quinta-feira, 16 de maio de 2013

Skeleton Keys

Andei por trilhos tortuosos, nessa primeira quinzena de maio, em visões rimbaudianas de caos, de interrupção. A vida destituiu-se de sentido, mas não a vida enquanto conceito, mas a minha vida. Perdi-me por alguns dias, algumas horas. De fato, não estava especialmente perdido, estava procurando o tempo inteiro me encontrar. Um reencontro consigo mesmo em vez de quando é necessário. Mas também não sei até que ponto isso possa ter resolvido algo. Estou descrente em relação a mim mesmo. Bom, e se eu mesmo não acredito em mim, a coisa é séria! Já viu autoestima mais baixa? Pode parecer só mais uma crise existencial, uma de tantas outras em todos os meses. Essa languidez que carrego desde os meus quatorze anos de idade, tem suas origens no convívio social e já me trouxe muitos problemas.
 
Vivo de recomeços mesmo, e é sempre um pretexto para tentar se livrar do passado, se livrar do fardo de ser quem se é. Na minha percepção mais sensível, não sou apenas eu dono destes sentimentos, mas nem todos conseguem admitir, e criam mecanismos para ludibriar essa falta de sentido, esse vazio. Afinal de contas, que sentido pode haver para nossas vidas, ainda mais em tempos de pura anarquia!?. Como encontrar o sentido na correria de cada dia, em nossas mentes cansadas, nossos corpos fartos do trabalho, dos peso social, da carga psicológica nossa e dos outros? Tentamos desesperadamente nos agarrar a Deus, único sentido para a falta de sentido. Mas em contrapartida, estamos tão distantes dos princípios do cristianismo.
 
 
Destarte, sem a busca não há sentido. Vai saber se por fim, na morte não estejam mesmo as skeleton keys, como em Jonh Keats. Bem, todos sabem, no fim esperamos pela morte. Em qualquer mitologia e até mesmo na própria tradição cristã a morte enseja a passagem para o novo, para  aquilo que não compreendemos mais. Com efeito, não dá para ficar apenas esperando o advento da morte para só então entender o que se passou e/ou o que virá. Também não parece adequado abreviar a passagem para essa terra adiantando o desvendamento do mistério, sem ao menos saber quais as consequências de tal ato no porvir. Melhor deixar o tempo correr, fugir como manda nossos instintos mais primitivos dos perigos de morte, proteger a vida como nos ensina o cristianismo, apesar de sabermos que a morte pode mesmo ser a chave de tudo, donec aliter provider*.

*até que se proceda diferente.