermos assim, não vamos ter o que nos lamentar quando estivermos no leito de morte, se tivermos a sorte de cair no leito de morte, pois do jeito que as coisas andam, muitas tragédias e muitas vidas abreviadas.
2012 vem chegando, fim do mundo???? Quem sabe, se for, que seja, nada temos para fazer contra ou a favor. Isso não deve frear ninguém! Existe fim do mundo sim, por exemplo para alguém que em 1948 estava entrando em Paris, e que ninguém mais sabe quem foi, para esse o mundo já era. De repente, algum nostalgico de plantão vai buscar na árvore genealógica de sua família  e descobre lá um nome, que corresoponde ao seu tatatatatataravó, como no Chaves, rsrs, e que é só esse nome e mais nada se sabe a respeito. O que será de nós daqui há 500 anos? Bom, melhor nem pensar... deixa quieto então... Estamos aí, lançados no mundo, presos em si mesmo, tal qual a teoria sartreana, e cada um vai tentando manter a coisa da melhor forma que pode e sabe.
É isso aí, sem mais delongas....

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sartre, Marx e a Psicanálise


 
Sartre em Questões de Método nos revela um escritor maduro, experiente e com capacidade de grandes assimilações. Quando, por exemplo, escreve sobre o idealismo, consegue se desvencilhar de todas as pré-concepções para nos entregar a imagem de um idealismo acabado, mas justo à época a qual pertence. Da mesma forma quando retrata o marxismo, a filosofia ainda em voga em nosso tempo, parece-nos à primeira vista que vai se deixar convulsionar por Marx. No entanto, prosseguindo a leitura, percebemos que ele o ajusta, no seu devido lugar. Quanta lucidez! Ainda, do mesmo modo, ele aborda a psicanálise e demonstra os equívocos dos marxistas com esta, ao captarem o homem e reduzi-lo à sua generalização. Então Flaubert é burguês, e isto, para os marxistas parece dizer tudo o que é possível dizer sobre Flaubert. Sartre abre uma crítica incisiva neste sentido, justificando a psicanálise,quando escreve que para os marxistas de hoje, a única preocupação é com os adultos. "(...)ao lê-los, seríamos levados a acreditar que nascemos na idade que ganhamos nosso primeiro salário" (Sartre, Questões de Método). Que magnífica rechaçada! 

Apontamento

Comecei a cuidar mais de minhas experiências quando me dei conta que o subconsciente existe de fato!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sobre nossa relação com a liberdade

Surpreendo-me ainda com as situações que se apresentam em minha vida! Quando penso já estar tudo sentido, resolvido, ultrapassado, eis que surge um momento novo, e vem reafirmar que estou vivo, que meus sentimentos estão agudos, que ainda tenho o que viver. Esse estremecimento de nossa rotina, de nossa solidez, acaba por trazer novamente a insegurança, o sentimento da ausência de porto seguro. É preferível estar se sentindo assim, a se sentir em segurança, quando na verdade estamos em falsa segurança. Entretanto, aprender a viver desta forma é que é complicado. Minha ansiedade, minha necessidade de resolutividade, de ser, como dizer "8" ou "80" acaba por deixar meu organismo abalado, meus nervos às vezes à flor da pele, e acaba por fazer com que eu rompa com o curso natural das coisas por um impulso de impaciência. Essa capacidade de meter os dedos em minha própria vida, não tem me trazido benefícios. Sempre que me intrometo é para acabar, destruir, ruir, quebrar, mexer, desvencilhar-me destes pesos, destas amarras... O que fazer então? A única resposta que satisfaça é controlar meus impulsos, mas o próprio controle destes impulsos exige um esforço que não é também sem sofrimento. Essa condição me desmonta inteiro, deixando-me pronto para viver a vida sem se ligar a nada nem a ninguém, mas também esse método é praticamente impossível, quando sabemos que, como dizia Aristóteles "o homem é um animal político". Dado as circunstâncias acima, viver não é fácil, ou nós complicamos...Mas se complicamos, não de forma intencional na maioria das vezes, nossa formação fisiológica, química, de criação, influenciam o nosso modo de ser. Não quer dizer ainda que não somos livres, quando, de certo modo, temos a escolha de se deixar ou não dominar por estes impulsos, de querer ou não suportar o sofrimento por eles gerados. Mas nossa condição é bastante limitante, porque primeiramente temos que ter consciência de que estamos sendo conduzidos por nossos impulsos, que podemos mudar nossa situação ou se deixar levar por ela. Essa consciência pode se dar ás vezes de forma gratuita, e em outras temos que procurar por ela.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Que Ficará!?

Estou já há um tempo considerável sem postar aqui, o fato é que minha vida tem se tornado extremamente complicada, de tal sorte que não encontro mais tempo para escrever no blog. Tenho mantido ainda um pouco de minhas atividades literárias, mas com bastante restrições. Bem, se aqui retorno é porque de certo modo se faz necessário: nada mais tenho para fazer na minha vida a não ser escrever aqui, é um desabafo, é um exorcismo. Perdi, sobremaneira, a crença em quase tudo, e passei a detestar muitas coisas. Um niilista praticamente, com algumas ressalvas ainda. Bem, o que importa é que estou vivo, e enquanto assim estou, por mais que esteja psicologicamente abalado, por mais que esteja em alguns momentos fora de mim, fora do que eu era, ainda estou aqui, sentindo e experimentando! E parece que a vida é somente isso, aquilo que sentimos e experimentamos e nossa capacidade de interferir nos outros e nas coisas, nada mais...
Tenho observado as pessoas, estão em sua maioria tão imersas vivendo à superfície que não querem nem saber de olhar para baixo, para o fundo. Vivem assim e são até certo ponto felizes. Sem essa maldição que acompanha essas pessoas que como nós receberam o castigo de questionar, de investigar, de sondar os mistérios em busca de resposta, de exigir um sentido, de tentar ao menos entender o mundo, a vida, nossa relação com as coisas, somos como o camponês que tem como preocupação produzir o sustento para sua família a partir do que pode transformar no campo, e que não sabe nada do que possa estar ocorrendo no mundo, porque sua realidade vai até onde pode sua visão alcançar.
No mais, a vida se tornou algo extremamente nauseante, ao ponto de eu colocar em dúvida mesmo até que ponto vale continuar vivendo. Talvez seja melhor ficar em silêncio, não se meter com desassossegos, olhando o rio que passa, como diria Fernando Pessoa. Talvez... O fato é que não sabemos e não poderíamos saber.
Diante do exposto, não me resguardarei. O que me sobra é escrever, sobre o que vejo, o que percebo, sobre o que acontece, sobre qualquer coisa, útil ou não. Expor as situações, dissecar as percepções, ousar buscar novos pontos de vista, novos paradigmas, novos conceitos. Somente isso, e nada mais pode me interessar, somente esse modo de conduzir as coisas. O resto, o que me importa o resto? Morrerei como morrem as pessoas, e o que ficará será talvez os cadernos que já escrevi em forma de diário, dois livros inacabados, dois artigos, algumas poesias esparsas, esse blog por um certo tempo. Ficará a lembrança do que fui nos mais próximos que com o tempo também vai se apagar e morrer quando morrerem.

sábado, 17 de setembro de 2011

Salomão/Satre e nossa relação com o mundo

            Bem, estou um tempo sem escrever, então vou dar uma síntese de uma das idéias que tem me acompanhado nestes últimos dias:
Nada chateia mais a sociedade moderna que uma pessoa desprovida do sentimento de posse. Quando falamos aos outros que nada queremos ter, que nada temos, e que a idéia de posse é uma abstração hipostasiada, o que verificamos é uma sensação de repúdio por parte das pessoas, desde os cristãos até os que se consideram ateus. E nada mais cristão do que nada ter, além de si mesmo. Também nada mais autêntico do que o reconhecimento do que se é: mera consciência relacionando-se com a matéria, em marcha para não se sabe onde (a terra prometida, o Nada?).
Essa explosão humana que vem ao mundo não se sabe quando, mas que se reconhece como “eu” a partir dos dois ou três anos de idade, ainda que sem saber direito o que isso possa ser, nada poder ter além de sua representação enquanto consciência. Um filho não pertence ao pai, ele pode ser, a qualquer instante de forma inesperada, tirado dele por uma doença, um seqüestro, um acidente, etc. Esse pai vai sofrer pelo filho que perdeu, o filho que nunca foi seu. O que há entre um pai e um filho é uma relação de paternidade, uma relação de convívio, uma relação de proximidade, consangüinidade, criação, e nada disso pode ser substituído pela idéia de posse, nada disso permiti tornar o filho como seu. Ele sempre será filho desse pai, mesmo que não viva mais nesse mundo, mas nunca será no sentido de propriedade. As pessoas sofrem na medida que dão as coisas  e aos outros seres noções que não são próprias das coisas, tampouco dos seres. Não é próprio de uma pessoa ser de alguém, enquanto consciência que somos, estamos livres. O Ser humano vive em estado de coisificação, quer se transformar no que tem – perde a noção de liberdade e de como sua consciência é ilimitada -, para só no fim, já próximo da morte, quando tem a oportunidade de viver este processo, é que se identifica com o seu verdadeiro “eu”, com o “eu consciência", habitante deste mundo mas não pertencente a mesma matéria dele, e se vê desprotegido, percebe-se como algo que deixou a todo instante a vida escapar, e que tudo que julgava ter agora passará a ser de outrem. As vezes, em um ato desesperado de má-fé, ainda coloca essa esperança do ter em seus filhos, dizendo conformado que agitou-se tanto por esta terra para que deixasse tudo para eles.
Nesta perspectiva, somos como o terceiro Rei de Israel, Salomão, que tinha uma consciência muito viva da morte, e da relação do homem com este mundo “O SENHOR DEU AOS SERES HUMANOS INTELIGÊNCIA E CONSCIÊNCIA; NINGUÉM PODE SE ESCONDER DE SI MESMO”. Já Sartre diria assim “A gente se cura de uma neurose, mas não se livra de si mesmo”.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

          Existe todo um campo dos possíveis inexplorados em cada situação, em cada momento. Existe toda uma vida que não se decidi, que decidi e não volta atrás, que decidi e volta, e também que não encontra sustentáculo neste que a desperta. Existem muitos caminhos que não foram, nem nunca serão percorridos. Existem assim, tantos possíveis que vão se tornando impossíveis por mera imprudência, tantos barcos naufragados sem nunca terem estado no mar.

"(...)
qual foi a vida que houve nisto?
O que foi isto a vida?
(...)"
(A. C., por Fernando Pessoa)

          Se há tantas dúvidas, tantas chances de ser e simultaneamente apenas uma, o que posso eu, mero templo arruinado, pedaço de terra que nunca ninguém descobriu, quem dirá então chegado um dia a percorrer, diante de tanta confusão? Escolho um caminho e nele invisto todo o meu ser, mesmo que seja um caminho que não leve a nada, mesmo que leve a outra encruzilhada, e a outra, e outra sucessivamente? Tento aproveitar todos os caminhos? Mas é tão impossível quanto percorrer apenas um...Ora, palavras sábias, a consciência tensa relaxa ao ouví-las

"(...)
Deixe-me ser uma folha de árvore, tilitada pela brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado nas estradas pelas rodas enquanto não vêm outras,
O pião do garoto, que vai a parar,
E estremece, no mesmo movimento que o da terra,
E oscila, no mesmo movimento que o da alma,
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino."
(Álvaro de Campos, por Fernando Pessoa, em Apostila - 11/04/1928)

         No mesmo intuito, sem desmerecer Fernando Pessoa, é claro, "deixe rolar"...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sobre os olhos e nossa relação com o infinito e ainda, uma mensagem de esperança

Para que nos foi dado ter dois olhos, que pudessem olhar para o alto, para o infinito? Nossos olhos são os primeiros a abrir nossa relação com o incognoscente. Mas é nossa mente que faz a interpretação do que vê e nos afirma que o céu, este céu azul que vemos, não é o limite, e sim um reflexo. Bem, esta relação é a base de toda a religiosidade e de toda a fé e o que distingue os seres humanos dos animais, tal qual muito bem entendeu Feuerbach em seu livro A Essência do Cristianismo. O homem vislumbra então um espaço que não pode conhecer através da razão, deixando a cargo dos sentidos preencher este vazio que lhe ocupa. Os primeiros filósofos, por exemplo, foram astrônomos. Por isto, não me impressiona de um filósofo como Olavo de Carvalho, por exemplo, ter tido uma iniciação na astronomia, antes de se decidir pela filosofia. O estranho é que muitos indivíduos vem nisto um ponto negativo, quando não entendem que um dos principais questionamentos da filosofia está nesta relação do homem com o espaço, e que, de algum modo a astronomia tenta auxiliar na obtenção das respostas. Também nossos olhos são dados a contemplação, e por isto, podemos olhar para cima, onde nada poderemos fazer. Talvez se olhassemos mais para cima, perceberíamos que a realidade deste mundo não poderia ser encontrada apenas na obstinação do trabalho, na correria de cada dia, na rotina que virou emergência. Isto poderia ser transformador, atuando mesmo no tipo de ser humano que ousamos ser. Mas cada vez menos levantamos a cabeça para contemplar o esplendor do céu, e mesmo à noite, este céu não nos aparece em sua forma pura, ofuscado talvez pelo excesso de luzes em nosso entorno.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O Sentido da Vida

O Sentido da Vida

Podemos tentar encontrar um sentido para a nossa vida ou para a vida de todos que o resultado já conhecemos de antemão: não vamos encontrar, temos de nos conformarmos que esta falta de sentido acaba por ser o único sentido para a vida; a não ser que dissimulemos o resultado e produzamos a ilusão de que algo é válido, de que alguma coisa tem ao menos sentido e merece pelo menos ser vivida; Como não conseguimos chegar a esta determinação do sentido da vida, devemos então, a partir disso, pensarmos que simplesmente esta determinação não existe? A vida é então um quebra-cabeças que você descobre ser interessante montar, e que quando termina, se chega a terminar, não tem nada além de um quebra-cabeça montado ou incompleto. Neste caso, precisamos logo de outro quebra-cabeça diferente ou acabamos por nos contentarmos em montarmos sempre o mesmo e em como é interessante estarmos descobrindo fórmulas de montá-lo mais rápido. À isto, os homens dão o nome de especialização. O sentido da vida é talvez não ter então sentido algum. Cada qual escolhe o sentido que quer lhe impingir, e essa escolha, esse modo de levar a vida, como eu levo-a na procura de um sentido, é já a vida e seu sentido. Pode ser uma visão pessimista, otimista ou meramente realista. Cada qual escolherá baseado na interpretação que obtém a partir do seu modelo de vida, das suas experiências. É isto apenas, e nada mais resta, aqui está a verdade universal de que empreendemos a buscar e não sou eu, ou nós os culpados por ela carecer de sentido. Não somos dados à decorações! Também não temos  a necessidade que alguém acredite ou não ser desta forma, apesar que para nós tanto faz. Cada qual escolhe onde emprega a sua fé, e falar de fé é falar de psicologia, pois está na fonte das necessidades humanas. Não suporto, por exemplo estes tipos Ateus que ficam tentando converter os outros para a sua fé no ateísmo e que não percebem estar oferecendo a mesma coisa que a fé em Deus. Concluído este momento, em que galgamos a consciência na descrição de verdades, em que todo o resto é especialização, jogo de conceitos, entretenimento e maneiras variadas de gastar o tempo e fugir a esta realidade crua, e digo que podemos agora morrer em paz, se nos vier a morte ou qualquer outra coisa. Neste ponto Sartre era assertivo, se a vida já no foi dada de forma gratuita o que poderemos nós reclamarmos dela. Venha o que tiver que vir, ou não venha, como disse Fernando Pessoa em A Tabacaria. Bem, se alguém tiver uma idéia melhor que faça bom proveito, pois no fundo, no âmago da coisa, é sempre o mesmo: é a morte ponde fim a toda investida humana, impondo o limite à nossa Razão. É a morte, o infinito ou finito que avança no espaço, é a formação da morte e o lugar onde ela está.
Quem, pelo menos uma vez na vida, nunca chegou a se perguntar onde está a sua mente, ou o que é sua mente, ou mesmo do que e onde ela é formada pode talvez não estiver entendendo nada do que dizemos. O Edifício desmorona, não há além do que explanei aqui, outra verdade possível. É pequena, mas sólida esta base onde poderás construir tua humilde mansarda ou teu palácio. E todo isso só é possível aqui, enquanto aqui estamos, enquanto vivemos nesta terra, enquanto aqui existimos. Ao menos temos a consciência de estar aqui, de podermos operar sobre a matéria, de podermos falar de sistemas políticos, de moral, de ética, de Direito, das Ciências, do progresso, etc. Ao menos temos a consciência de torrar nosso tempo coma as infindáveis opções que o mundo nos proporciona. Mas ninguém, não existe nem mesmo um ser humano que terá o direito de julgar o que fomos e o que  fizemos de nossa vida dentro deste princípio. Em outros temos, dentro da pseudo-ordem que rege as sociedades, o julgamentos são possíveis e existe o legal e o ilegal, o moral e o imoral, o ético e o antiético. O julgamento passa então a existir, dentro apenas da estrutura das sociedades.
                        Os homens apenas se debatem feito insetos que não forma esmagados por completo, e que resta ainda uma conscienciasinha. Vivemos todos em uma perdição absurda! Há certamente, os que pensam o contrário. Mas mesmo os homens de fé, os religiosos, os cientistas, juristas, pessoas do poder, mesmo estes estão perdidos, ainda que tenham encontrado um sentido maior para as suas vidas, não poderão ir contra a idéia de que estão apenas jogando o jogo e que no fundo, nada poderão saber sobre o verdadeiro sentido das coisas, que é por certo este enigma insondável. Viver então, como puder viver de melhor, se melhor for não perguntar “o que é”? e sim “como funciona?” ou ainda “como fazer?” então que assim seja.
                        É tudo demasiado humano, como bem entendeu Nietzsche, e até mesmo esta interpretação, esta extração de uma idéia “x”, partindo de uma posição “y”, de acordo com a premissa “z”, poderá ser meramente humano, mas é só o que podemos tolher disso. Poderiam nos perguntar, por exemplo, qual seria nosso objetivo ao trazer às consciências alheias, esta noção que poderá até mesmo ser desesperadora. Devolvemos a questão: precisamos mesmo ter um objetivo? Poderão também nos acusar de estarmos apenas ocupando nosso tempo, montando o nosso quebra-cabeça. Estão, de certa forma, certos em relação a isso. Realmente, quem consegue passar sem pegar ao menos em uma peça deste quebra-cabeça que é a vida sem tentar encaixá-la? Ainda que resolva ficar apenas admirando a peça, sua cor, suas curvas, sua estrutura, ainda assim é uma forma de torrar o tempo  se ocupando de algo. Novamente, retorno ao âmago da questão: se existe um verdadeiro sentido das coisas, o seu único sentido que poderemos captar, acaba mesmo por ser realmente não ter sentido algum, porque somente isto nos é revelado. Todo o resto pertence ao campo da especulação que é por demais amplo, vago e humano para que possamos extrair dele alguma coisa de concreto. Sartre novamente estava certo “ a realidade humana é limitada por si mesma e, seja qual for o fim que se propõe, esse fim é sempre ela mesma”.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sobre os Mistérios Insondáveis e Passíveis de Descoberta que Influenciam o Viver Humano

O ponto entre a vida e a morte é uma linha tênue. Uma linha tão tênue que chega mesmo a muitas vezes confundir, até mesmo os mais atentos. Em um momento estamos vivos, e, no outro, paramos de respirar, nosso coração já não encontra mais o impulso vital que o faz bombear o sangue para as demais regiões do corpo, inclusive para o próprio coração. Dizem que a maior certeza que poderemos ter, é a de que todos iremos um dia morrer. Eu não sou um crente nas ciências, mas sou obrigado a ser conivente com o posicionamento de que um dia ainda poderemos descobrir um modo de manter as pessoas vivas, não digo eternamente, mas por um tempo muito maior, algo que reduza nosso envelhecimento e o perecimento do corpo, bem como o aparecimento das doenças. Agora, quando a descobrir o que há depois da morte, quanto a isso não resta dúvidas:  é, na verdade, uma das poucas certezas que podemos ter, enquanto seres humanos habitantes deste planeta que chamamos de Terra, a certeza de que nada sabemos nem nunca saberemos sobre o que há depois da morte. É possível especular, é possível acreditar, é possível pensar, mas saber mesmo, de forma concreta, isto não nos é possível. Então, o homem vive sobre esta certeza irrefutável: jamais um homem saberá o que existe depois da morte! Este é o primeiro princípio para a criação de uma moral: dentro desta perspectiva, é possível repensar nas condutas humanas, no peso de nossas escolhas e atitudes, na habilidade com que cruzamos esta vida. O fato é que a maioria das pessoas prefere ignorar essa verdade, e vive buscando ilusões que tapem ao menos parcialmente o grande vazio que a falta de uma certeza, de um conhecimento sobre o porvir, com respeito ao além-morte, deixou. É duro, mas não é desumano, muito pelo contrário, existe sim um humanismo em reconhecer nossa mortalidade e mais ainda, em reconhecer nossa incapacidade de sondar estes limites.

Uma segunda certeza irrefutável é a de que também não poderemos desvendar qual o sentido desta vida. Outra situação possível de criações de moral, pois já que não há nada previamente determinado, já que não temos onde buscar uma orientação que seja cem por cento verdadeira, então, neste caso, poderemos criar uma orientação que nos faça crescer em, como diria Nietzsche, "altivez de espírito". Mas mesmo assim ainda é confuso, porque ser altivo não quer dizer ser grande. Neste aspecto, um camponês por exemplo, que cuida de sua família, que exerce o árduo trabalho do campo e se regosija com isso, sua resignação pode ser uma forma de altivez, ou não. Não temos o sentido da vida, tudo é de um niilismo absurdo. Viver com o sentido que aplicamos, com as nossas verdades, com o que acreditamos ser possível, este é o único sentido, porque nada mais encontraremos além disso.

Por fim, nossa relação com o infinito, com o insondável, com o que há para além do espaço vigiado por telescópios, para o que há até o fim, se há um fim, se pode haver vida em outas galáxias distantes, vida como a nossa, mais desenvolvida ou menos desenvolvida, ainda consiste um mistério para o Ser Humano. Ainda que este mistério pode chegar a ter parcelas de descoberta no decorrer do desenvolvimento humano, caso por exemplo, topemos com algum ser vindo de outra galáxia, ou algum estudo em outro planeta nos revele algo que ainda não sabemos a respeito da vida extraterrestre, ou mesmo da origem do sistema solar, espaço, galáxias, e do que há em todo o Universo, ou melhor, sobre o que é isso, o Universo. Por ora, nosso conhecimento é limitante, mas poderá vir um dia em que novas descobertas colocarão o Ser Humano a par de novas situações e sua relação com o Universo  poderá vir a sofrer algumas alterações.

Bem, é desanimador eu sei, mas o que apontei acima acaba por ser, sinteticamente, o resultado de minhas investigações filosóficas até agora. Não acredito que dentro daqueles aspectos supracitados, poderemos avançar mais, as perguntas fundamentais continuam e talvez sempre continuarão. Resta ao homem acreditar ou não. Deus então é uma questão de fé, e a fé não pode ser explicada cientificamente, salvo pelo fato de acabar também por muitas vezes ser uma necessidade humana frente ao mistério, ao desconhecido. Mas muitas vezes ela é uma experiência tal, que independe deste temor do desconhecido, tornado-se uma certeza sem necessidade de comprovação. A isto poderemos dar o nome que quizermos, hoje chamamos de fé. Poderemos se quizermos chamarmos também de má-fé.

sábado, 25 de junho de 2011

Sartre e o seu Otimismo

      Sartre tinha a mesma concepção que eu consegui alcançar a partir das minhas reflexões pessoais, com a estrita diferença que o francês utilizava-se de uma nomenclatura apreendida dos alemães fenomenologistas. Tanto para o autor de A Náusea, quando para mim, essa vida não pode ser explicada e carece de lógica. Ficamos a mercê das especulações que não nos dizem nada com a capacidade de certeza, pois nada podem ou poderão provar. Neste caso, podemos atribuir tanto ao fenômeno da existência quanto da mente a idéia de "absurdo" - utilizada por Sartre -, simplesmente pelo fato de carecerem de explicação plausível. É desesperador, a princípio; no entanto, em um plano mais profundo permite ao homem se libertar e reconhecer uma moral que lhe outorga o direito de conduzir sua vida como bem tencionar, dentro do corpo das possibilidades e responsabilidades. Neste sentido, um otimismo acaba sendo possível, no que tange a idéia de que "tudo é possível" e na medida em que cada um torna-se responsável pelo que é, pois ninguém poderá escolher pelo outro, ainda que possa influenciá-lo em suas decisões.

Autenticidade em Sartre

       Hoje, quase por acaso, acabei lendo sobre a autenticidade em Sartre e aprendendo um pouco mais sobre essa questão de, por exemplo, ser fiel a si mesmo. Não deve-se tentar transformar o entorno para propiciar as condições necessárias a realização do nosso projeto, ma sim, se integrar as condições e descobrir por meio delas e nelas os meios de realização da nossa vontade. Destarte, meu desejo ganha um novo sentido, e nesta nova ética, a vida já começa a ser possível novamente.
       Esta descoberta me atingiu de chofre, em meio a uma noite passada em claro, sem ânimo nem coragem para dormir. Quando o dia estava quase amanhecendo, recolhi-me a sacada com um dos livros de Sartre e meu diário. Quando menos esperava, na página com o marcador, que eu iria ler naquela hora, lá estava a resposta para minha aflição. Jamais em outro momento eu leria aquela página e teria alcançado o mesmo nível de interpretação como ali, naquele momento em que eu estava num grau de aflição bem similar ao do autor. Sartre, enquanto soldado do serviço de metereologia na Segunda Guerra Mundial, também estava sofrendo com o embate do seu desejo com as condições do momento. A Segunda Guerra veio afirmar mais uma vez que vivemos em um mundo de areia movediça, em que a segurança que muitas vezes sentimos, quando sentimos é ilusória.
       Lendo sobre sua vida e com base no que os biógrafos dizem a seu respeito, como Annie Cohen Solal, descubro que nosso projeto de escritor esteve sobre o risco de desviar o seu caminho muitas vezes. Por exemplo, antes da guerra, enquanto professor de Liceu, para manter o seu projeto, precisava se dedicar ao trabalho até mesmo 16 horas por dia. Durante a guerra não foi muito diferente, apesar das dúvidas que ela colocava, da insegurança, ele resolve mesmo assim pensar que a guerra a qual forçosamente fazia parte como soldado metereologista era uma farsa. Isto permitiu que ele continuasse dedicado ao seu projeto, escrevendo, lendo muito e se especializando cada vez mais. Este tipo de disciplina e determinação é o que pode ter feito toda a diferença. Como Sartre diria, "o importante não é o que fazem de nós, mas aquilo que fazemos do que fazem de nós".

terça-feira, 14 de junho de 2011

Loucura e Morte, Ironia e Humor.

Hoje enquanto estava escrevendo sobre alguns assuntos particulares, acabei por trazer a tona a aplicação da Ironia e do Humor pelo homem, chegando a seguinte conclusão: o homem se utiliza do Humor e da Ironia como objetos de fuga diante de uma situação sem saída. Cheguei até aqui quando elaborava uma tese sobre a loucura um tanto foucaultiana. Estava descrevendo a loucura e a morte como desafio ao saber-médico, o que acaba por desposar o médico de sua soberania. Na loucura, o médico não prescreve o medicamento com o objetivo da cura, mas sim do controle. O louco não pode ser curado, posto que loucura não é doença, deve ser então controlado. A função dos hospícios é de ser verdadeiros centros de controle humano, não muito diferente talvez da escola, da indústria e das cadeias. A morte neste ponto corresponde sinonimicamente à loucura, posto que para o médico ela também funciona como um desafio ao seu saber. Salvo esta característica, todo o resto que se pode falar a respeito da morte e da loucura é mero absurdo, ou seja, não podemos falar sobre o que não temos os meios de conhecer. A excessão é com relação a estética. Dentro desta perspectiva podemos falar da Ironia e do Humor que sondam a morte e a loucura. Chego então ao tema que inicia este texto. Fica assim descrito a proveniência de uma sentença, que culminou nesta explicação. Ainda se poderia aqui, através deste esboço introdutório, divagar sobre a reação por exemplo da população brasileira, o humor e a ironia com que tratamos os assuntos que deveriam ser sérios, como a política, a saúde e a educação. É o que pode o povo diante de situações insolúveis.

domingo, 12 de junho de 2011

Mortos - Vivos!

       A vida em sua plena fragilidade! Quase todos os dias eu me deparo com a nossa insuficiência e mortalidade. Mesmo assim, ainda consigo manter um posicionamento contra tipos nazistas de idéias mortuárias como a eutanásia e a ortotanasia. No entanto, reconheço também que há momentos em que realmente fica difícil dizer até que ponto a ciência está contribuindo para a vida. Há pacientes que por estarem em estado cadavérico, horrivelmente dilacerados, odor putrido, dores as mais severas, manten-se "vivos" graças ao aparato médico, mas que não tem quaisquer perspectivas de restabelecerem seu quadro, retornarem a suas atividades, recuperarem a dignidade, sabendo-se de antemão o prognóstico negativo. Nesses casos, e somente nesses casos eu seria a favor da ortotanasia, pois entendo que a ciência, erm situações assim, estaria apenas contribuindo para o aumento do sofrimento. Toda ciência acaba por ser deste modo: possui um lado positivo e um lado negativo, e não é diferente com a medicina.
       O problema, já debatido várias vezes, sobre o emprego de um meio que permita o paciente morrer de forma mais natural quando a vida já é incompatível com seu estado de saúde, está em que nem sempre esse limite será respeitado, porque dentro do meio profissional, é sabido de operadores da saúde que se acham acima de Deus, podendo realmente definir quem vai e quem não vai sobreviver. Sei que a crítica é dura, mas quando falamos de médicos e enfermeiros, estamos falando de seres humanos, dotados de personalidade e caráter próprio. São pessoas tomando decisões, agindo, sobre o risco de uma vida alheia progredir ou não. Claro, toda prática científica é regida por um sistema ético. Cada profissional tem o seu código de ética. Mas da mesma forma que na sociedade temos os códigos, como o código penal, e encontramos indivíduos que furtam, matam, estupram; nas outras profissões também, o código não impede as condutas ilícitas, apenas coloca os "se". A solução ainda continua sendo um prolongamento do sofrimento para lá de humano, enquanto não temos um sistema seguro que nos permita identificar, selecionar e agir de forma ética e consciente, quando nos deparamos com estes tipos de pacientes, verdadeiros mortos-vivos. Muitas vezes as cenas que "vislumbramos" na prática rotineira poderá parecer algo horrendo a um oficial dos campos de concentração nazista, e até mesmo a um judeu prisioneiro em um destes campos...Mas o fato é que não estamos prontos para lhe dar com a responsabilidade de decisões que ainda não estão claras em relação a suas consequências, apesar de que alguns pensam o contrário.

sábado, 28 de maio de 2011

Uma Verdade sobre a Verdade

Bem, tenho andado meio devagar em minhas postagens, não é falta de assunto nem criatividade, é tempo mesmo. Só quero dizer aos  amigos que logo estarei bem mais assíduo. Isto porque, logo vai acabar mais um semestre da faculdade e também porque vou mudar de horário no trabalho, o que vai me permitir maior flexibilidade, dando possibilidade a postagens diárias novamente, talvez até mesmo mais de uma por dia. Enquanto isso não vai ocorrendo, vou anotando tudo.
Encontrei esta semana um amigo de infância que há muito não via. Ele me deixou uma frase que carrego comigo e que acredito ser importante compartilhar aqui. Estávamos conversando sobre a Verdade, ao cabo que ele disse, essa procura pela 'verdade' é já a Verdade. Há um pouco de sentido e razão nisso, em vista que, enquanto procuramos, outras descobertas vamos fazendo ao longo do caminho, e este caminho acaba por ser o nosso e acaba por ser o que somos e o que fomos capazes de sermos. No fim, isto se constituirá em nossa verdade, porque foi nisso que investimos nosso tempo e nossa disposição. Bem, ficamos assim, meio existencialista na nossa concepção de verdade, mas não totalmente. Talvez, esta seja uma linha a ser mais explorada. Quem sabe em outro post.
Bem, vou ficando por aqui, aos interessados, ainda não concluí meu estudo sobre a Microfísica do Poder, de Foucault.. Até o presente momento, tenho uma posição ambígua em relação a questão do poder. Ainda desconfio um pouco de Foucault, apesar de estar bastante interessante tomar partido dos seus pontos de vista sobre as coisas. Foucault é bastante inovador!. Bem, nada mais natural para um acadêmico de Direito, toda essa desconfiança em assumir tais relações de poder, apesar de muitas vezes parecerem tão óbvias, naturais e por vezes até necessárias, talvez até por estar acostumado a ouvir falar de Hans Kelsen em quase todas as disciplinas do curso.

sábado, 14 de maio de 2011

"Os Intelectuais e o Poder" - Uma Síntese

 
        No livro Microfísica do Poder, de Michel Foucault, encontramos o título "Os Intelectuais e o Poder" para um debate entre o próprio Michel Foucault, e outro intelectual francês, Gilles Deleuze. Este último, inicia o debate justificando sua participação no movimento maoísta, demonstrando que se confunde ainda a relação teoria e prática, quando se exige uma relação direta destas duas, diferente do que o coloca em contato com este tipo de luta social, onde as relações teoria-prática são muito mais parciais e fragmentárias. E ainda continua, para nós, o intelectual teórico deixou de ser um sujeito, uma consciência represetante ou representativa. Essa última colocação de G.D, acaba por alcançar Sartre, no que tange a idéia de intelectual engajado. Nesse sentido, Foucault contribui O intelectual dizia a verdade àqueles que ainda não a viam e em nome daqueles que não podiam dizê-la: consciência e eloquência., hoje, o papel do intelectual não é mais o de se colocar 'um pouco na frente ou um pouco de lado' para dizer a muda verdade de todos; é antes o de lutar contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, o objteto e o instrumento: na ordem do saber, da 'verdade', da 'consciência', do discurso.". Até aqui, creio que não haja dúvida de que estão parodiando Sartre em sua noção de intelectual engajado, demonstrando sobretudo que houve uma transmutação de valores entre os intelectuais do passado, e os intelectuais necessários no presente.
       Definida a posição do intelectual, o discurso entre ambos, passa agora a representar as formas de poder encontradas, bem como a idéia de difusão desse poder, contrária a de totalização. Vejamos... Para Foucault, que estudou a princípio a História da Loucura ( cujo enunciado, é título de um de seus livros), relacionando o sistema psiquiátrico - o hospício, a um método coercitivo, uma forma de prisão, passando daí ao estudo das prisões, presente no livro Vigiar e Punir, não será que, de modo geral, o sistema penal é a  forma em que o poder como poder se mostra da maneira mais manifesta?, e ainda, A prisão é o único lugar onde o poder pode se manifestar em estado puro em suas dimensões mais excessivas e se justificar como poder moral, aspecto este indubitável, pois quer se queira, quer não, a prisão acaba por representar a única forma de coerção com uma legitimidade moral, sendo que todos entendem e acabam por, de uma maneira geral, aceitar que quem está na prisão, que o preso, está lá, porque foi desonesto com a sociedade, porque roubou, matou, estuprou, etc. O poder nas prisões é descarado, ele não precisa de subterfúgios, porque é "justificado". Após essa explanação, G.D. lembra que, além dessa relação de poder coercitivo, existem outras como a escola e a indústria, que também acabam por ser legitimas, mas que um pouco diferente das prisões, atuam com certa diligência, mas que, mantém uma cópia do sistema penal, no sentido da aplicação dos horários, das regras, da relação de seus representantes, os professores, os patrões, com os que estão em uma relação de inferioridade, os alunos, os trabalhadores. O poder é apresentado então de forma difusa, contrariando a idéia de totalização, por não ter um único representante, não provém exclusivamente do Estado. Foucautl conclui que onde há o poder, ele se exerce. Ninguém é, propriamente falando, seu titular; e, no entatno, ele sempre se exerce em determinada direção, com uns de um lado e outros do outro. Assim, contrária a idéia de Estado totalizador, contrária mesmo a idéia de Poder representado unicamente pelo Estado - como no Positivismo, a idéia de poder em Foucault é uma relação, presente em várias formas da nossa sociedade. E é lá, nas prisões, nas escolas, nos comissariados, nas fábricas, que a realidade está acontecendo efetivamente (Deleuze),  e onde o intelectual deve estar inserido e poderá ser encontrado.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A "Verdade" em Foucault.

Para Foucault, pelo que pude captar em seu livro Microfísica do Poder, a "verdade" é exclusivamente utilitarista. Não existe uma "verdade" fundamental, primordial, única. Não existe também, a "minha verdade", ou melhor, a verdade de cada um. Existe sim, uma "verdade" "circulante, ligada a sistemas de poder, que a produzem e apoiam, e a efeitos de poder que ela induz e que a reproduzem." Neste caso, a verdade está relacionada aos elementos de poder, que acabam por nos influenciar na formulação de nossas verdades. Deste ponto de vista, o que chamamos por "nossa verdade" acaba sendo uma verdade pré-programada para nos ocupar, de uma forma ou de outra, a partir das relações de poder. Este regime é visto tanto no capitalismo quanto no socialismo, utilizando-se de mecanismos contrários, um por influência, outro por imposição, mas chegando ao mesmo resultado, o de nos encaminhar à verdade deles. A verdade então pertence a este mundo, e é produzida "graças à multiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua 'política geral' de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e a s instâncias que permitem distiguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneiroa como se sanciona uns e outros; as técnicas e procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que tem o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro." Aqui, vejo até uma certa conotação ao discurso de Sartre de que "escolhendo-nos, estamos por escolher aos outros", no sentido da influência de nossas decisões, nem sempre apreendidas por nós, e muito menos possíveis de serem captadas em sua totalidade. Pensando numa escala ascendente, os aparelhos econômicos maiores influenciando os aparelhos econômicos menores, na suas tomadas de decisões, no contexto de suas vidas, nos caminhos por eles tomados. Não sei se compartilho ainda do mesmo posicionamento de Foucault, é algo que ainda não consegui obter uma formulação precisa. Talvez pela novidade do conceito, ou quem sabe pela obviedade do mesmo. Não sei, para mim, a verdade ainda está em algum lugar, o qual por qualquer razão, não consegui até o presente momento alcançar. Esta "verdade" de Foucault, é muito mais politica, está  mais a explicar nossa esfera de relação com as instituições, com o aparelho estatal, com os regimes de poder, que propriamente ser o conteúdo do que poderíamos identificar como sendo uma "verdade" irrefutável, capaz de orientar o caminho, que denote certa organização da vida, da existência.

*Os textos em itálicos são citações direta do livro Microfísica do Poder, Capítulo I, Verdade e Poder.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Foucault

Não sou muito conhecedor de Michel Foucault. Ja li seu livro História da Loucura, estive com outros livros seus em mãos onde os li parcialmente, também li algumas biografias e notícias sobre o pensador francês. Hoje, lendo Microfísica do Poder, cheguei a percepção que  - admito, pode estar equivocada - Foucault reconhece os poderes paralelos, alternativos, ao poder centralizador do Estado. Eu disse que reconhece, não disse que acredita. Já no seu outro livro Vigiar e Punir, ele escreve citando Rush que "Só posso esperar que não esteja longe o tempo em que as forças, o pelourinho, o patíbulo, o chicote, a roda, serão considerados, na história dos suplícios, como as marcas das bárbaries dos séculos e dos países e como as provas da fraca influência da razão e da religião sobre o espírito humano.". Tenho um professor que sempre diz o seguinte: para se entender um autor é preciso que tenhamos estudado também sua vida. Bem, Foucault pelo que li a seu respeito, sempre se comportou de forma intransigente em relação a tudo que soasse como soberano, como única fonte, como instituído. Poderia se chegar a dizer que ele é um agitador. Na citação acima extraída do livro V.P, ele levanta uma crítica a religião e a razão, instituições da sociedade, chamando-as de fracas por não atingirem as sociedades totalmente, permitindo deste modo, que barbaridades como os suplícios ocorressem. Confesso que não entendo o que ele pensa sobre a função da instituição religião e instituição razão na sociedade, pois cobra certa participação e influência que nem mesmo o Estado, com as leis impostas consegue abarcar. Também ele parte deste mesmo método para dizer que o Estado não alcança todas as formas sociais, dando margem a intervenção de outros poderes no controle social. Se o Estado não alcança todas as formas sociais, não quer dizer necessariamente que ele não sirva como modelo de organização da sociedade. Hoje em dia, é cada vez mais difícil imaginarmos uma sociedade sem Estado. O próprio conceito de sociedade, se formos investigar mais aprofundamente, vamos descobrir que está intimamente ligado a idéia mesmo de Estado. Mesmo que o Estado como um todo não abarque estas sociedades que vivem à margem, mesmo que a Religião não consiga controlar perfeitamente uma época, mesmo que a Razão não seja necessariamente a única forma com que descobrimos o mundo e o transformamos, são as estruturas que temos de melhor, podemos até pensar em outras, mas arriscar estas em nome de outras mais duvidosas, pelo exemplo histórico, não é algo muito recomendável.
Bem, posso até mesmo ter falado um monte de bobagens aqui, arrisquei-me um pouco. No entanto, também pode ser que o que eu disse faz realmente algum sentido...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Metamorfose Ambulante

No texto http://mundointerrogado.blogspot.com/2011/04/questao-da-liberdade-em-sartre.html escrevi sobre a questão da liberdade em Sartre e então, como era necessário na ocasião, falei do devir e da Essência. Hoje então, estava ouvindo pela "enésima" vez a música do Raul Seixas, Metamorfose Ambulante, muito conhecida por sinal. Bem, acabei fazendo uma releitura dela, que tentarei reproduzir aqui. Raulzito mesmo, era um grande conhecedor dos textos filosóficos e religiosos. Pelo que acompanhei em algumas de suas entrevistas ele lia Schopenhauer, por exemplo. Também em outra faz menção a idéia de "eterna mudança" de Heráclito. E já que acabamos falando de Heráclito, aproveitaremos a "deixa" para agora falamos especificamente da música em questão.
A música Metamorfose Ambulante é uma música que fala principalmente de mudança, da nossa mudança. O Ser Humano, no seu devir, isto é, na construção de sua Essência, está em constante mudança, está sempre sendo Metamorfose Ambulante. Raulzito na música critica aquelas pessoas que ficam com "aquela velha opinião formada sobre tudo", e a isso opõe o indivíduo que hoje ama, e amanhã tem horror, hoje é amor, amanhã ator. Nessa perspectiva demonstra que é mais inteligente estar aberto a várias experiências, a várias interpretações do mundo, vários posicionamentos a respeito de si mesmo, a respeito das coisas, um em cada momento de nossas vidas. Diferente do que normalmente estamos acostumados a ouvir por aí, que é importante sustentarmos uma opinião até o fim, que precisamos ter objetivos e insistir neles por toda a vida, que precisamos ter um pouco de "coerência". Isto, para o filósofo Raul Seixas é "chatice". Até mesmo os filósofos mudavam suas idéias, vejamos Nietzsche que em um livro adorava o compositor alemão Richard Wagner e no outro o destruia. Que em um livro estreia "Schopenhauer como Educador" e em outro Schopenhauer já não servia mais. Podemos apontar essas transformações em quase todos os filósofos e pensadores e nem por isso deixaram de ser gênios, pois o que os faz assim é a própria irreverência de seus pensamentos, suas idéias e posicionamentos em cada situação. Ser Metamorfose Ambulante não é ser incoerente, pelo contrário até. Pior é estagnar, ficar sustentando sempre as mesmas coisas, e não abrir para as novas possibilidades. O mundo acaba por exigir isso, o conhecimento vai nos levando a outras margens, de forma que deixamos de habitar as margens onde antes construímos nossa casa. O que não pode é o indivíduo sustentar uma opinião sem qualquer embasamento, e tentar convencer sem ser pela razão, pela lógica. Mesmo que hoje logicamente estejamos certo em alguma coisa, é preciso reconhecer que amanhã isso pode já não fazer qualquer sentido, e isto porque não é uma questão de verdade ou não, mas de se estar certo em um determinado período, em uma época, de se estar com a idéia ajustada com o momento.
Sejamos metamorfoses raulseixistas então...

domingo, 24 de abril de 2011

Feriados, para que servem?

É só dar uma folgada na rotina e a imaginação e a criatividade afloram. Realmente, a rotina engessa! É preciso durante o dia à dia, buscar momentos "válvula de escape" onde poderemos exercer livremente a arte de escrever e pensar. No mundo moderno, tudo é muito mecânico, se cairmos nesse ritmo corremos o risco de nos tornarmos cada vez mais automatos. Os feriados são necessários, e em um país como o Brasil com tantos feriados e "pontos facultativos" seria uma boa se o pessoal começasse a aproveitar o ócio para fazer o que Domenico de Masi denominou por ócio criativo. Mas, em todo feriado, ou é praia, ou é viagem, ou é ficar em casa dormindo mesmo. Então o resultado é sempre o mesmo, acidentes de trânsito, doenças de pele, gastos excessivos, tédio e preguiça. Tudo bem, cada um faz o que quer, esta é que é a regra. Então, se alguém quizer apenas viajar, ou apenas ir para praia, ou ainda mais quizer só ficar em casa dormindo, fique à vontade, também não vai o mundo mudar por causa disso. Fica aí a sugestão para o próximo feriado, começa lendo um livro, mas escolhe algo bom, de qualidade mesmo. Já que falei, não custa citar, valendo lembrar que este é um livro mediano, mas já é um bom passo para um começo. Sugiro O Ócio Criativo, do Domenico de Masi.

A Questão da Liberdade em Sartre

       Uma vez, um amigo me perguntou o que era a Liberdade. Falávamos sobre Marx, Lênin, Stálin e Trotsky, e eu fiquei meio que sem saber ao certo o que lhe dizer. Sim, eu tinha plena noção do que seria a Liberdade, pois à época já era um estudante aficcionado pelo existencialismo sartreano. Mas, naquela ocasição eu não sabia reunir em um único conceito a idéia de Liberdade em Sartre. Acabei enrolando qualquer coisa, passando por idiota, e acabando por perder todo o debate. Hoje, eu saberia já conceituar a Liberdade, em sua forma mais aceitável e compreensível para mim? Vejamos:
       Bem, a Liberdade seria o que encontramos entre a Existência e a Essencia. Fácil? Parece matemática, não? Vamos esmiuçalhar um pouco mais esse conceito que elaborei a partir das leituras de Sartre. Bem, o que é a Existência e a Essencia em Sartre? A Essência seria aquilo que podemos captar, dos objetos por exemplo, isto é, o que representam para nós. O que faz com que uma mesa seja um mesa, por exemplo, quais características denotam sua qualidade de mesa. Nas coisas é possível identificar primeiro a Essencia, par depois chegar a Existência, isto é, ao ser-em-si. Com o Ser Humano acontece o inverso, primeiro ele Existe, é lançado no mundo, a partir daí ele se projeta e vai construindo sua Essência. Então o Homem é o que ainda não é, é este vir a ser, este devir. Veja que Machado de Assis não seria o escritor que foi se só tivesse nele a intenção de escrever os livros que escreveu, se não se concretizasse essa intenção. Entre este lançar no mundo e este projeto, existe a possibilidade da escolha. Até mesmo não escolher já constitui uma escolha. Por isso Satre dizia que o homem estava condenado a ser livre. Ao homem é dado então a Liberdade de transformação desse projeto, de execução e construção de sua Essência. Esta capacidade é que Satre identifica como Liberdade.

Stephen Hawking
        Vejamos que é natural que as pessoas questionem: mas e a doença, os acidentes, as fatalidades, aquilo que não escolhemos, como por exemplo o local onde nascemos, nossos pais, etc, onde ficam nesse sistema? Bem, não se espera que um pensador como Sartre ignore isso, ele reconhecia a existência do acaso, e a isso dava o nome de Facticidade. Agora, o que muda é que mesmo sobre esta Facticidade podemos agir. A Facticidade existe, agora o que ela representa para mim, sou eu que escolho. Nesse caso, novamente o homem volta a sua Liberdade, aquela entre a Existência e a Essência. Por isso, por exemplo, um indivíduo como Stephen Hawking que deveria desistir de viver, acaba por ser o maior fícico de nossa época. Pois mesmo com uma doença degenerativa, ele consegue dar a volta por cima, em outras palavras, é o que ele fez com o que foi feito dele.
       Espero que tenha conseguido esclarecer algo com este ensaio sintético.

sábado, 23 de abril de 2011

A Velhice

Hoje fui visitar meus avós maternos (nona e nono). Confesso que aprendi algumas lições sobre a velhice e também sobre a doença, mais do que pude aproveitar durante todo o curso na faculdade. Essa visita acabou por resgatar um pouco do  próprio "eu" que estava perdido, em algum lugar do passado. Os meus avós além de muito religiosos tiveram uma vida muito dura, criaram dez filhos em meio as dificuldades da época, e ainda por cima morando longe de qualquer centro urbano por menor que fosse. A casa deles é a penúltima na estrada que mais parece uma passagem para o carro de boi, as outras casas ficam a kilometros de distância. Fico imaginando ao olhar para aqueles morros cheios de mato e bugios, como era cuidar dos filhos, manter as lavouras, os animais de criação, a casa, a saúde das crianças e tudo o mais que é preciso para se viver em um lugar como o deles. Muito menos do que precisamos para viver na cidade por exemplo. Apesar de toda a dificuldade criaram muito bem os dez filhos, e hoje ainda não se renderam aos confortos da vida moderna. Sua casa ainda é rústica, não possuem telefone, muito menos internet. O banheiro e chuveiro estão instalados na parte externa da casa. Quem disse que tomar banho e sair na rua faz mal para saúde? Meus avós estão com 83 anos de idade, vivendo com pouco, comendo muita polenta, queijo, salame, verduras e frutas que extraem da própria terra que cultivam, das vacas e porcos que criam.
Espantei-me com a lucidez de minha avó, é possível conversar com ela normalmente. Ela tem uma memória muito boa, e surpreendentemente conhece assuntos da vida moderna. Ainda é uma leitora assídua! Está doente é certo, mas sua doença é apenas física. Não digo que ela não sofra com a doença, mas parece saber tão bem driblar isso. Senti-me pequenino ao lado dela, eu a respeito muito. Meu avô é saúde pura, vigoroso, lúcido, atento! Ainda conserva os braços fortes para mexer a polenta no tacho sobre o fogão à lenha. Quanto aprendizado!
Bem, depois desse resgate do meu "eu", ter ido novamente até as origens, ter visto o que passaram meus avós e minha mãe no enfrentamento das condições rudes, sinto-me renovado para continuar a levar minha vida, e mais ainda por estar pisando sobre o caminho justo. De qualquer modo, é preciso concluir, a velhice me surpreende e comove mais que a juventude.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Giordano Bruno

O Professor de Filosofia do Direito propôs o seguinte:

"Apresente um comentário ao conceito de 'instituição' em Giordano Bruno"

Ao qual desenvolvi este texto:

 Para o Frei Giordano Bruno (Nola, 1548 - 1600)* as instituições representavam estruturas de poder que deveriam ser combatidas, por impetrar o pensamento e as ações dos homens. Sua luta contra estas instituições culminou em sua morte, depois de julgado e sentenciado a ser queimado vivo junto com sua obra pelo Tribunal da Inquisão. Provém daí o fato de suas obras terem desaparecido, por serem queimadas concomitantemente a sua pessoa. Mas seu pensamento prevaleceu por entre os séculos, e vai nos encontrar nas aulas de Filosofia do Direito do professor Célio.

       Bem, a importância do pensamento de Giordano Bruno, para os alunos do curso de Direito, talvez se dê pelo fato de que o "questionar", ou seja, a visão "crítica" no Direito, ser para os representantes desse, fundamental na construção de um modelo de justiça mais adequado à sociedade.  Assim como Giordano Bruno apontava as falhas em um sistema que dominava a vida nos Séc. XIII (Idade Média), que desferia seu poder (Igreja Católica) contra aqueles que se levantassem contra esse sistema, ou mesmo contra o que representava a verdade para seus titulares, nós, enquanto representantes do Direito também teríamos a "obrigação", por assim dizer, de nos atirarmos no propósito árduo de mudar o sistema jurídico, que também possuí - não muito longe do que era o modelo da Igreja à época de Giordano Bruno - suas falhas, seu status quo, o seu domínio, sua inadequação, sua ineficiência. Existe todo um ritual, uma espécie mesmo de corporativismo que impede qualquer ente que provenha de baixo de estar se precipitando contra este regime, de modo a manter a ostentação daqueles que estão em seu poder. Uma empreitada deste tipo não seria isenta de riscos, talvez não tão cruéis quanto os enfrentados por Giordano Bruno, mas também devastadores.

       Hoje, seria difícil imaginarmos que alguém poderia ser queimado vivo por sustentar suas idéias, mas a reclusão, o veto, a represália são atos que ainda encontrar sua prática nos dias atuais, sempre que alguém procura desferir críticas as instituições - ainda objetos de poder que abriga tipos não merecedores de seus proventos. O caminho, creio eu, não seria uma luta ideológica e por isso desgastante, teimosa e por isso maçante; de igual modo também não seria o da Revolução, pelo risco já conhecido de provocar a morte de inocentes, e acabar no mesmo ponto em que se partiu. Se formos observar os modelos revolucionários do século XVIII, por exemplo, vamos encontrar um grupo de insurgentes se revoltando contra certos poderes, que depois de conquistado tais poderes, tornam-se tão piores quanto àqueles aos quais se insurgiram. O caminho, talvez o encontraremos, depois de um sólido conhecimento, proporcionado pelo ensino acadêmico e ainda pelos esforços individuais de cada um, ir desvendando os viés da prática, e aplicando aqui e ali métodos ortodoxos dentro do próprio sistema, que possam assim despertar o olhar alheio para as inconsistências do nosso sistema jurídico, para suas possibilidades, provocando uma necessidade de revisitação aos seus primórdios para a construção de uma interface futura mais direcionada para a causa social, e por isso até mesmo mais justa. Não tenho a intenção de propor uma mudança total, em todo sistema, pois na falta deste não imagino que outro se adequaria melhor, e com menores riscos à sociedade. Mas algumas arestas deste sistema precisam é certo serem podadas, alguns ajustes é correto, precisam ser realizados, ou estaremos apenas sustentando o status quo de alguns e deixando a injustiça, o desrespeito e a injúria tomar conta.

Texto desenvolvido a partir das aulas de Filosofia do Direito e conhecimentos e idéias prévias do autor.


*data de nascimento e morte de Giordano Bruno extraído da Wikipédia.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Chico Xavier e Missão Pessoal

       Acabei de assistir ao filme brasileiro sobre o Chico Xavier. Gostei do filme, muito bem arranjado, elenco brilhante! Senti-me até um pouco ignorante porque nunca havia prestado atenção em uma personalidade como a do Chico. Não questiono a veracidade de suas psicografias, o crédito da sua posição. O pouco que estudei sobre espiritismo me deixou mais ainda em dúvida sobre a intenção da proposta. Ainda tenho uma ligação muito forte com o catolicismo e com outras doutrinas cristãs para ter abertura com algo praticamente brasileiro como o espiritismo. Ainda mais, seria algo com uma capacidade potencial maior só em um país como o Brasil, pelo nosso cinismo, falta de seriedade e ignorância. Mas não prossiguirei com este tema pois não quero aqui ferir a fé daqueles que acreditam nesse tipo de doutrina.
      Durante tempos eu busco por algo que possa ser a resposta para o motivo de estarmos dando continuidade a nossas vidas e estarmos aqui, e não em outro lugar, ou mesmo já mortos. A resposta, eu acreditava tarnscendia a nossa capacidade de compreensão das coisas, em vista de podermos fazer jus ao nosso conhecimento da matéria, e não das coisas não materiais. A resposta não nos alcançaria pois que seria preciso um despertar de nossa consciência para o além do humano, o suprassensível, ainda muito distante do mundo vislumbrado por Xavier. Bem, algo eu sei, ou ao menos apreendi disso tudo: uma missão vale mais que muitas explicações sobre a vida ou sobre nossa origem, por isso devemos prestar atenção ao que nos foi dado realizar nessa Terra. Foi apenas isso que um indivíduo como Chico Xavier fez, foi exatamente o que Kant fez, o que Nietzsche e também outros tantos fizeram. E isto é elevar o Ser humano, tão dependente em sua estrutura, as condições mais altas da sua capacidade, e sondar um pouco deste espaço que pertence ao divino. Einstein bem o compreendeu quando entendeu a comunção entre Religião e Ciência, e quando em suas investidas científicas se dava conta de que tentava seguir os passos do Grande Criador.
        O grande caminho a ser percorrido não está afastado de uma boa gama de leituras, que enchem o nosso espírito. Está aí uma evidente explicação do propósito de Xavier ao escrever tantos e tantos livros. Leitura é fundamental. Difícil apontar um indivíduo superior que não tenha se dado ao trabalho de fazer longas e sérias leituras. Este momento de concentração, como Kiekegaard percebeu, tem muito de religioso. A todos que gostam de ler o que eu escrevo, desejo que possam estar sempre em companhia de bons livros e que se dediquem a sua missão pessoal. O mais difícil é descobrí-la, e ela está dentro de cada um. Quando conseguimos nos despojar de todo ego, toda a desonestidade, todo rancor, e olharmos para nós mesmos, com um olhar puro e verdadeiro, lembraremos que tínhamos algo a fazer e que até agora não fizemos, e que aí está a explicação para tanto mal assolando nosso espírito. Olho para o passado, vejo um garoto de quatorze anos dedicado a leitura dos clássicos e produzindo suas primeiras poesias. Vejo esse potencial que ficou retido. Questiono-me porque ele não retorna...

Igan Hoffman      

domingo, 20 de março de 2011

Enquete: resultado!

A enquete sobre Evolucionismo x Criacionismo teve os seguintes resultados:
8 pessoas votaram.
Empate entre Evolucionismo e Criacionismo, as outras opções não foram votadas.

Análise:
Considero pouco o número de votantes em vista do número de acessos diários que recebo. O resultado expressa como existe realmente um impasse entre estas duas linhas que tratam de nossas origens, o Evolucionismo e o Criacionismo.

Abri nova enquete sobre o próprio blog e seu conteúdo, não deixem de votar. Espero bem mais votos que na enquete anterior, ao menos o dobro.

Também não deixem de comentar o post abaixo sobre Husserl, Fenomenologia e Evolucionismo.

Igan Hoffman

sábado, 19 de março de 2011

Husserl, Fenomenologia, Evolucionismo

"Toda consciência é consciência de alguma coisa", essa fórmula adotada por Husserl (1859 - 1938), põe em xeque muito do que se pensou até a época no campo do pensamento e da posição do homem no mundo. Nossa consciência então se relaciona com o mundo externo através da consciência que dele temos. Sendo assim, é uma relação de consciência com consciência para o mundo externo. Então somos lançados ao mundo como Sartre dizia, mas somos lançados primeiramente em nossa consciência. Nesse sentido Sartre aplicou a fórmula de que "o homem pode se curar de uma neurose, mas nunca de si mesmo", aqui ele estava certo. O mundo externo existe e é independente de nossa consciência, mas em verdade, passa a existir efetivamente enquanto está para nós, porque provém de nossa consciência a noção de existência e se empregamos aos objetos, é que temos consciência de sua existência. Então existem, enquanto existem para nós. Fazemos então representações das coisas em nossa mente, como quando estamos diante de um objeto, podemos ver duas ou três de suas faces, as demais faces são intuídas. Por exemplo, se você tem como eu uma caneca com café a sua frente, você não vê a face posterior dela, se não estiver olhando de cima, não verá também suas faces internas. Como pode saber que nesse momento elas estão a existir, e que por algum motivo,  a matéria não flertou nesse momento e passou a não existir? Por intuição apenas. Há outros casos de representação, estes assinalados por Husserl, por estarem no campo da psicologia, campo em que o pensador atuou. Husserl nos aponta a representação que fazemos, quando por exemplo, vejo uma bandeira, que é apenas um pedaço de pano pintado e, através dela, eu viso outra coisa, viso um determinado país. Há aí certamente a presença de uma atividade da consciência, essa característica de lidar com o signo e seu significado acaba por tornar muitas idéias possíveis. É só pensarmos que a escrita é feita de signos. A isto Husserl chama de intencionalidade, ou seja, existe intencionalidade sempre que através de um dado, visamos algo não dado, sempre que certa presença exprimir uma ausência.
       O caso acima vem apenas elucidar uma das idéias já transmitidas por Heidegger, sucessor de Husserl no pensamento fenomenológico, de que para se descobrir como se processa nossos pensamentos, como é formada nossa mente, como expressamos nosso conteúdo mental, deve-se partir de análises internas. O estranho é que hoje cientistas ainda tentam solucionar estes problemas através do estudo aprofundado das estruturas cerebrais, matérias, que são por nós representadas na mente. Mente e cérebro são coisas distintas. Mente não é matéria, cérebro é. Para se chegar a Mente não se pode partir da matéria. Mas sabemos que existe alguma ligação, pois como explicaríamos a diferença na estrutura mental de alguém que sofre algum dano cerebral, ou mesmo que nasce com alguma anomalia neste órgão? De qualquer modo, não poderíamos afirmar que a Mente seria formada exclusivamente no cérebro, porque a Mente não pode ser reduzida à matéria, colocada numa lâmina de microscópio e estudada. Por isso no Direito se deve tomar cuidado ao decidir sobre a vida de um feto ou mesmo de um anencéfalo. A Mente é assunto da filosofia e psicologia, a ciência que cuida estritamente da matéria nada tem haver com isso. Por isso é bom duvidarmos de toda ciência que prevê leis absolutas, porque podem incorrer sempre em erro. Como, por exemplo, a questão do evolucionismo. Como imaginar que em um determinado momento da evolução do homem, a Mente passa a exercer papel determinante em seu modo de vida? De onde provém esse avançar do cérebro humano capaz de produzir a Mente? Será mesmo possível? Ou a Mente está mais relacionada com a Alma, o suprassensível, o intangível? Nossa mente pode desenvolver novas formas de se relacionar com o mundo exterior, fora os processos estudados pela psicologia e fenomenologia, e continuar evoluindo, nosso cérebro deverá evoluir com a mente? Os processos mentais estudados pelos fenomenologistas como Husserl e Heidegger são estruturas imagináveis, intuídas da forma como a mente processa os pensamentos e como passa a conhecer o mundo que está a sua volta. Mas, também podemos como Wittgestein reduzir tudo isso a mera questão de linguagem e jogo de conceitos, fruto já de uma mente que recebe uma tradição humana de idéias. Existem sim, noções a priori como Kant propunha e depois Descartes, pois já nascemos com alguns mecanismos presentes, como a procura por alimento (instintiva), a idéia de que há um ser maior (todas as civilizações acabam por buscar uma certa divindade), a idéia de que é preciso certos controles para vivermos em sociedade, a idéia de número, sabemos já de antemão que dois é diferente de um, mesmo que não utilizássemos a linguagem "dois" e "um", que fosse outra coisa, perceberíamos a diferença, ou por uma questão de percepção ou sensibilidade, ambas vinculadas e participes do mecanismo mental. Associado a isto podemos aceitar a idéia de tábula rasa de Locke, bem como o empirismo de Hume, não tão rasa, com algumas idéias já embutidas, acrescentando o que aprendemos pela experiência. Pensando em tudo isso, na complexidade de nossas mentes, fica a questão, podemos realmente aceitar certa ciência como o evolucionismo, ou tem mesmo um cheiro de charlatanismo por trás disso tudo?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Apocalypse Now

       4 dias de silêncio em respeito as vítimas do tsunami no Japão. Não tive coragem para escrever nestes quatro dias que se sucederam ao desastre em Sendai. Lembrei o 11 de setembro, o tsunami asiático de 2004, o do Haiti há pouco mais de um ano, e pensei que as trombetas do apocalipse devem estar soando. Imagine que alvo interessante para os terroristas estes reatores nucleares: Rússia, Brasil, EUA sofrendo os efeitos da radiação! Bem, não foram poucas as coisas que perpassaram em minha mente após os tremores japoneses, de modo que não conseguia me concentrar no trabalho, estudar para prova, ou sequer escrever. Acabei por estudar Heidegger nestes dias, de forma a tentar desviar um pouco o foco da atenção. Esta noite que se passou quase tive uma crise de nervos, parecia que tinha uma bomba a todo instante explodindo em minha cabeça, dormi menos de 3 horas. Ainda estou com sono, mas resolvi antes escrever este texto. Que desgraça! Quantas pessoas normais como eu, com filha e esposa, não sofreram o poder devastador da onde gigante e não estão até agora soterrados na praia de Sendai!
       Eu tinha alguns apontamentos que extraí do livro infracitado Tempos Interessantes, em que faço uma análise do corrompimento marxista em Hobsbawm, o que danifica de certo modo sua forma de ver sua época. Achei inútil nestes dias qualquer empreendimento desta espécie, se tudo acabara perdido pelo movimento das placas tectônicas. Coincidência ou não, há alguns dias o sol havia sofrido explosões em sua superfície, inclusive uma das maiores explosões já registradas, assim como o maio abalo sísmico já registrado no Japão. Aterrorizou-me ver na mídia a questão de se o Japão estava ou não preparado para suportar esta fúria da natureza. Por mais conhecimento que se tenha da questão, por mais medidas que se tome. Quem está preparado para receber um terremoto ou mesmo um tsunami? Asneiras midiáticas. Às vezes, desisto de ler jornais, para não falar de assistir televisão...
       Bem, além de tudo isso, parece que a Nasa está monitorando pedras que ameaçam a Terra. São muitas! Que tal uma colisãosinha capaz de deslocar o eixo da Terra mais uns 15 cm como fez o terremoto, ou mais e daqui  há pouco estaremos orbitando bem próximo do sol. Sei que é exagero, mas em meio há tantas ameaças, ainda temos que tentar planejar e pensar no futuro, caso contrário, cairíamos no niilismo, ou ainda na anarquia, talvez até sinônimos. Tanto o deslocamento das placas tectônicas quanto essas merdas de asteróides em nada tem haver com o lixo que jogamos no planeta, a não ser do ponto de vista religioso. Desculpem o tom apocalíptico deste texto, confesso que meus dias não tem sido bons. Mas ficamos por aqui, deixa-me acender mais um cigarro e preparar mais um copo com wiskey.

Só para assinalar, a imagem de "nosso tempo" (séc. XX) para o historiador Eric Hobsbawm é, como menciona em seu livro "absurdo, irônico, surrealista, mostruoso". (Tempos Interessantes - Uma vida no séx. XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. pág. 20-21)

Igan Hoffman
    

sábado, 12 de março de 2011

Eric Hobsbawm e seu livro Tempos Interessantes

Dou início a releitura do livro Tempos Interessantes - Uma vida no século XX  do historiador britânico Eric Hobsbawm. Já ao observar o título do livro algumas considerações perpassam de imediato pela minha mente. Essa obra de engenharia histórica autobiográfica, além de como esperado traçar a autobiografia de Hobsbawm, trata dos acontecimentos históricos correspondentes e que de certo modo , provocaram alguma influência no escritor, já sendo assim desde o início uma obra com determinados limites. É preciso entender que os acontecimentos narrados pelo autor estão sendo contados sob o prisma de um judeu, que fugiu com sua família para a Inglaterra e que agora é um ancião. Isto demonstra talvez a expressão de desdém com que Hobsbawm aparece em foto na capa do livro. O historiador está velho, o século XX passou, ele não sobreviverá ao futuro e por isso não pode acreditar em um amanhã melhor. Ainda sofre a impressão traumática dos regimes autoritários do seu século, o que o induz a pensar que o estigma do autoritarismo estará mais forte, mas, em contrapartida, obseramos os desmantelamentos dos regimes autoritários pelo mundo, reinvidicação social mesmo, por uma melhor econômia com abertura de mercado, diminuindo a miséria de seus povos. A China, de certo modo, manteve o regime autoritário de Hu Jintao, isto é, a ditadura de Mao Tse Tung, mas ainda assim o povo chinês sofre com a exploração da mão-de-obra, e as restrições impostas por um governo fascista. O que poderíamos identificar como sendo um paradoxo em Hobsbawm, é o fato de que o historiador, conhecedor da história é óbvio, que presenciou a brutalidade de um regime como o nacional-democrata na Alemanha e o Comunismo de Stálin na URSS, acabou por se tornar um membro efetivo do Partido Comunista Inglês e um marxista ferrenho. Ainda bem que hoje ele já reconhece as fragilidades do marxismo. O importante é termos a consciência de que, todos estes aspectos devem ser considerados quando lemos uma obra como a que apresento aqui.

Igan Hoffman

sábado, 5 de março de 2011

Explosões Solares e Jesus Cristo

        Já escolheu como gostaria de passar as suas últimas horas de vida? Bem, acredito que você já saiba que há alguns dias o nosso Sol, aquela estrela lá em cima que aparece de dia, que aquece a Terra e a ilumina, está passando por uma série de explosões. Pelo menos, é o que dizem vários sites de notícias pela internet ( http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/881788-explosao-solar-e-misterio-para-ciencia.shtml ) e também é tema de uma matéria da revista Veja desta semana. Bem, pelo que consta no conteúdo destas matérias isso já não é a primeira vez que acontece, e também nem são as mais intensas explosões solares já registradas. O que figura é certa possível interferência em alguns satélites e meios de comunicação em virtude da radiação liberada por estas explosões. Em alguns sites li que uma das explosões registrada nos últimos dias do mês de fevereiro foi uma das maiores já registradas pelos telescópios solares até agora, e que afetou a comunicação dos submarinos. Explosões do tipo podem afetar o sistema de GPS e com isso as máquinas de cartão de crédito que se utilizam do mesmo sistema, a comunicação aérea e até gerar panes elétricas. Bem, para mim, tudo isso vem apenas denotar o quanto é frágil todo nosso sistema, o quanto somos vulneráveis de modo que um simples grão de areia que entrar nessas engrenagens será capaz de parar todo o mundo modernizado. Caso aconteça, por exemplo, de o sol perder energia com as explosões, de se distanciar da terra caso uma explosão dessas interfira em seu estado, ou em último caso caso ele venha a explodir, o que aconteceria conosco? Imagino que seja algo difícil de prever e até imaginar, conjeturo que nada como morrermos de frio, no escuro, ou coisa parecida aconteceria. Seria tema de um dos filmes hollywoodianos facilmente, pois esta idéia estaria presente na mente do Steve Spielberg por exemplo, é só ficção. Qualquer evento que venha interferir na gravidade do sol vai também provocar interferências gerais em todo o sistema solar, o fim seria muito repentino e não traria qualquer chance de escapar ou mesmo tentar se reconciliar com Deus. Não chegariam nem mesmo a ouvir qualquer trombeta.
       É assim, na morte queremos acreditar em Deus, o ser humano precisa dessa defesa. Faz parte da psiquè humana buscar algo que preencha esse vazio que é a morte. Enquanto alguns morrem, e os outros ficam, ainda fica um pouco deste que morre para os outros. Entretanto, quando todos morrem, o que resta? Se você tem medo de morrer absolutamente, não tendo qualquer contato posterior com o que você foi, caindo em um sono sem sonhos, um breu total, pior que um breu total pois não resta nem a consciência de que é um breu total, então, resta acreditar em Deus e na vida após a morte, qualquer coisa do gênero. Agora se você não tem receio algum em desaparecer desse planeta para sempre sem ao menos saber que desapareceu, então, bem, foda-se, pois é exatamente isso que você está desejando a si mesmo e aos demais que já morreram ou ainda vão morrer. A morte é certa, as pessoas realmente morrem, vejo isto quase todos os dias.
       Não sei, parece-me que os gregos tinham uma relação com a morte muito mais madura que a que temos atualmente, não encontramos muitos relatos gregos de vida após a morte, e a civilização grega oriunda por exemplo da Mesopotâmia e do Egito, é uma das civilizações mais antigas do mundo. Os gregos não tinham religião, tinham mitologia. Os Egitos não possuíam também religião, divinizavam um ser humano, que era a figura do Faraó. Os egípcios parece que tinham uma preocupação com o pós-morte em vista de que embalsamavam os seus corpos para conservá-los caso algum dia eles voltassem e precisassem dos mesmos corpos. Já os gregos, o que faziam com os mortos ou o que pensavam a respeito daqueles que morriam? O que dizem é que havia uma certa crença na alma, que sobreviviria ao corpo após a morte, no entanto, ainda parece muito especulativa essa posição, pois parece mais uma manifestação cristã do que realmente grega. É, se o sol se apagar, é melhor você começar a correr e ir estudar a Bíblia, ver logo que tipo de sujeito você precisa ser para entrar no reino dos céus, porque acaso vá para o inferno, seria melhor ter tido um sono sem sonhos. A Bíblia parece ser mesmo a chave, um livro tão antigo, com tantas histórias, tão completo, inicia-se pela criação do mundo, segue pela perdição humana até o resgate do homem por Jesus, e descamba no Apocalipse que muito tem haver com o momento em que vivemos. Nada parecido até agora foi escrito, e ainda por tantos autores! Há realmente contradições entre eles, mas há também certas coisas inexplicáveis, como quando no Antigo Testamento alguém já dá indícios de que virá o Salvador, e no Novo Testamento ele está presente. Outra visão importante a ser considerada é que, por mais que se aponte o Cristianismo como moral do fraco, que tende a impulsionar a humanidade para baixo, os valores pregados por Cristo são valores indubitavelmente humanos, que melhorariam muito o convívio, melhorariam muito o tipo de sujeito que somos, mas é uma pena que o único cristão verdadeiro, o único que conseguiu seguir os preceitos cristãos em seu rigor, foi o próprio Jesus Cristo. Esta semana coloquei a seguinte questão para um amigo teólogo: "Jesus é o caminho da Salvação, nesse caso, como fica o selvagem que mora em meio a floresta e que nunca, mas nunca mesmo viu um outro ser humano, que não um outro selvagem igual a ele? Se perguntarem para ele quem é Jesus Cristo, ele não vai saber nem mesmo pronunciar este nome. Ou também, como fica o indiano pobre, que nasceu e sempre viveu na região mais pobre da India, com outros tantos indianos pobres como ele, e que tem como verdade insondável o Bragavad Gita do hinduísmo, e que jamais topou com outro tipo de conhecimento religiosos e jamais chegou a ouvir o nome de Cristo? Nesse caso, não seria Jesus uma informação?" Ao cabo que ele me respondeu: "com certeza você não é o primeiro a fazer este tipo de questionamento, existe vários livros de teologia sistemática que se ocupam de responder questões desta espécie, eu não sei te dizer qual a resposta para tua pergunta, porque não tenho a resposta para todas as perguntas. O que posso dizer é que ninguém pode se justificar dizendo que nunca ouviu falar em Cristo, no mundo globalizado como está hoje, na quantidade de missionários encarregado de levarem os ensinamentos de cristos a paragens mais longínquas, mais inacessíveis, etc.´" Só um pequeno trecho de meus quase vinte minutos de diálogo com este teólogo. Em post futuro, caso o mundo não acabe, pretendo posta o diálogo inteiro, em vista de eu ter gravado tudo, apesar de que ainda não chegue a receber a aprovação dele. O tal teólogo nem sabe que eu gravei, bemdita modernidade! Por ora, só queria trazer algumas reflexões sobre a forma como as coisas estão em meu espírito, e estas novas explosões solares que iniciam este prolixo texto só vieram a fomentar a necessidade de transmitir estas idéias a vocês. Bom carnaval!
Que Deus os abencoe!...

Igan Hoffman